"A quem interessa atacar Laep e Parmalat?
Em sua edição 933, a Revista Exame publica reportagem sobre a situação da Parmalat Brasil S.A. Indústria de Alimentos e comete imprecisões, que têm efeitos danosos sobre colaboradores, acionistas, investidores, clientes, fornecedores e consumidores. Com o objetivo de restabelecer o equilíbrio em um processo de recuperação bem sucedido e a verdade dos fatos, é necessário fazer esclarecimentos importantes.
Confusão entre pessoas jurídicas e física
Antes de tudo, se faz necessário desfazer a confusão de pessoas jurídicas diferentes, e principalmente, evitar misturar as pessoas jurídicas com a pessoa física, como fez a reportagem. A Parmalat Brasil S.A. Indústria de Alimentos é uma empresa do ramo alimentício, que se encontra em recuperação judicial, ou seja, em processo de restabelecer seu equilíbrio financeiro, desde 24 de junho de 2005. Em 26 de maio de 2006, a Laep Investments Ltd. (LAEP) assumiu o controle desta companhia que, a partir de então, se tornou uma nova empresa sem qualquer relação com a antiga Parmalat, cujos problemas foram amplamente divulgados na imprensa brasileira e italiana.
Quando adquirida, a Parmalat se encontrava em difícil situação econômico-financeira e operacional e, em curto espaço de tempo, retornou à liderança do mercado de leite no Brasil, dobrando a produção e reativando unidades fabris. Essa rápida ascensão, decorrente de investimentos significativos e gestão eficaz, incomodou muita gente. Afinal, antes da aquisição, a Parmalat não competia em igualdade com outras indústrias do setor. Por sua vez, a Laep se constitui em uma pessoa jurídica de direito privado, controlada por Laep Holdings, Laep Investment & Restructuring Fund e BDR's. Tem capital aberto e cotação em Bolsa de Valores.
Marcus Alberto Elias exerce, desde 12 de junho de 2006, a função de presidente do Conselho de Administração da Parmalat. Na Laep, desempenha o papel de presidente do Conselho de Administração e de CEO. Empresário bem sucedido atuou em instituições financeiras e realizou inúmeras transações de aquisição e recuperação de empresas. É reconhecido no Brasil e no exterior pela seriedade e competência na condução dos negócios. Antes da Parmalat, jamais foi objeto de matérias espetaculosas.
Embora não se misturem as três pessoas distintas, duas jurídicas e uma física, todas as informações imprecisas divulgadas sobre qualquer uma delas, ou maledicências contra o empresário Marcus Elias, se refletem nas ações da Laep, bem como, na estabilidade do processo de recuperação da Parmalat, em especial no atual momento da economia mundial.
A trajetória da empresa e suas escolhas estratégicas
Desde a aquisição da Parmalat em 2006 até o início de 2008, a Laep centrou sua estratégia de
investimento na consolidação do mercado de leite no Brasil. Na época, essa visão de oportunidade era compartilhada por todos os players e analistas do setor. Todos acreditavam que o setor de leite, altamente fragmentado, seria o próximo a se consolidar, a exemplo do acontecido em outros segmentos da indústria de alimentos no Brasil, como bebidas, carnes, etc.
Para executar esta estratégia, a Laep partiu para a captação de recursos via IPO. Buscava captar cerca de R$1Bi. Deste total, R$500M seriam investidos na estratégia de consolidação do
mercado, e R$500M na Integralat, subsidiária criada para atuar no aumento da produtividade da produção primária de leite cru, via melhoramento da genética bovina e capacitação dos produtores de leite. Um projeto inovador, de grande impacto social, que fora concebido para dar retorno no longo prazo.
Coincidentemente, na semana em que a LAEP se preparava para precificar e finalizar seu IPO, viu a Parmalat envolvida na infundada suspeita que teria comprado leite impróprio para consumo de cooperativas de Minas Gerais. Mais de 1600 reportagens foram publicadas sobre o
assunto, num curto espaço de tempo. A conseqüência imediata para a companhia não poderia ter sido pior: ou se cancelava o IPO, prejudicando os planos de investimento, ou os acionistas controladores arcariam com prejuízo de R$ 500M, tendo de vender a mesma quantidade de ações planejada pela metade do preço.
Para não prejudicar os planos de investimentos da companhia, os acionistas decidiram arcar com o prejuízo. Meses mais tarde, o episódio foi esclarecido, ficando notório que a Parmalat jamais comercializou qualquer produto impróprio. No entanto, esse fato não teve sequer 1% da exposição do falso escândalo e se refletiu em expressivos prejuízos econômicos reportados nos Balanços e nos preços ao consumidor que não se recuperaram, pelo menos até os 9 primeiros meses de 2008.
O mercado de leite foi se encaminhando para um cenário adverso ao longo de 2008 e passou a
ser de feroz concorrência, com a entrada de grandes grupos empresariais e com a injeção de recursos por parte de bancos oficiais em algumas empresas de médio porte. O resultado imediato foi a alta no preço do leite cru e a baixa no preço do produto industrializado. Todas as empresas do setor se fragilizaram e perderam dinheiro, pois operaram por períodos a fio com margens negativas, como se apura pela leitura de seus respectivos balanços e nas matérias publicadas na imprensa. O preço do leite no mercado internacional que em 2007 atingiu o pico de US$5,500.00/ton caiu para US$2,200.00/ton em 2008.
O CEPEA da USP indica que a recepção de leite nas indústrias cresceu 23% no 1º semestre de 2008 em comparação a igual período de 2007. Segundo a Leite Brasil, que congrega e representa os produtores de leite, a produção de leite cru aumentou apenas 7% no mesmo período. Para evitar que a concorrência predatória permeasse a qualidade do leite, a Associação Brasileira do Leite Longa Vida passou a verificar a qualidade do leite dos associados.
Diante deste novo cenário, bem diferente do que inspirou a estratégia de consolidação, a Laep mudou sua estratégia e concentrou o foco em produtos onde a concorrência não é predatória e as margens não são negativas. Decisão amplamente divulgada.

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Neste novo cenário, a desmobilização de algumas das fábricas e ativos operacionais não mais estratégicos passou a ser considerada. A crise financeira internacional, que drenou a liquidez e o crédito dos mercados, só aumentou a convicção de que o caminho é o do enxugamento com foco em produtos de melhor margem. Decisões gerenciais comuns da vida empresarial, nada que possa alimentar boatos ou espetáculo!
A empresa em fatos e em números
a) Faturamento:
- na época da aquisição, o faturamento era de aproximadamente R$80M/mês - 7 fábricas
- na época do IPO, alcança R$110 M/ mês - com 10 fábricas
- o faturamento atinge R$169M - com 14 fábricas em maio de 2008
- com a nova estratégia, o faturamento atinge R$105M/mês - com 10 fábricas em setembro de
2008
b) Dívida:
- a dívida relativa ao Plano de Recuperação Judicial, de cerca de R$1 bilhão em maio/2006, cai
para cerca de R$100 milhões em setembro de 2008
c) Operação
- a produtividade (vol /funcionários) passa de 18.358 kgl/p para 26.570 kgl/p em setembro de
2008
- a empresa reduz a sua dependência do leite UHT nas vendas dos cerca de 70% registrados em maio de 2006 para cerca de 50% em setembro de 2008
- com a nova estratégia, a Companhia se compromete, em conferência com os investidores, em obter economias de custos e despesas de R$3,11M no 3º trim/07. Obteve R$4,83M
d) Inovação
- O ritmo de inovação é acelerado. É lançado o 1º leite 90% deslactosado saborizado.
e) Resultados
Evolução do EBITDA no período:
2006: -11,1
1ºsem/07: 2,6%
3ºTrim/07: 10,5%
4ºTrim/07: -1,7%
Jan a Set/08: -4,6%
Set/08: 0,1%
Quanto vale uma reputação?
Os fatos e os números reportam uma história bastante diversa da relatada na reportagem. O texto da matéria leva o leitor a concluir que a Parmalat seria a única empresa do setor de leite
a enfrentar dificuldades. Distorção que jamais seria feita, caso rápidas consultas a Balanços de
empresas do setor e às matérias veiculadas na própria imprensa tivessem sido feitas. Da mesma forma, com esta simples checagem, ou se a revista respeitasse as informações fornecidas pela empresa, não inventaria que a Parmalat tem uma dívida de US$70 M, a vencer em dezembro de 2008. A reportagem ainda induz que o preço das ações da empresa caiu pela precariedade singular de sua situação, inferência que ignora o fato de que todas as companhias listadas em Bolsa viram suas ações despencarem. Até mesmo as Blue-Chips caíram quase 90%.
A Parmalat do Brasil que encontramos em 2006 estava fadada a morrer e com ela desaparecer
milhares de empregos, renda, impostos recolhidos, conhecimento, e uma marca respeitada, que atende à população brasileira com produtos de excelência comprovada. A Parmalat do Brasil de hoje, mesmo com todas as dificuldades inerentes a sua história e ao momento atual da economia mundial, nem de longe lembra a de 2006. Tem foco, mobilidade e gestão dinâmica.
Responder rapidamente à mudança de cenários, mudar diligente e prontamente o curso da ação se assim exigido, longe de ser sinal de fraqueza ou de instabilidade, é uma característica marcante da Laep. Fomos rápidos quando ganhamos a competição para comprar a Parmalat, para soerguê-la, para aproveitar a janela dos IPOs , e também para mudar o curso frente ao colapso do mercado de leite e à crise financeira. E somos capazes de materializar mudanças em resultados.
A direção da Laep e da Parmalat é composta por 16 profissionais, com muitos anos de experiência e exposição a situações diversas. Difícil aceitar que sejam desrespeitados pela caricatura de "irresponsáveis e tresloucados" traçada pela matéria. A revista Exame tem uma história de responsabilidade. Contamos com o seu profissionalismo para que imprecisões não voltem a ser publicadas e nos colocamos à disposição para sempre garantir a versão correta dos fatos. Esperamos ter contribuído para restabelecer a verdade e a tranqüilidade em respeito a todos que se relacionam e confiam em nossas empresas: colaboradores, acionistas, investidores, clientes, fornecedores, e, principalmente, aos milhares de consumidores que compram nossos produtos diariamente.
Atenciosamente,
Marcus Alberto Elias"
