RS: indústria pede qualidade para eqüalizar preços

Em reunião entre a Comissão do Leite da Fetag, o Sindilat e o Conseleite, em Lajeado (RS), a indústria gaúcha defendeu uma melhoria na qualidade do leite para reduzir a diferença entre os valores pagos ao produtor.

Publicado por: MilkPoint

Publicado em:

Ícone para ver comentários 1
Ícone para curtir artigo 0

Em reunião entre a Comissão do Leite da Fetag, o Sindilat e o Conseleite, em Lajeado (RS), a indústria gaúcha defendeu uma melhoria na qualidade do leite para reduzir a diferença entre os valores pagos ao produtor.

Segundo a Fetag, foram dados os primeiros passos para que as próprias indústrias discutam a questão da discrepância de preços. "Existem grandes diferenças entre o menor e o maior valor pago, o qual oscila entre R$ 0,30 a R$ 0,60", observou o diretor tesoureiro da entidade, Amauri Miotto.

Segundo reportagem do Correio do Povo/RS, o assunto voltará à pauta hoje, em uma reunião do Sindilat e, no dia 23, no Conseleite.
Ícone para ver comentários 1
Ícone para curtir artigo 0

Publicado por:

Foto MilkPoint

MilkPoint

O MilkPoint é maior portal sobre mercado lácteo do Brasil. Especialista em informações do agronegócio, cadeia leiteira, indústria de laticínios e outros.

Deixe sua opinião!

Foto do usuário

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração.

Fernando Bueno Simões Pires
FERNANDO BUENO SIMÕES PIRES

SANT'ANA DO LIVRAMENTO - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/11/2006

Sou produtor de leite em Livramento, desde 1988, e produzimos 1800 litros/dia. Tenho acompanhado todos os assuntos referentes à preocupação pela qualidade do leite. Sócio de cooperativa desde 1995, já há tempo buscamos cada vez mais uma melhor qualidade no leite produzido.

Sabemos da importância disto, tanto para o produtor como para o consumidor e para a indústria. Entretanto, o consumidor não tem a menor noção do que é qualidade do leite, basta ir a um supermercado e perguntar a ele. Algum instituto de pesquisa faz, ou fez alguma vez? Quanto à indústria, ela deve buscar qualidade somente para melhorar a duração e o rendimento da matéria-prima dentro da mesma.

Para quem tiver dúvidas sobre esta afirmação, é só se informar o quanto a qualidade do leite representa, em porcentagem, no preço final pago ao produtor. É bem fácil. Como comercializamos mais de 50.000 litros por mês, atingindo a pontuação máxima, somos bonificados com R$ 0,0525/litro, o que corresponde a exatos 10,5% do preço final. O restante, 89,5%, é pago pelo "branco"- leite! Incluído aí o volume.

Investimos cada vez mais em qualidade (células somáticas baixas, inclusive na escolha do sêmen dos reprodutores; rigorismo no controle da mamite e outras doenças contagiosas; vacinação correta do rebanho; manejo; pessoal; pastagens; instalações; eliminação de vacas problemas; treinamento de pessoal, etc) para receber, pela qualidade, apenas 10,5% do preço final?

E sei de cooperativas e outras indústrias onde a remuneração pela qualidade é ainda menor. Não sou contra a busca da qualidade no leite, ao contrário, acho que as exigências deveriam ser maiores. Entretanto, só se discute o lado da indústria. E a remuneração pelo produto de qualidade? E a coleta do "branco" por este Brasil afora? E o "marketing" sobre o leite e principalmente sobre sua qualidade? Nada! E o produtor? Que vire as costas para a cidade e vá para sua propriedade, produzir cada vez mais, e melhor, e como as indústrias (e não o consumidor, que só quer preço e promoção - mas não deixam de tomar seu refrigerante, sua pinga, sua cerveja, e comer seu salgadinho) exigirem.

Sem falar nos supermercados, talvez o maior filão em toda a cadeia do leite. Um dia, não sei quando, nós produtores acordaremos, e olharemos o negócio "leite" como qualquer outro, com duas vias, sem esperar o final do mês para saber a quanto entregamos, por trinta dias, nossa produção.
Qual a sua dúvida hoje?