RJ: CCPL enfrenta nova crise

A Cooperativa Central dos Produtores de Leite (CCPL), reativada em março de 2006 após recuperação judicial, perdeu a única fonte de crédito disponível para financiar a diversificação de linha de produtos lácteos, necessário para dar viabilidade econômica à empresa.

A cooperativa utilizava fundo de R$ 4 milhões, criado pelo Governo do Rio, mas o fundo expirou em 31 de dezembro. Segundo o diretor comercial da CCPL, Paulo Renato Marques, o negócio vai tornar-se viável apenas com investimentos em lançamento de produtos, o que inclui aporte em equipamentos.

Marques diz que será preciso ocupar de 80% a 90% da capacidade da fábrica de São Gonçalo (RJ) para obter viabilidade econômica, e isso virá com a ampliação do mix, o que demanda novo aporte de recursos. A fábrica produz cerca de 5 milhões de litros por mês, e tem capacidade para 15 milhões de litros mensais. A expansão passaria pelo lançamento de creme de leite, requeijão e leite condensado, além de queijos minas e mussarela.

A CCPL entrou em recuperação judicial em 2002, quando a dívida trabalhista, tributária, com fornecedores e com instituições financeiras acumulou R$ 150 milhões. Com a dívida, que se prolonga, a empresa não consegue obter financiamento com bancos públicos ou privados e é pouco atrativa para investidores.

Marques se reuniu na última terça-feira com o secretário de Agricultura, Abastecimento, Pesca e Desenvolvimento do Interior do Rio, Christino Áureo, sugerindo a criação de novo fundo de crédito tributário especial. Áureo diz que o pedido será encaminhado à área jurídica do governo do Rio de Janeiro, e que a empresa está renegociando dívidas. "Cabe agora a ela e às 16 cooperativas que são suas proprietárias buscar crédito", disse Áureo.

A empresa pretendia encerrar 2006 com produção de 350 mil litros de leite por dia, o que equivale a 10,5 milhões de litros mensais.

Apesar da falta de recursos para diversificação, a CCPL pode tornar-se neste ano a segunda marca de leite UHT mais consumida no mercado do Rio, superando a Parmalat.

As informações são de Bruno Villas Bôas para o Jornal do Commercio.