É consenso que todo negócio, em qualquer área de atuação, precisa e busca ter lucro. Para sobreviverem no mercado e não fecharem as portas, as empresas necessitam de rentabilidade e lucratividade. A mesma realidade estende-se à pecuária leiteira: para não fecharem as porteiras, as fazendas precisam ser rentáveis e fazer do leite um bom negócio.
Para isso, existem estratégias que podem ser adotadas dentro das propriedades, como, por exemplo, um olhar criterioso para o leite do tanque. “O que o produtor vende é o leite que está no tanque e não na vaca,” pontuou o Professor Paulo Machado, da Clínica do Leite, em sua palestra no MilkPoint Experts Feras da Rentabilidade, nesta segunda-feira, 14/03.
De acordo com ele, o leite do tanque tem um determinado valor atribuído pela indústria, sendo variável. Neste ponto, para Paulo, é preciso entender o que a indústria, ou seja, o cliente, valoriza no leite que está no tanque.
“Aqueles produtores que, de maneira geral, colocam no tanque um leite com mais sólidos, menos células somáticas e contagem bactearina, ‘mais confiável’ — sem histórico de antibióticos no leite —, com um volume relativamente constante ao longo do ano e, também, aquele produtor que é mais fiel — que não fica mudando de indústria —, normalmente, é mais valorizado.” Neste raciocínio, para Paulo, a coisa mais básica que o produtor precisa entender é o que a indústria valoriza no leite que está no tanque e trabalhar para isso.
Dessa forma, "o produtor otimiza o sistema de produção de forma a não somente colocar o leite no tanque, mas também produzi-lo com menor quantidade de recurso possível. Isso quer dizer que ele precisa ter eficiência no seu processo de produção.”
Paulo também salientou que uma equação mais robusta, na qual a receita seja maior que os custos, é o que permitirá o lucro dos produtores. “É exatamente por isso que existem muitos produtores que têm lucro na atividade e outros que têm prejuízo.”
O que é fundamental para colocar no tanque o que o cliente quer?
Para responder este questionamento, o Diagrama de Ishikawa (Figura 1), aponta fatores que contribuem para colocar no tanque o leite que o cliente (indústria) quer.
Figura 1. Diagrama de Ishikawa com os fatores para colocar no tanque o que o cliente quer.
Fonte: elaborado pela autora; adaptado: Machado, Paulo. (MillkPoint Experts Feras da Rentabilidade, 2022).
Para explorar estes fatores mencionados acima, Paulo trouxe um estudo que realizaram com aproximadamente 300 produtores por cerca de 2 anos, no qual foram acompanhados os gastos das fazendas e as variáveis citadas na figura 1, com o objetivo de verificar o que mais se relacionava com a rentabilidade dos produtores.
Com base na análise dos dados do estudo, elencou-se os seguintes fatores:
- Margem operacional vs. CCS: CCS mais baixa, maior margem (de maneira geral);
- Margem operacional vs. Proteína: maior teor de proteína do tanque, maior margem;
- Margem operacional vs. Gordura: maior teor gordura do tanque, maior margem;
- Margem operacional vs. Prenhez: maior taxa de prenhez, maior margem.
“Não era, então, a produtividade. Aquelas fazendas que as vacas emprenhavam mais, davam mais gordura e proteína, e tinham menos CCS, a lógica é que eram mais saudáveis. O foco, na verdade, é ter vacas saudáveis, porque se elas estiverem saudáveis colocam no tanque um leite que é mais valorizado pela indústria,” explicou Paulo sobre a análise do trabalho realizado com as propriedades.
Sobre produtividade por vaca/dia, o Professor salientou que “a quantidade de leite por vaca que uma determinada fazenda produz não é o fator que faz com que ela seja mais rentável do que outra fazenda."
Não se deve fazer comparações. A produtividade por vaca diz respeito à realidade de cada propriedade. “Se a pessoa [produtor] fazer com que as vacas que ele tem, nas condições que ele tem produzam mais leite, ou seja, tenham maior produtividade, ele está fazendo com que as vacas sejam mais saudáveis. Então, com o mesmo custo fixo, o produtor consegue fazer com que vacas produzam mais leite com menos custo, isso é produtividade.”
Ainda sobre o estudo, Paulo salientou que as fazendas com maiores margens tinham menos desperdícios, funcionários mais engajados, processos mais controlados e acompanhados diariamente. “Não eram fazendas que tinham um meio mais sofisticado.”
Sanidade do rebanho e rentabilidade
Em relação à sanidade do rebanho, Machado levantou os seguintes índices que os produtores devem acompanhar que impactam na rentabilidade da propriedade de leite (Figura 2).
Figura 2. Diagrama de Ishikawa com índices que afetam a sanidade do rebanho.
Fonte: elaborado pela autora; adaptado: Machado, Paulo. (MillkPoint Experts Feras da Rentabilidade, 2022).
“Todos esses fatores podemos saber pela análise do leite […] Se vocês fazem a análise por mês é possível ter ações específicas para o rebanho. Isso é fundamental,” explicou.
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*Fonte da foto do artigo: Freepik