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Papel das proteínas na saciedade e controle de peso - Parte 1/2

POR JULIANA SANTIN

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 11/11/2009

10 MIN DE LEITURA

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Introdução

Como resultado de uma crescente incidência de sobrepeso e obesidade, juntamente com os maiores custos com cuidados de saúde associados com doenças relacionadas ao peso (como diabetes tipo 2, hipertensão, doenças cardiovasculares), a prevenção e a redução do sobrepeso e da obesidade é uma importante prioridade de saúde pública (1,2). Em particular, existe um grande interesse em estratégias dietéticas para obter e manter um peso corpóreo saudável. A influência da composição de macronutrientes da dieta no controle do apetite, a ingestão diária de alimentos e o controle de peso receberam atenção recente, não somente da mídia, mas também de profissionais relacionados ao cuidado com a saúde, pesquisadores e indústria. Tem sido dada uma ênfase específica na ingestão de proteínas para melhoras no controle do apetite, através do aumento da saciedade e de melhor controle do peso corpóreo (3-9).

De acordo com uma pesquisa recente, dois terços dos norte-americanos disseram que é extremamente importante que o alimento ou a bebida os deixem saciados/cheios (10). Isso foi particularmente importante para os consumidores que estavam tentando perder peso. Mais da metade desses pesquisados concordaram que alimentos ricos em proteínas são os melhores para satisfazer a fome. Esse trabalho revisa as pesquisas recentes que avaliam os efeitos da saciedade proporcionada por refeições contendo proteínas, os mecanismos propostos e os benefícios das proteínas dos produtos lácteos na saciedade.

Proteína dietética e saciedade

Saciedade. A saciedade é definida como o sentimento de estar satisfeito ou a falta de vontade de comer após a ingestão de alimentos e pode ser atribuída a nutrientes particulares, alimentos, refeições ou à dieta no geral (11). A saciedade é frequentemente baseada em avaliações subjetivas de satisfação usando Escalas Analógicas Visuais validadas administradas antes e durante um período de tempo (por exemplo, de 1 a 6 horas) após a ingestão de uma refeição teste. O teste de saciedade também inclui quantificar a ingestão de calorias em uma refeição feita à vontade oferecida após um tempo determinado (1 a 8 horas) depois de uma refeição teste. Em estudos de longo prazo, a saciedade pode ser medida indiretamente avaliando a ingestão voluntária de calorias durante vários dias ou semanas.

Quantidade de proteína. O Alcance Aceitável de Distribuição de Macronutrientes (AADM) - isto é, o alcance da ingestão associado com um menor risco de doenças crônicas enquanto fornecem uma ingestão adequada - para proteínas, segundo o estabelecido pelo Instituto de Medicina, é de 10% a 35% das calorias diárias para adultos (ou seja, 50-175 gramas de proteína por dia para um adulto que consome uma dieta de 2.000 kcal por dia) (12). De acordo com as conclusões publicadas por uma Cúpula de Proteína (na qual a maioria dos cientistas/pesquisadores de proteínas líderes de todo o mundo se reuniu para examinar o estado da ciência na área de proteína e saúde), muitos adultos podem obter os benefícios para a saúde, incluindo redução do risco de obesidade, consumindo proteínas na quantidade do limite máximo do AADM (13). É geralmente aceito que caloria por caloria, a ingestão de proteínas aumenta a saciedade a uma extensão maior do que a ingestão de carboidratos ou gorduras sob a maioria das condições, potencialmente levando a reduções subsequentes na ingestão de calorias e, ao longo do tempo, melhorando o controle de peso (3-9,13-15).

Estudos de curto prazo. A maioria dos estudos examinando a saciedade relacionada à refeição induzida por proteínas tem sido aguda em natureza e tem contido grandes quantidades de proteínas dietéticas (da ordem de 80-100% da refeição). Entretanto, estudos mais recentes estão agora incluindo refeições que contêm maiores, mas moderadas, quantidades de proteína dietética. Por exemplo, em um estudo aleatório cruzado com 30 adultos saudáveis de peso normal, a saciedade foi significantemente maior após as pessoas consumirem almoços com maior teor de proteína contendo 25% da energia vindo da proteína da dieta comparado com os que consumiram refeições com menos proteínas (10% da energia) (16). Em um estudo anterior, pesquisadores compararam refeições contendo 18% ou 30% da energia como proteína da dieta (17). A saciedade percebida foi medida a cada 30 minutos durante um período de quatro horas após a refeição e foi maior nos que consumiram a dieta com 30% do que nos que consumiram a dieta com 18% da energia vinda da proteína (17).

Para monitorar a saciedade percebida durante um dia todo de consumo, estudos incorporaram ambientes controlados envolvendo câmaras de respiração e demonstraram que mais proteínas na dieta (30% da energia) fornecidas durante um dia típico de refeição levaram a um aumento da saciedade durante 24 horas comparados com uma dieta com menos proteínas (10% da energia) (18,19). Com base nessas descobertas, os pesquisadores concluíram que quando a ingestão de proteínas é maior do que o requerimento de proteína, a saciedade é positivamente relacionada à quantidade absoluta de proteína consumida (19).

Estudos de longo prazo incluindo perda de peso e/ou manutenção do peso. A próxima questão fundamental que precisa ser respondida é se os aumentos na saciedade induzidos por proteínas observados durante estudos agudos são mantidos ao longo do tempo e durante a perda de peso. Alguns estudos de longo prazo sugerem que a maior ingestão de proteínas resulta em uma redução voluntária no consumo de alimentos devido aos maiores níveis de saciedade (20,21). Os pesquisadores examinaram os efeitos de uma dieta isocalórica para manutenção de peso por quatro semanas contendo ou 15% ou 30% das calorias na forma de proteínas em 19 pessoas (20). Aumentos marcados na saciedade geral foram observados após a dieta com 30% das calorias vindas das proteínas (20). Após o período de quatro semanas, as pessoas foram solicitadas a seguir uma dieta à vontade contendo 30% de proteínas por 12 semanas. Após esse período, as pessoas consumiram menos energia enquanto mantiveram o nível anterior de saciedade e perderam peso com uma redução na massa de gordura corpórea (20).

Evidências de que uma maior ingestão melhora as percepções de saciedade durante períodos de restrição de energia foram demonstradas em um estudo aleatório, controlado, que avaliou a saciedade e a satisfação relacionadas à refeição (22). Quarenta e seis mulheres com sobrepeso ou obesas seguiram uma dieta com energia reduzida (-750 kcal por dia) contendo ou grandes quantidades de proteínas (30% da energia) ou menores quantidades de proteínas (18% da energia) por 12 semanas (22). Como esperado durante a restrição de energia, ambas as dietas levaram à redução na saciedade relacionada à refeição. Entretanto, o consumo de uma dieta com restrição de energia, mas mais proteínas, levou a uma redução menor na saciedade do que o consumo de uma dieta com restrição similar de energia, mas com baixo teor de proteínas (22). Adicionalmente, a dieta contendo mais proteínas levou a maiores sensações de prazer e maior preservação da massa magra corpórea, enquanto houve perda de peso e gordura (22).

Alguns estudos de longo prazo demonstraram que uma dieta rica em proteínas limita um novo ganho de peso após uma perda de peso (23-25). Após finalizar um período de quatro semanas com dietas com níveis muito baixos de energia, adultos com sobrepeso que consumiram uma dieta com 18% das calorias vindas das proteínas durante um período de seis meses de manutenção do peso reportaram uma saciedade geral maior comparada com pessoas que consumiram uma dieta de manutenção de peso com 15% das calorias vindas das proteínas (24). Eles também apresentaram menor recuperação de peso após três e seis meses e tenderam a recuperar somente massa livre de gordura (24). Um estudo mais recente com 48 pessoas mostrou que após uma perda de peso inicial substancial, uma dieta com alto nível de proteínas (~28% da energia) e baixo nível de gordura consumida à vontade por três meses preveniu o ganho de peso e levou a perdas mais modestas no peso e na gordura corpórea comparado com uma dieta pobre em gordura, mas rica em carboidratos (~16% da energia vinda de proteínas) (25).

Mecanismos propostos

Vários mecanismos foram propostos para explicar a saciedade induzidas pelas proteínas, incluído maiores gastos de energia, mudanças nas concentrações dos hormônios da saciedade e mudança nas reações químicas centrais (3,7-9,26).

Um aumento nos gastos de energia, através de maior termogênese (formação de calor através de processos fisiológicos) tem sido proposto como indutor da saciedade (7,9,18,19,26,27). Uma vez que a proteína da dieta estimula a termogênese induzida pela dieta a uma extensão maior do que outros macronutrientes, é razoável incluir isso como um potencial mecanismo de ação da saciedade. Embora uma relação entre gasto de energia e saciedade induzida por proteínas tenha sido observada, a maioria dessas descobertas resulta de estudos de longo prazo contendo quantidades bem grandes de proteínas na dieta (5,9,19).

A saciedade também pode ser medida através de aumentos induzidos por proteínas nas concentrações de hormônios que suprimem o apetite como o peptídeo 1 semelhante ao glucagon (GLP-1), colecistoquinina (CCK), peptídeo tirosina-tirosina (PYY) e/ou reduções nos hormônios estimulantes do apetite, como o ghrelin (peptídeo 28) (9,26,28). Entretanto, o efeito da maior ingestão de proteínas nas mudanças dos níveis de hormônios é inconsistente (4,9,16,29). Por exemplo, uma mudança nos níveis de hormônios após alta ingestão de proteína ocorreu em um estudo de curto prazo (29), enquanto em outro estudo de curto prazo, não houve diferenças nas respostas de ghrelin, GLP-1 e PYY entre as ingestões de quantidades adequadas e altas de proteínas (16).

As mudanças induzidas por proteínas nos hormônios da saciedade parecem estar relacionadas à quantidade e tipo de proteína consumida e estão principalmente envolvidas na saciedade de curto prazo induzida pela proteína (5,26,28,30). Se as mudanças induzidas por proteínas nos hormônios da saciedade estão relacionadas às classificações de saciedade ou ingestão de energia ainda precisa ser conclusivamente estabelecido. Alguns pesquisadores mostraram que embora o aumento na ingestão de proteínas específicas resulte em diferenças significantes nas respostas dos hormônios, não estão necessariamente relacionadas a classificações de saciedade ou ingestão de energia (31-33).

Outra possibilidade é que dietas com maiores teores de proteína possam também ativar regiões específicas do cérebro envolvidas na regulação central da ingestão de alimentos (26). Um estudo com ratos de laboratórios mostrou que refeições com mais proteínas ativaram vias neuronais relacionadas à saciedade no cérebro e no hipotálamo (34).

Referências bibliográficas

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JULIANA SANTIN

Médica veterinária formada pela FMVZ/USP. Contribuo com a geração de conteúdo nos portais da AgriPoint nas áreas de mercado internacional, além de ser responsável pelo Blog Novidades e Lançamentos em Lácteos do MilkPoint Indústria.

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THALIS G. MASCHIO

ANTÔNIO PRADO - RIO GRANDE DO SUL - ESTUDANTE

EM 03/12/2009

parabens me ajudou muito

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