As compras de US$ 8 milhões da Organização das Nações Unidas (ONU), estão sendo aproveitadas por poucas empresas brasileiras. Anualmente, a ONU faz centenas de licitações em suas 16 agências e compra produtos tão diversos quanto vacinas, anticoncepcionais, veículos, alimentos e até cabos metálicos. É um comprador exigente, mas, em troca, não discrimina pequenas e médias empresas e oferece pagamento garantido, além de algo precioso para os exportadores: pontualidade.
Segundo o diretor do Departamento de Promoção Comercial do Itamaraty, Mário Vilalva, a intenção do governo é fazer uma agressiva campanha de promoção dos produtos brasileiros com os embaixadores do país nas diversas agências das Nações Unidas. "Estão instruídos a cobrar, sempre que houver oportunidade, maior participação do Brasil nas licitações da ONU".
Embora a ONU faça todas as compras por licitação e segundo rígidos critérios técnicos, o lobby político tem utilidade para os empresários, como lembrou Canteiro, da Engeflex. "As empresas só são autorizadas a exportar após vistoria enviada pela ONU e, no nosso caso, a pressão de nosso embaixador foi fundamental para que viessem aqui, em 2003", contou.
Do total de compras feitas pela ONU, fornecedores brasileiros participam com pouco mais de 1%, a maioria em vendas no país mesmo, para programas e convênios com o governo brasileiro. Até 2004, só quatro empresas brasileiras estavam cadastradas no UN Global Market Place, o seletivo catálogo de fornecedores mantido pela ONU e consultado pela maioria das agências (algumas mantém cadastros próprios) para uso nas licitações. Uma campanha do Itamaraty de divulgação desse mercado elevou esse número para cerca de 340 neste ano.
Uma das empresas que descobriram a ONU antes da ação do governo, a Serlac, trading especializada em lácteos, começou, com fornecimentos embarcados ao Iraque em 2003, a vender leite em pó para os programas de alimentos da ONU, em negócios que renderam US$ 22 milhões entre 2004 e 2005, quase um terço de suas exportações totais nesse período.
O leite fornecido pela Serlac é da Itambé, que destinou ao negócio entre 5% a 10% do leite em pó para exportação da empresa. "Não é um comprador constante, mas tem importância em nossa estratégia de diversificação", resumiu o gerente de exportação da Itambé, André Luiz Massote.
Além de histórico detalhado e referências, a ONU costuma exigir das empresas um "performance bond", título bancário de garantia que assegura indenização em caso de descumprimento de contrato pelo exportador. É uma exigência cumprida só por empresas de maior porte ou com bom relacionamento bancário.
As informações são de Sérgio Leo, para o jornal Valor.
Serlac: um terço das exportações para ONU
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