Observa-se também que, no período de doze meses, antes de maio de 2006, a balança esteve apenas duas vezes deficitária. Nota-se ainda que as importações apresentam um comportamento mais regular do que as exportações, cuja variação entre meses é maior.
Gráfico 1. Balança Comercial de Lácteos - Valor FOB

Fonte: Secex/MDIC/CNA
Elaboração: MilkPoint
Exportações
Também, pela quarta vez no ano as exportações registram alta em relação ao mesmo período do ano passado. Apenas em janeiro o valor exportado ficou abaixo do valor do mesmo mês em 2005 (gráfico 2).
O valor FOB das exportações em maio foi 44,8% maior que o registrado no mesmo mês de 2005 (US$ 7,77 milhões), atingindo US$ 11,25 milhões. Já em relação ao mês de abril, as exportações, que foram de US$ 13,79 milhões, recuaram cerca de 19%.
Essa redução já reflete a tendência de queda do volume exportado, visto que, com a desvalorização do dólar frente ao real, tem se tornado desanimador para o setor leiteiro exportar nesse período. Em maio, ocorreu uma valorização da moeda estrangeira, porém num período curto de tempo, e insuficiente para repercutir no setor. A expectativa, segundo André Mesquita, da trading Serlac, é que o volume exportado diminua ainda mais em junho, quando os contratos antigos já tiverem sido efetuados.
De fato, as exportações dos últimos meses, segundo agentes do mercado exportador, só foram tão elevadas devido aos contratos antigos que estavam sendo efetuados. Na verdade, o momento - dólar desvalorizado - desfavorece o envio de leite ao mercado externo, mesmo com os preços pagos ao produtor mais baixos, se comparados com os valores de 2005.
Pode-se observar também que os preços nominais pagos ao produtor coletados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) em maio mostram uma redução de mais de 16% se comparado ao mesmo período do ano anterior. E, ainda assim, as perspectivas do mercado exportador são de queda.
Gráfico 2. Exportações Brasileiras de Lácteos em Valor FOB.

Fonte: Secex/MDIC/CNA
Elaboração: Equipe MilkPoint
O principal grupo de produtos exportado é o do leite em pó, leite condensado e evaporado (com destaque para o leite em pó, que abrange a maior parte do valor desse grupo), que representa 68,32% das exportações totais.
Os maiores envios desses produtos foram para a Venezuela, Angola e Argélia, respondendo por quase 70% das exportações brasileiras em valor FOB. A Venezuela, sozinha, foi responsável por mais de 33% do valor total das exportações brasileiras de lácteos em maio, seguindo a tendência já verificada em abril
No total acumulado do ano, os dados mostram uma alta de 45,03% frente ao valor FOB de 2005, destacando também um aumento de 58,6% no valor das exportações do grupo de produtos como o leite em pó, condensado e evaporado nesse período.
Em volume, o aumento foi um pouco menor em maio, mas significativo: 33,05% em relação ao acumulado do ano passado.
Tabelas 1 e 2. Exportações de lácteos

Fonte: Secex/MDIC/CNA
Elaboração: Equipe MilkPoint
Gráfico 3. Produtos Exportados em valor FOB de janeiro a maio de 2006.

Fonte: Secex/MDIC/CNA
Elaboração: Equipe MilkPoint
* predomínio do leite em pó
Importações
Mesmo com o real valorizado frente ao dólar, o que abre as portas às importações, houve uma redução do valor importado em maio. A desvalorização por um curto espaço de tempo em maio, frente ao dólar, também não foi suficiente para mudar esse cenário. O valor FOB das importações de lácteos foi cerca de 52% menor em relação a maio ano passado, ficando em torno de US$ 7,8 milhões. Em maio do ano anterior, o valor importado foi de US$ 16,3 milhões, representando o pico dos envios ao mercado interno em 2005. Nesse sentido, um aspecto interessante é que, no ano passado, de abril para maio, houve grande aumento das importações de leite, provavelmente contribuindo para a antecipação da queda dos preços de leite no mercado interno. Nesse ano, o movimento, conforme pode ser verificado pelo gráfico 4, foi oposto: queda nas importações de abril para maio.
Porém, no acumulado do ano, houve um tímido aumento, de aproximadamente 1% se comparado ao mesmo período do ano passado, resultando em aproximadamente US$ 54,8 milhões.
Esse valor é modesto se comparado ao acumulado até maio de 2000, por exemplo, quando foram importados US$ 149,3 milhões. As importações vêm apresentando constantes recuos a cada ano, em virtude da melhora da produção leiteira do Brasil, que começa a atingir o mercado internacional.
E a tendência é que, com o aumento de exportações a longo prazo, provavelmente as importações percam espaço no cenário mercadológico.
Gráfico 4. Importações Brasileiras de Lácteos em Valor FOB

Fonte: Secex/MDIC/CNA
Elaboração: Equipe MilkPoint
Os principais produtos importados foram o grupo de leite em pó, condensado e evaporado (predominando o leite em pó) em maio, representando 61,2% do valor total importado nesse mês. A Argentina foi o principal país de origem das importações desses produtos, representando mais de 70% do valor, mesmo com as sobretaxas de 15% aplicadas pelo governo argentino
No geral, 66,5% do total das importações de maio são provenientes da Argentina.
Em volume, o recuo das importações em maio foi de 55,7% em relação ao mesmo período do ano passado. E, no acumulado do ano, também houve uma redução, de 6,4% frente ao mesmo período de 2005, ao contrário do que ocorre com o valor importado.
Embora tenha ocorrido um ligeiro aumento de 1% no valor das importações, o volume foi 6,4% menor.
Tabelas 3 e 4. Importações de Lácteos

Fonte: Secex/MDIC/CNA
Elaboração: Equipe MilkPoint
Gráfico 5. Produtos Importados em Valor FOB de janeiro a maio de 2006

Fonte: Secex/MDIC/CNA
Elaboração: Aline Ferro, da Equipe MilkPoint
