Multis de alimentos investem em mercado nordestino

Atentas ao mercado consumidor do Nordeste, Kraft Foods e Nestlé mantêm unidades de negócios totalmente voltadas à região. Além de embalagens menores e mais baratas, ambas produzem alimentos específicos para o paladar nordestino.

"O Nordeste é um mercado emergente. A região cresce a taxas médias acima das nacionais e tem tido o impacto de programas de renda mínima e maior acesso ao crédito", ressaltou o diretor da unidade de negócios da Kraft na região, Álvaro Oliveira, dizendo que isso acaba estimulando o consumo. A empresa vai lançar também uma campanha de divulgação que será, segundo Andréa Nascimento, "a maior que a Kraft já teve no Nordeste", para apresentar algumas novidades ao mercado local.

A concorrente Nestlé implantou uma unidade administrativa no Nordeste há dois anos. É de lá que vem perto de 30% do faturamento da multi, de R$ 11,5 bilhões no ano passado, equivalente à receita da Nestlé chilena, informou o presidente da companhia, Ivan Zurita, em notícia ao Valor.

A região cresce o dobro da média nacional, a uma taxa de cerca de 10% ao ano. "Só no ano passado, crescemos no Nordeste uma Nestlé Argentina", comparou o diretor da unidade Norte e Nordeste, Johnny Wei. A empresa possui produtos exclusivo ao mercado nordestino, como o leite Ideal, uma versão em pó mais popular.

"Há muito mais consumidores das classes C, D e E, que só podem fazer pequenos desembolsos", afirma Wei. A comunicação é outro diferencial importante e utiliza-se muito rádio, carro de som e até propaganda em jangadas, segundo ele. O marketing no ponto-de-venda também tem outras características. "Não adianta oferecer leve três e pague dois, eles querem mix de produtos, como café e leite juntos", explica.

A Kibon, da Unilever, também inovou no Nordeste, e tem o sabor cajá, um dos campeões de vendas da companhia na região.