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Papel das proteínas na saciedade e controle de peso - Parte 2/2

POR JULIANA SANTIN

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 16/12/2009

10 MIN DE LEITURA

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Proteínas lácteas e saciedade

Recentes evidências indicam uma maior resposta de saciedade quando consumimos maiores quantidades de alimentos lácteos, como leite livre de gordura (35), leite com chocolate (36), queijos ricos em proteínas (37) e iogurte com baixo teor de gordura (38). Especificamente, quando mulheres com sobrepeso consumiram um café da manhã com quantidade fixa de energia contendo leite totalmente desnatado (25 gramas de proteína) ou uma quantidade igual de suco de fruta (<1 grama de proteína), menos energia foi consumida no almoço após o café da manhã contendo leite desnatado do que suco de fruta (35). Da mesma forma, o consumo de uma porção de queijo (22 gramas de proteína) contendo ou caseína ou uma mistura de caseína com proteínas do soro do leite uma hora antes do almoço reduziu a ingestão de energia no almoço e durante 24 horas (37). Baseado nessas descobertas, os pesquisadores sugerem que o consumo regular de queijos ricos em proteínas e quantidade moderada de calorias como lanche "não promove sobrepeso porque a ingestão de energia parece ser regulada durante as refeições subsequentes no mesmo dia" (37). Embora a maior saciedade se traduza em menor ingestão de energia à vontade em alguns desses estudos (35,37), isso não ocorreu em outros (36,38), talvez devido às diferenças no tempo entre o consumo de alimentos lácteos e a refeição teste.

Vários estudos, a maioria de curta duração, demonstraram que tanto a caseína (~80% da proteína do leite) como as proteínas do soro de leite (~20% da proteína do leite) influenciam positivamente na saciedade (5,8,9,28-31,39-43). Um estudo aleatório, duplo cego, com 25 adultos saudáveis mostrou que um café da manhã com 25% da energia vindo da caseína foi mais satisfatório do que um café da manhã com 10% da energia vinda da caseína e coincidiram com elevados níveis plasmáticos de aminoácidos (39). Entretanto, não houve diferenças na ingestão de energia no almoço (39). Em um estudo cruzado aleatório de longo prazo no qual 24 adultos saudáveis permaneceram em uma câmara de respiração por 36 horas, uma dieta contendo 25% de energia na forma de caseína aumentou o gasto total de energia em 24 horas e as sensações de saciedade e resultou em um balanço positivo de proteína comparado com uma dieta com 10% da energia vinda da caseína (44). Como a caseína foi a única fonte de proteína nesse estudo, não se sabe se essas descobertas são específicas à caseína ou à ingestão maior de proteína de forma geral.

Um efeito de supressão do apetite gerado pelo soro de leite foi demonstrado em uma série de estudos de curto prazo, mas, assim como outras proteínas, os efeitos na ingestão de energia são inconsistentes (14,29-31,35,40-43,45-47). Recentemente, pesquisadores demonstraram um efeito benéfico da proteína do soro do leite no controle de apetite em concentrações dentro do alcance normal em refeições com misturas realísticas (30). Nesse estudo aleatório, cego, com 25 adultos saudáveis, a ingestão de um café da manhã com proteína do soro de leite (10% da energia) reduziu o apetite mais do que em um café da manhã com a mesma caloria, com porcentagens similares de energia vindas da caseína ou da soja (30). Entretanto, a um nível de 25% da energia vinda da proteína, não houve diferenças nas taxas de apetite. Uma vez que houve diferenças nas taxas de apetite entre esses tipos de proteína no nível de 10% da energia, mas não no nível de 25% da energia, os pesquisadores sugerem que pode não ser possível distinguir os efeitos de saciedade de diferentes proteínas quando a concentração de aminoácidos é maior que o limiar (30).

A proteína do soro do leite é rica em beta-lactoglobulina, alfa-lactalbumina, aminoácidos de cadeia ramificada, especialmente leucina e, quando preparada por ultra-filtração, em peptídeo glicomacropeptídeo (GMP). O GMP, que estimula hormônios da "saciedade", potencialmente impactando na ingestão subsequente de energia e saciedade, está ganhando atenção científica (31,47,48). Entretanto, as descobertas referentes a essa influência na saciedade são inconsistentes (47). Em um estudo com 25 adultos saudáveis, a ingestão de energia à vontade foi 10% menor três horas após um café da manhã com soro de leite contendo GMP comparado com um café da manhã baseado em soro de leite sem GMP, independente da concentração de proteína do soro de leite (25% da energia ou 10% da energia) (31). Em contraste, outro estudo mostrou que o GMP não é crítico na saciedade pré-refeição induzida por soro de leite (48). Mais pesquisas sobre dose, momento e modo de distribuição de GMP são necessárias para determinar esse papel do peptídeo na regulação da ingestão de alimentos e potencialmente controle do peso corpóreo (48).

Pesquisas limitadas compararam o efeito de diferentes proteínas na saciedade, especialmente proteínas lácteas. Entretanto, como a proteína do soro do leite é considerada uma proteína relativamente "rápida" (isto é, digerida e absorvida rapidamente, causando um rápido aumento na circulação de aminoácidos) (42,49,50), ela pode ser mais geradora de saciedade do que a caseína em curto prazo (27). Em contraste, a caseína, que é considerada uma proteína relativamente "lenta" (isto é, digerida e absorvida mais lentamente, fornecendo uma liberação mais consistente de aminoácidos) pode ter um efeito mais tardio de saciedade (7,42).

A ingestão de proteína do soro de leite antes das refeições foi reportada como mais satisfatória (isto é, menor ingestão de energia) do que a de caseína em um estudo de curto prazo (29) e igualmente satisfatória com relação à caseína em outro estudo (40). No primeiro estudo (29), a refeição foi oferecida 90 minutos após a ingestão da proteína, o que provavelmente é muito cedo para a caseína exibir um efeito de saciedade. No segundo estudo (40), a ausência de diferenças significantes nas taxas de apetite entre os diferentes tipos de proteínas (caseína versus soro de leite) pode ser explicada pelo alto nível (> 50% da energia ou 55 gramas) de ingestão de proteína (isto é, a concentração de aminoácidos estava acima do nível de limiar) (9,30).

Apesar de a saciedade induzida por lácteos poder ser influenciada por uma ação sinérgica de proteínas do soro do leite fornecendo saciedade precoce e a caseína fornecendo sinais de saciedade tardia (42), ainda não está claro se o efeito favorável das proteínas lácteas na saciedade subjetiva, ingestão de alimentos e mecanismos de regulamentação de ingestão de alimentos pode ser obtido a partir de porções comuns de alimentos lácteos (42). Os efeitos das proteínas lácteas na saciedade são principalmente mostrados em estudos de curto prazo nos quais essas proteínas são consumidas em quantidades muito maiores em refeições ou pré-refeições do que as encontradas em porções de tamanhos comuns de alimentos lácteos. Entretanto, uma vez que os alimentos lácteos são frequentemente consumidos com outros alimentos na refeição, eles podem ajudar a se obter uma refeição mais rica em proteínas.

Conclusões

É geralmente aceito que caloria por caloria, a ingestão de proteínas aumenta a saciedade a uma extensão maior do que a de carboidratos ou gordura sob a maioria das condições. Estudos de longo e de curto prazo indicam que o aumento da ingestão de proteínas promove a saciedade, o que, por sua vez, pode ter um efeito benéfico no controle de peso corpóreo. Além disso, uma série de mecanismos foi proposta para explicar essa saciedade induzida por proteínas.

Apesar de evidências emergentes sugerirem que as proteínas lácteas (como caseína e soro de leite) e os alimentos lácteos podem aumentar a saciedade, mais pesquisas são necessárias para determinar as quantidades ótimas de proteínas lácteas e de alimentos lácteos necessários para ajudar no controle de peso. Entretanto, o consumo recomendado de três porções de alimentos lácteos com baixo teor de gordura como leite, queijos e iogurte durante o dia pode ajudar a obter uma dieta mais rica em proteínas que, como mostram as pesquisas, aumenta a saciedade e pode potencialmente fornecer benefícios no controle de peso corpóreo. Além disso, o aumento da disponibilidade de alimentos e bebidas incorporando proteínas lácteas (por exemplo, proteína do soro do leite) como ingrediente fornece outra forma de aumentar a ingestão de proteína para se obter saciedade e benefícios no controle de peso.

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Baseado no artigo "The Role of Protein in Satiety & Weight Management", do National Dairy Council (https://www.nationaldairycouncil.org) - Dairy Council Digest Archives, Volume 80, Número 5 Setembro/Outubro de 2009.

JULIANA SANTIN

Médica veterinária formada pela FMVZ/USP. Contribuo com a geração de conteúdo nos portais da AgriPoint nas áreas de mercado internacional, além de ser responsável pelo Blog Novidades e Lançamentos em Lácteos do MilkPoint Indústria.

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