Queijos: mercado estável, mas com tendência de alta

Como a maioria dos produtos derivados de leite, os queijos estão com uma tendência de alta de preços para os próximos meses. O mercado desses produtos segue estável, em função de um equilíbrio entre a oferta e a demanda, mas já se espera um aumento de 20% nos preços nos próximos 60 a 90 dias.

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Como a maioria dos produtos derivados de leite, os queijos estão com uma tendência de alta de preços para os próximos meses. O mercado desses produtos segue estável, em função de um equilíbrio entre a oferta e a demanda, mas já se espera um aumento de 20% nos preços nos próximos 60 a 90 dias, segundo Luiz Fernando Esteves Martins, dono da Barbosa e Marques (Queijos Regina).

A informação coincide com o que falou Marcel Scalon, do Scala, para quem tanto a procura quanto a oferta de queijos não são muito grandes, caracterizando mercado estável.

No final do ano passado, mais precisamente a partir de novembro, os valores do queijo no atacado tiveram um declínio em virtude de um aumento de oferta desse produto, dada a maior disponibilidade de leite nas principais regiões produtoras. Isso é normal para o período, tendo em vista que os valores do leite tendem a ser menores com o aumento da produção e redução da procura. De lá para cá, houve leve recuperação no início de 2007, que, segundo Cícero de Alencar Hegg, diretor da Queijos Tirolez, não foi suficiente: "os valores estão muito aquém do que deveriam", reclama.

Para Hegg, a tendência de alta de queijos em função dos preços do leite, na realidade, deverá vir para recuperar os patamares normais dos queijos, não representando assim uma elevação propriamente dita de preços. Para ele, os preços também deverão aumentar entre 15% e 20% nos próximos meses.

Vale ressaltar que o otimismo quanto à alta dos preços do leite é observado em função da elevação dos preços internacionais do leite em pó, que estão alcançando preços recordes, e do aumento do custo de produção de leite, em virtude principalmente do aumento de preços de grãos.

Uma das preocupações do setor para Hegg é que os preços dos queijos não estão acompanhando nas mesmas proporções a alta do leite e do leite em pó, encarecendo o custo de produção do setor queijeiro.

O Gráfico 1 apresenta a evolução de margem estimada obtida pelos produtores de queijo considerando os custos com a matéria prima (10 litros de leite para a fabricação de 1 quilo de queijo mussarela, utilizando valores do litro do leite do Cepea/USP) e os preços vendidos no atacado, no caso, de São Paulo. O IEA (Instituto de Economia Agrícola) não divulgou o valor referente ao mês de fevereiro de 2007, e, portanto, foi projetado R$ 7,75/kg no atacado para aquele mês, mantendo o valor de janeiro.

Gráfico 1. Evolução da margem entre o custo de matéria-prima (leite) para a fabricação de queijo mussarela e o preço deste produto no atacado de São Paulo.

Figura 1

Observa-se que a margem esteve maior enquanto os valores da matéria-prima estiveram relativamente baixos. O melhor momento ocorreu entre outubro de 2005 e março de 2006, fruto dos preços mais baixos da matéria-prima. Durante o primeiro semestre de 2006 a margem obtida entre custos e valores recebidos pelos queijos esteve acima da verificada no mesmo período do ano anterior. Caso o aumento do preço de queijos mussarela no atacado seja proporcionalmente inferior ao aumento do preço do leite, é esperado que a margem calculada tenha uma redução.

Segundo o novo relatório do USDA, a projeção para a produção de queijos no Brasil em 2007 é de aumento de 2%, passando de 495 mil toneladas em 2006 (dados preliminares) para 505 mil toneladas neste ano. O consumo de queijos no país deverá obter um acréscimo de 2,24%, passando de 490 mil toneladas para 501 mil toneladas. As importações desse produto deverão se manter em 3 mil toneladas, enquanto se espera uma redução das exportações, segundo o USDA, de 8 mil toneladas para 7 mil toneladas. Observa-se que tanto as compras externas como as vendas tem sido pouco expressivas no mercado brasileiro.

Aline B. Ferro, da Equipe MilkPoint.
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Marcelo Ermini
MARCELO ERMINI

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 14/03/2007

Ano após ano vemos este sobe desce de preços, influenciados por alta nos custos das matérias-primas e nos insumos. Mesmo com o trabalho realizado por parte das indústrias e pela própria ABIQ, que tem procurado incentivar o consumo de queijo pelo brasileiro, ainda estamos muito abaixo do real potencial de consumo em nosso país.

O produto importado até tem estimulado o desenvolvimento de novos nichos e segmentos, mas não o suficiente, pois com a falta de cultura de consumir produtos muito diferenciados, o impactado gerado com as abusivas verbas contratuais cobradas pelas grandes redes de supermercados e ainda a informalidade em alguns mercados, faz com que atuar neste mercado só pode ser fruto da "paixão" de empresários e especialistas no tema.

O produto é sim apaixonante, ninguém consegue largar, a literatura sobre o tema infinita, mas pouco se vê de força conjunta para que sejamos um país competitivo internacionalmente e com um grande mercado interno. Quando será o momento de nos espelharmos em exemplos como os da Arla Foods Dinamarquesa, que com a decisão de unificação e trabalho conjunto, anos atrás, focado em tecnologia e diferenciação, transformaram o pequeno país em um dos maiores produtores e exportadores do mundo?

A ABIQ tem feito seu trabalho, mas sem o envolvimento dos produtores e indústrias, deixando de lado diferenças e investindo no desenvolvimento do mercado, pouco teremos de resultado. Não podemos nos esquecer do governo que, se não sabe como ajudar, tenho certeza que muitos poderão lhe oferecer sugestões. Temos que juntos, produtores, indústrias, distribuidores, empresas especializadas, criar um projeto de inclusão do nosso delicioso queijo no cardápio do congresso e do planalto. Quem sabe assim tenhamos oportunidades de discutir os grandes momentos do produto e não só o sobe e desce dos preços com apertos maiores ou menores nas margens.
PAULO AFONSO VIEIRA
PAULO AFONSO VIEIRA

GOIATUBA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/03/2007

Considerando toda a cadeia produtiva do agronegócio, acredito eu que a produção de leite é a atividade que tem a menor rentabilidade líquida. Essas altas que estão acontecendo na nossa atividade, servem pelo menos para cobrir a alta no custo de produção de rações e concentrados. Amém.
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