Pesquisa aponta vantagens da microfiltração de leite

O pesquisador Manuel Carmo Vieira, do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Laticínios do Instituto de Tecnologia de Alimentos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (Tecnolat/Ital), concluiu que implantar no País a tecnologia de microfiltração do leite - que retira quase a totalidade dos microorganismos sem submetê-lo a altas temperaturas - é viável economicamente e resulta em um produto diferenciado, com sabor e propriedades nutricionais distintas dos comumente encontrados.

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O pesquisador Manuel Carmo Vieira, do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento de Laticínios do Instituto de Tecnologia de Alimentos da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo (Tecnolat/Ital), concluiu que implantar no País a tecnologia de microfiltração do leite - que retira quase a totalidade dos microorganismos sem submetê-lo a altas temperaturas - é viável economicamente e resulta em um produto diferenciado, com sabor e propriedades nutricionais distintas dos comumente encontrados.

Os profissionais do centro trabalham, desde 2004, com pesquisas em microfiltração, largamente utilizada em alguns países da Europa. A tecnologia utiliza membranas semipermeáveis, espécies de filtros, que podem ou não ser combinadas a um tratamento térmico brando.

Estudos indicam que a ampla utilização da microfiltração em países como a França pode ser explicada por uma rejeição do consumidor ao sabor dos leites que passam por processos de aquecimento acentuado, como os UHT. "Como no Brasil o consumidor está habituado a esse sabor, a aceitação do microfiltrado depende de um resgate do apreço pelo gosto do leite cru", considerou o pesquisador.

Um atrativo pode ser o aspecto nutricional: como as membranas semipermeáveis retêm os microorganismos sem utilizar tratamentos térmicos agressivos, as proteínas e vitaminas são mantidas, preservando-se as propriedades nutricionais. "Esses são os dois grandes apelos do leite microfiltrado", afirmou Vieira. Há a possibilidade, ainda, de a microfiltração ser aliada a um tratamento térmico mais brando, aproveitando as potencialidades de cada uma das tecnologias.

O equipamento necessário para o leite UHT é mais caro do que o empregado na microfiltração (pode ser aproximadamente 150% maior), embora este último tenha que ser importado. Por outro lado, o leite microfiltrado necessita de refrigeração durante a armazenagem e distribuição, enquanto o longa vida pode ficar em temperatura ambiente. A conclusão, que apontou a viabilidade da implantação da tecnologia de microfiltração no país, demonstrou ainda que unidades industriais que produzem leite microfiltrado são tão lucrativas quanto aquelas que produzem leite UHT.

No entanto, o pesquisador alertou que se algum laticínio se interessar em implantar a microfiltração terá de ter a consciência de que, durante os primeiros meses ou o primeiro ano, terá que fazer um trabalho de marketing.

As informações da assessoria de comunicação da Secretaria de Agricultura e Abastecimento e do Ital.
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Francisco de Assis Perazzo
FRANCISCO DE ASSIS PERAZZO

JOÃO PESSOA - PARAIBA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 16/01/2008

Atual e coerente as informações sobre a microfiltração de leite. Ao lado dos laticínios utilizarem tal tecnologia, torna-se imperativo, ao nosso ver, um trabalho constante de melhoria da qualidade junto aos produtores.

Gostaria de obter maiores informações sobre a microfiltração.
Wilmar Krüger D´Almeida
WILMAR KRÜGER D´ALMEIDA

CURITIBA - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 22/12/2007

Parabenizar pesquisador Manuel C. Vieira , na busca de alternativas para a inocuidade de nossos produtos lácteos, mas com a menor interferência possível no seu valor nutricional, a exemplo de processamento por temperaturas elevadas.

Concordo plenamente com a opinião de outros colegas sobre a importância na busca de se manter a qualidade do leite (qualidade não se acrescenta, mas se mantém), na obtenção de um controle sanitário imprescindível, no cuidado de sua extração ou ordenha, bem como de seu aramazemento.

Sabemos do valor nutricional insubstituivel do leite ao ser humano. Para que isto seja plenamente conhecido por nós consumidores e demais autoridades de saúde humana, deveremos conquistar, reconquistar confiança, não só com um produto segura e inócuo, mas sobretudo na preservação de seu valor nutricional, obtido com um leite que não tenha necessidades de grandes processamentos (a exemplo do calor), e caso necessário, o uso da tecnologia exposta, que demonstra uma maior possibilidade da manutensão da sua qualidade.
Faquini
FAQUINI

CURITIBA - PARANÁ - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 21/12/2007

Os pesquisadores das instituições governamentais devem descer do pedestal e do pódio aonde estão, e conhecer a realidade da cadeia produtiva da agricultura e pecuária em nosso país.

Temos produtores altamente profissionais e qualificados, que são os melhores do mundo, mas a grande maioria são produtores em pequena escala, muitos produzem 5 a 50 litros de leite, e não têm como possuir um tanque de coleta a granel individual. Esta situação força a estocagem de leite em tanques comunitários, muitas vezes com 30, ou produtores, transformando o tanque comunitário em uma pequena unidade de captação, porém sem monitoramento adequado, aonde está o Ministério da Agricultura nesta situação? Não está, ele não reconhece o tanque comunitário como sendo uma pequena unidade de captação, a responsabilidade mais uma vez recai sobre a Indústria.

A Indústria Laticinista não é retrograda e ignorante, para desprezar as Tecnologias de Processamento de Alimentos, e as vantagens e ganhos obtidas com as mesmas, porém temos que ser realistas, pois conhecemos os problemas da cadeia produtiva a fundo, e sabemos de sua complexidade.

Nâo é colocando um equipamento de microfiltração, que a qualidade do leite no Brasil vai melhorar, temos que trabalhar na prevenção, e não somente na correção.

Outra questão é a incoerência da fiscalização, existem 3 níveis de inspeção no Brasil para Laticínios:

SIF - Inspeção Federal, a que atua de modo constante e permanente, onde todas as grandes empresas estão situadas.

SIE - Serviço de Inspeção Estadual, sem atuação de um fiscal fixo, inspeção menos frequente, teoricamente o produto vendido só poderia ser comercializado dentro do estado aonde está localizado.

SIM - Serviço de Inspeção Municipal, por incrivel que pareça, ainda tem a possibilidade de ter um registro "municipal", como se desse para acreditar um Laticínio, mesmo que seja uma pequena fábrica de queijos, irá comercializar seus produtos somente na cidade que está localizado.

Se queremos melhorar a realidade da qualidade dos alimentos de origem animal processados e comercializados em nosso país, temos que encarar os problemas atacando pelas causas e não pelas consequências, e deixar o cinismo e a hipocrisia de lado, que estes ficam para os políticos.

Atenciosamente,
Leonardo Faquini
Selene Benevides
SELENE BENEVIDES

FORTALEZA - CEARÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 20/12/2007

Gostaria de parabenizar ao pesquisador Manuel Carmo Vieira pelo trabalho que vem desenvolvendo.
Sabemos que qualquer tecnologia à ser empregada, pode causar polêmica em alguma parte "interessada", pois sempre algum integrante da cadeia se sentirá "afetado".
Entretanto, acredito que qualquer empenho na melhoria da qualidade do setor lácteo, deve ser bem vindo, diante aos últimos acontecimentos, o que mostrou não ser o real problema somente no campo.
Para a implantação da microfiltração vir a "mascarar" a real qualidade do leite in natura, teria que ser revista toda a cadeia, pois existem meios de não deixar que isso aconteça, através da implantação de programas de qualidade e a consciência de cada interessado/envolvido no setor.
Sabemos também que quando os interessados "querem" fazer algo para alavancar o setor, as coisas acontecem, assim como os que não "querem" que aconteça, também sabem fazer por onde.
Portanto, para aqueles que acreditam no sucesso da tecnologia para a melhoria do setor, que façam a sua parte, isto inclui, governo, orgãos de fiscalização, pesquisadores, produtores, industriais entre outros.
Para os produtores, o mínimo, que seria implantar os requisitos básicos higiênicos para obtenção da matéria prima com qualidade, o que aliás é exigido por legislação há muito tempo; para os industriais que saibam como selecionar seus fornecedores, buscando meios para fazer valer o pagamento por qualidade, além de implantarem sistemas de qualidade e utilizarem as melhores tecnologias; para os orgãos de fiscalização, que exerçam seu exercício, seja junto aos produtores, aos industriais ou qualquer setor envolvido; aos pesquisadores, que continuem contribuindo para a melhoria do setor e continuamente ao consumidor, que seja cada dia mais exigente e que saiba avaliar as melhorias do produto a ser consumido.
Selene Daiha Benevides
Pesquisadora da Embrapa Caprinos - Segurnaça dos Alimentos/Tecnologia do leite de cabra e derivados
Eduardo Mesquita Freire
EDUARDO MESQUITA FREIRE

BARRA DO GARÇAS - MATO GROSSO

EM 20/12/2007

Como mencionado no texto, o leite microfiltrado necessita de ser mantido sob refrigeração após o resfriamento, com isto ele não poderia ser comparado com o leite UHT, uma vez que este apresenta a "grande vantagem" de poder ser armazenado sem refrigeração.

Seria mais prudente, no referido estudo, comparar o valor de implantação de uma unidade de microfiltração com uma unidade de pasteurização de leite, pois o leite microfiltrado ocuparia o mesmo nicho de mercado do leite pasteurizado.
guilherme tosetto
GUILHERME TOSETTO

SÃO PAULO - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 19/12/2007

Concordo plenamente com o que disse o sr. Leonardo. Se o intuito é a melhoria da qualidade do leite, isso deve ser implantado E FISCALIZADO em toda a cadeia produtiva do leite, ou seja, desde a ordenha até a industrialização.
Não basta fiscalizar apenas as indústrias.
Faquini
FAQUINI

CURITIBA - PARANÁ - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 19/12/2007

A tecnologia de Microfiltração é altamente interessante e viável, porém sua implantação deve ser estudada com cuidado, pois na maior parte de nosso país, o leite apresenta carga bacteriológica elevada ( grau de profissionalização dos produtores muito baixo, clima quente, falhas de higiene, longas distâncias para transporte do leite cru, etc. ), e a implantação da microfiltração pode vir a "mascarar" a real qualidade do leite in natura, pois 90% da carga microbiológica será retida pelas membranas.
Qualquer Tecnologia Industrial na área de Processamento de Alimentos, deve ser dirigida para e melhoria da Qualidade, e não para a correção da "falta de qualidade".
O Ministério da Agricultura, precisa começar a atuar não somente nas Indústrias Processadoras, mas também nos produtores de leite. Fica muito fácil cobrar qualidade das Indústrias, em quanto o real problema está no campo, e há muito o que melhorar.
Leonardo Faquini
Técnico em Laticínos
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