Orgânicos podem não ser melhores para o ambiente

Reportagem de Cahal Milmo para o site Independent.co.uk informou que a produção de alimentos orgânicos pode não ser melhor para o meio-ambiente do que a de alimentos convencionais e, em alguns casos, está contribuindo para mais aquecimento global do que a agricultura intensiva, de acordo com um relatório do Governo britânico.

O primeiro amplo estudo dos impactos ambientais da produção de alimentos vai reacender o debate em torno da indústria britânica de alimentos orgânicos, de 1,6 bilhão de libras esterlinas (US$ 3,13 bilhões) que apresentou um crescimento de 30% nas vendas no ano passado.

O relatório, feito a pedido do Departamento para Meio-Ambiente, Alimentos e Assuntos Rurais (Defra) do Reino Unido mostrou que "muitos" produtos orgânicos têm menores impactos ecológicos do que os métodos convencionais que usam fertilizantes e pesticidas. Entretanto, pesquisadores da Manchester Business School (MBS), que conduziu o estudo, disse que isso foi contrabalanceado por outros alimentos orgânicos - como leite, tomate e frango - que são significantemente menos eficientes em energia e podem ser mais poluidores do que as fazendas equivalentes de produção intensiva.

O estudo não levou em consideração fatores como o aumento da biodiversidade criada pela produção orgânica ou a melhoria da paisagem.

O relatório diz: "Existe certamente evidências insuficientes disponíveis para afirmar que a agricultura orgânica no geral tem menos impactos ambientais do que a agricultura convencional. Em particular, a agricultura orgânica tem seus próprios problemas ambientais na produção de alguns alimentos, seja em termos de nutrientes liberados na água ou em termos de participação na mudança climática".

Usando dados de estudos anteriores, os pesquisadores selecionaram o leite como um exemplo particular de desafios ambientais apresentados pela produção orgânica. O leite orgânico requer 80% mais terras e cria quase o dobro da quantidade de substâncias que podem levar acidificação do solo e eutrofização - poluição dos cursos d'água por excesso de nutrientes.

O estudo mostrou que a produção de leite orgânico, que tem maiores níveis de nutrientes e menores níveis de pesticidas, também gera mais dióxido de carbono do que os métodos convencionais - 1,23 quilos por litro comparado com 1,06 quilos por litro. "A produção de leite orgânico parece exigir menos entrada de energia, mas muito mais terras do que a produção convencional. Apesar da eliminação do uso de pesticidas, também ocorre um aumento nas emissões de gases estufa e substâncias eutróficas".

Descobertas similares foram registradas na produção de frango orgânico. A produção de vegetais orgânicos também mostrou maior uso de recursos do que a produção convencional.

Em 01/03/07 - 1 Libra Esterlina = US$ 1,96093
0,50996 Libra Esterlina = US$ 1 (Fonte: Oanda.com)