Sediada em Patrocínio, cidade com população estimada de 90 mil habitantes a 420 quilômetros de Belo Horizonte (MG), a plataforma de investimentos Campo Capital P2P quer garantir mais crédito para a produção rural sustentável no país.
A ideia é conectar investidores a empreendedores rurais considerados ambientalmente responsáveis, com aportes a partir de R$ 5 mil. Em menos de um ano de operação, intermediou R$ 2,4 milhões para quatro fazendas, por meio de 120 investidores. “Selecionamos os fazendeiros por meio da projeção de performance e de critérios ESG. Quanto mais sustentável, mais desconto ganha no crédito concedido”, explica Isadora Caixeta, diretora comercial que dirige a empresa com as sócias Bruna Aguiar e Rafaela Caixeta, todas nascidas em Patrocínio – também conhecida pela alta produção de leite e café da espécie arábica. Feita a análise de crédito e comprovada a capacidade de pagamento, os produtores podem captar recursos a partir de R$ 200 mil, explica.
Em junho de 2021, a empresa fez as primeiras operações para testar a aderência do mercado. Captou R$ 1,3 milhão para duas fazendas de café, separadamente, por meio do aporte de 79 investidores. “A partir daí, iniciamos o desenvolvimento de mais tecnologia para escalar os investimentos.”
Em abril, lançou uma plataforma em que qualquer pessoa pode se cadastrar, conhecer a fazenda “em captação”, os proprietários, critérios de sustentabilidade e imagens de satélite do local. O sistema acumula um cadastro com 350 usuários, com tíquete médio de R$ 20 mil por aporte. “Desde o lançamento, financiamos mais duas fazendas, liberando R$ 1,1 milhão em crédito”, diz.
Os recursos foram direcionados para a instalação de placas de energia solar em uma propriedade de café e leite e para um negócio com quatro selos de produção orgânica – brasileiro, japonês, europeu e americano – além da Rainforest Alliance, certificação socioambiental global.
De acordo com a executiva, 40% dos investidores são iniciantes, de perfil conservador, que se interessam pelo agronegócio responsável por terem entendimento do risco, em um produto destinado às suas próprias comunidades. Os outros 60% são de aplicadores mais arrojados, moradores das capitais, que desejam alocar parte da carteira em uma renda fixa ESG.
No modelo de negócio da Campo Capital, o investidor tem taxa zero e quem paga pela operação é o produtor rural, na forma de taxa de serviço proporcional ao valor captado. A rentabilidade varia de acordo com o risco de cada operação. Em relação aos tomadores de crédito, são produtores de porte médio a grande, o que corresponde à entrega, por exemplo, de duas mil a 20 mil sacas de café por safra. “São, na maioria, fazendas dirigidas pela geração ‘millennial’ que assumiu parte das decisões estratégicas junto aos pais, com vivência em práticas de sustentabilidade para tomar decisões”, detalha.
A expectativa das sócias é atingir um total de captação de R$ 11 milhões e faturar R$ 600 mil, em 2022. A empresa finaliza uma rodada de investimento anjo de R$ 500 mil, que deve ser utilizada em tecnologia e contratação de mais pessoas.
As informações são do Valor Econômico, adaptadas pela equipe MilkPoint.
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