A associação russa da indústria de lácteos, Soyzmoloko, pediu ao governo que se abstenha de proibir a entrada de caminhões europeus, o que está sendo discutido pelas autoridades russas e bielorrussas.
Em 8 de abril de 2022, a UE adotou a quinta ronda de sanções que introduziu novas medidas setoriais contra a Rússia e a Bielorrússia, incluindo a proibição total dos operadores rodoviários de mercadorias russos e bielorrussos que trabalham na Europa. Autoridades do governo russo prometeram responder com “sanções espelhadas”, que devem envolver algumas restrições aos caminhões europeus que cruzam as fronteiras russa e bielorrussa.
No entanto, as empresas de laticínios temem que as novas restrições possam isolar quase que completamente a indústria de lácteos russa. “No contexto do tempo limitado necessário para a rápida importação para o território russo de máquinas, equipamentos, peças sobressalentes, consumíveis e componentes de embalagem contratados usados na indústria de laticínios, a proibição da entrada do transporte europeu de mercadorias causará custos adicionais e aumentará a carga sobre os negócios, que já estão passando por dificuldades devido à pressão das sanções”, disse Artem Belov, presidente da Soyzumoloko.
As sanções ocidentais impostas à Rússia em 2022 prejudicaram todo o sistema de logística, disse Vitaly Saveliev, ministro dos Transportes russo, durante uma entrevista coletiva em 21 de maio, acrescentando que o país precisa procurar novas rotas logísticas para obter equipamentos e commodities muito necessários no mercado mundial.
Novos projetos comprometidos
As novas sanções e a crise logística já colocaram um ponto de interrogação em torno do fornecimento de equipamentos para empresas de laticínios russas e comprometeram novos projetos no setor, disse Belov. “Agora, esses riscos são bastante significativos. A indústria não enfrentou esse desafio nos últimos 20 anos”, disse Belov.
Conforme estimado por Belov, a indústria de laticínios russa tem uma extensa dependência de uma ampla gama de produtos e tecnologias de outros países. Em 2021, 60% de todas as importações da indústria de laticínios russa vieram de outros países. No segmento de máquinas e equipamentos esse número é de 70%, nos ingredientes e matérias-primas – 66%, embalagens – 53% e peças de reposição – 62%.
Várias empresas de laticínios na Rússia estão alarmadas com os problemas de compra e manutenção de equipamentos estrangeiros devido às sanções ocidentais. Yury Okunev, diretor da produtora de lácteos russa Talitskoye Moloko, estimou que os custos de produção da empresa devem aumentar em 20% devido aos problemas com equipamentos importados. Soyzumoloko espera que a maioria dos problemas do setor desapareçam em 2023, disse Belov.
As informações são do Dairy Global, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.