Produtores de queijo artesanal de Porteirinha, no Norte de Minas, têm buscado junto à Prefeitura Municipal um selo de certificação importante para que o produto tenha valorização junto ao mercado. Os cerca de 150 fabricantes do derivado do leite precisaram dar a volta por cima depois de a vigilância sanitária ter ameaçado fechar pontos de produção de laticínios por descumprimento de normas de higiene, em 2014. Desde então, o trabalho para capacitar a classe não parou e a iniciativa do selo surgiu para estimular que a qualidade seja um padrão da cidade.
O queijo porteirinhense tem ganhado espaço e proporcionado mudanças na vida de muitas pessoas. Há dois anos, a Rubnei dos Santos, moradora da comunidade de Tamboril, em Porteirinha, deixou o serviço público pra se dedicar a vida no campo. A principal atividade dela é a produção de queijo artesanal. E para fabricar o produto dentro dos parâmetros exigidos pela vigilância sanitária, ela precisou se capacitar.
Queijo fabricado no Norte de Minas pode ter certificação de qualidade e chegar a mais mercados — Foto: Reprodução/ Inter TV
“Sempre que temos oportunidade, não só as esperamos aparecer, mas as buscamos. Nós já tivemos a oportunidade de visitar produtores da Canastra que estão há mais tempo e têm maior conhecimento. Por mais que não produzimos o mesmo queijo, devido a outros fatores envolvidos, queremos atingir um padrão”, afirma a produtora.
Hoje, a produtora tem toda a estrutura necessária para produzir e comercializar seus queijos. “A gente tem um bom produto para oferecer no mercado, buscando agregar valor e nos preparar. Temos um pequeno espaço físico e estamos buscando reformas e melhorias”, comenta Rubnei.
A Rubnei é um bom exemplo de que o queijo de Porteirinha é grande em potencial. Pensando nisso, a Prefeitura criou mecanismo para incentivar os produtores. Hoje, eles integram a Associação de Produtores de Queijo, e precisam se estruturar para receber o selo de qualidade fornecido pelo município.
“O queijo de qualidade ajuda a atrair clientes. Porteirinha tem motivo para isso. O poder público acabou assumindo essa responsabilidade, sabendo da importância que tem o leite e derivados para a cidade e região”, afirma o prefeito Silvanei Batista.
De acordo com o executivo, são pelo menos 152 produtores de queijo, 2.032 produtores de leite e a economia da cidade também depende da fabricação dos produtos. “Criamos o selo de inspeção municipal da cidade porque é o primeiro passo para regularização. Hoje já temos 36 produtores com selo e 35 regularizando, em andamento. O selo traz garantia para comercializar”, explica Batista.
Certificação
São muitos os exemplos de produtores que apostaram no aprendizado para fortalecer a marca. A produtora rural Maria da Saúde é uma das mais antigas de Porteirinha na lida com o leite e com o queijo. Ela trabalha com a fabricação há mais de 40 anos e, ainda assim, precisou se capacitar para atender as exigências do mercado.
“Quando as pessoas exigem mais, a gente procura se aperfeiçoar mais. Toda vida minha vontade era de ter uma coisa mais organizada e legalizada", diz. A Saúde se especializou na produção de queijo trança, bolinha, e muçarela. Ela tem o próprio gado leiteiro, e com uma ordenha diária, consegue produzir uma média de 80 quilos de queijo por semana, que são comercializados em cidades do Norte de Minas.
O Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG), em parceria com a Prefeitura de Porteirinha, percebeu o potencial e passa a oferecer o curso de produção de queijo. A professora, Eduarda Barbosa Santos, explica que a capacitação pode ajudar muito.
“Com esse curso os alunos serão capazes de identificar as boas práticas da ordenha, como obter leite de procedência e de qualidade, fabricar queijos com higiene pessoal e higiene de equipamentos, então a gente aborda todo conteúdo desde a matéria-prima, a alimentação do gado, o que vai influenciar na qualidade do produto até a fabricação dos queijos”, afirma.
O IFNMG pretende ainda expandir o curso e levar a capacitação a mais locais. “Já fizemos reuniões com algumas prefeituras e lideranças sindicais de municípios. Eles acharam bastante interessante a ideia e também querem levar a outros municípios, ofertar cursos para suas cidades. Vamos viabilizar para que possamos chegar até mais pessoas”, comenta Wilney Fernando Silva, diretor de ensino Do IFNMG.
Mais informações sobre a produção do queijo artesanal de Porteirinha e sobre o curso oferecido pelo IFNMG podem ser acessadas pelo telefone (38) 38311297.
As informações são do portal G1, adaptadas pela Equipe MilkPoint.