O aumento dos custos com a alimentação e o manejo do gado bovino derivado da desvalorização da moeda e da baixa no preço internacional do leite, coloca os produtores mexicanos diante de um panorama sombrio e, inclusive, sob o risco de deixar de produzir. Apesar dos benefícios citados pelo presidente, Enrique Peña Nieto, com relação à Parceria Trans-Pacífico (TPP), a indústria de lácteos vê uma ameaça, considerando que o setor primário tem sido mais uma vez utilizado como moeda de troca.

Existem hoje no México 250 mil produtores, dos quais 97% têm menos de 100 vacas, localizados principalmente no centro-oeste, assim como no sul do país. De acordo com a Federação Mexicana de Lácteos, nos últimos 10 anos, outros 250 mil produtores desapareceram diante da incapacidade de se sustentar. No país, são produzidos 30 milhões de litros diários de leite em média, dos 40 milhões de que consomem, de forma que as importações poderiam afetar mais a indústria diante da inequidade que representaria a TPP.

“Lamentavelmente, assinamos tratados de livre comércio com uma infinidade de países e os mais prejudicados somos nós, do setor primário, que temos sido moeda de troca. Em países como Nova Zelândia e Austrália, o que é feito quando sobra produto? Subsidiam os produtores. Aqui, não”. “Tem caído o preço do leite no México de forma alarmante”, disse o presidente do Conselho Regional Agropecuário da Comarca Lagunera, Valdés Berlanga.

O presidente da Federação Mexicana de Lácteos, Vicente Gómez Cobo, explicou que 80% dos insumos estão cotados em dólares, enquanto que a desvalorização de 20% tem impactado em 16% no custo da produção. “Antes, o preço do leite ao produtor era de 42 centavos de dólar; agora, são 30 centavos. Além do aumento dos custos, temos uma queda nos preços. A situação é muito complicada, porque é necessário resolver toda semana os gastos de operação”. Ele solicitou que as autoridades acelerem o passo para evitar que os produtores sigam desaparecendo. Uma das ações é que a Secretaria de Economia não permita a entrada de produtos abaixo do custo de produção nacional.

“Nós não temos as mesmas condições que os produtores de outros países com os quais temos comércio têm. Por exemplo, os americanos têm um seguro à margem, que em uma situação como a que estamos vivendo, de baixa no preço do leite e aumento no custo de produção, compensa as perdas”.

Os produtores demandam que investimento sejam feitos no setor assim como foram feitos em outros países nos últimos 30 anos, objetivando o fomento da produção de leite e o comprometimento das secretarias competentes.  O custo de produção de leite no México, embora dependa da qualidade do produto e do teor de sólidos, está entre 5,50 e 6,50 pesos (US$ 0,33 e US$ 0,39), dependendo da região do país e do sistema de produção. Ao mesmo tempo, o preço do leite está entre 4,00 e 6,50 pesos (US$ 0,24 e US$ 0,39) ou seja, cada vez que o produtor vende um litro, ele pode perder até 1,50 pesos (US$ 0,09). É por isso que muitos vêm vendendo parte de suas vacas para o abate com o intuito de recuperarem suas perdas, porém, isso pode levar à uma redução da capacidade produtiva.

Visto que a Rússia deixou de comprar leite de alguns países, como os europeus, o preço internacional está em baixa. Nos Estados Unidos e na Nova Zelândia, começou a sobrar leite. A China também reduziu as compras por estar com estoques altos. Já que as indústrias se baseiam nessa conjuntura de mercado, vem havendo uma quebra de produtores mexicanos de leite. 

Em 26/10/15 – 1 Peso Mexicano = US$ 0,06024
16,5887 Peso Mexicano = US$ 1 (Fonte: Oanda.com)

As informações são do www.publimetro.com.mx.