O setor leiteiro pode ser favorecido pelo novo pacote cambial anunciado pelo governo na última semana. De acordo com o pacote, a entrada de dólares deve ser reduzida no país, o que possibilita uma valorização da moeda estrangeira frente ao real, favorecendo as exportações de produtos brasileiros.

Segundo Otávio Farias, da trading Hoogwegt, o novo pacote deve influenciar positivamente as exportações do setor de lácteos, assim como de outros setores. No entanto, ele acredita que a nova medida pode beneficiar mais as grandes empresas. "No setor lácteo, a maioria das empresas tem necessidade de receber pelas exportações realizadas, a não ser que determinada empresa tenha folga em seu caixa. Empresas que são importadoras e exportadoras terão a vantagem de usar esses 30% para obrigações de contratos de importação, tendo a vantagem de evitar custo de CPMF sobre esses 30%. Por outro lado, essas empresas não precisarão comprar dólares para parte de suas importações, o que também significa menor pressão sobre cotação do dólar", diz.

Farias afirma que o Brasil deve exportar mais produtos lácteos nos próximos meses em virtude, principalmente, do início da safra do Sul. Com a maior oferta durante a safra, os preço de leite aos produtores tendem a se ajustar, viabilizando escoamento de excedentes da safra ao mercado externo. Estas exportações poderão ser impulsionadas por um dólar mais valorizado, como resultado do pacote cambial anunciado pelo governo.

Ele diz ainda que as exportações de leite e derivados são naturalmente afetadas pelo dólar mas há também efeitos importantes em função da dinâmica do mercado interno. "Preços de leite UHT, e recentemente queijos, têm mantido preços ao produtor. Se o preço de leite ao produtor estivesse em linha com a concorrência no Mercosul, o Brasil já seria exportador mesmo com o cambio atual", reflete.

Os agentes exportadores ainda não sabem qual será o impacto do novo pacote cambial no curto prazo no valor da moeda estrangeira. A moeda estrangeira é influenciada por vários fatores - econômicos, domésticos e internacionais. Portanto, de acordo com Farias, é difícil prever o tempo em que o mercado apresentará as mudanças com o novo pacote.

Aline Barrozo Ferro, Equipe MilkPoint