MG: produtores do centro-oeste querem boicotar entrega

Produtores de leite do Centro-Oeste mineiro podem interromper a entrega da bebida à indústria nos próximos dias. Insatisfeitos com o valor pago pelo litro do produto, mais de 40 sindicatos da região ameaçam paralisar o repasse para forçar a alta nos preços. Em reunião em Bom Despacho, os representantes das entidades decidirão o futuro da produção. Mas já falam até em bloquear o trânsito na BR-262 para chamar atenção para o problema. O Sindicato das Indústrias de Laticínio de Minas Gerais (Silemg) diz que o momento atual é de ajuste de preços para os mercados nacional e externo.

Publicado por: MilkPoint

Publicado em: - 1 minuto de leitura

Ícone para ver comentários 5
Ícone para curtir artigo 0

Produtores de leite do Centro-Oeste mineiro podem interromper a entrega da bebida à indústria nos próximos dias. Insatisfeitos com o valor pago pelo litro do produto, mais de 40 sindicatos da região ameaçam paralisar o repasse para forçar a alta nos preços. Em reunião em Bom Despacho, os representantes das entidades decidirão o futuro da produção. Mas já falam até em bloquear o trânsito na BR-262 para chamar atenção para o problema. O Sindicato das Indústrias de Laticínio de Minas Gerais (Silemg) diz que o momento atual é de ajuste de preços para os mercados nacional e externo.

De acordo com o presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Bom Despacho, Paulino Gontijo Queiroz Cançado, na fazenda, o litro de leite está sendo vendido atualmente por R$ 0,50, em média. Porém, só o quilo de ração custa R$ 0,80 para o produtor. "Já estamos trabalhando no prejuízo. E se a situação continuar assim, o negócio se tornará inviável. As autoridades têm que acordar", diz.

Ainda segundo Cançado, até o final dos anos 80, o produtor rural ficava, por lei, com 60% do preço do litro do leite. Os outros 40% eram divididos entre a indústria e o comércio - supermercados e padarias. "Mas, depois que o tabelamento caiu, basta fazer as contas para perceber que apenas 25%, hoje, vêm para o nosso bolso", reclama. A consequência do "vermelho" já vem aparecendo dentro das porteiras, com fazendeiros de gado de leite destinando o rebanho para corte. "O resultado será a redução da oferta e a alta do preço para o consumidor", adverte.

Para o diretor executivo do Silemg, Celso Costa Moreira, o que houve foi uma expectativa de demanda que não se concretizou. "Estimulados pela perspectiva de aumento de consumo no país e no exterior, pela seca em países como a Nova Zelândia e até pela própria indústria nacional via preço, os produtores investiram e incrementaram a produção em 14%, de 2007 para cá. O problema é que a esperança se frustrou e, agora, estamos arrefecendo o preço", defendeu-se. Segundo Moreira, os fabricantes de leite longa vida, queijos, iogurtes e derivados chegaram a pagar US$ 0,50 pelo litro da bebida in natura em 2007, internamente, valor muito acima dos US$ 0,40 pagos no mercado internacional.

As informações são do Jornal Hoje em Dia/MG, adaptadas pela Equipe MilkPoint.
Ícone para ver comentários 5
Ícone para curtir artigo 0

Publicado por:

Foto MilkPoint

MilkPoint

O MilkPoint é maior portal sobre mercado lácteo do Brasil. Especialista em informações do agronegócio, cadeia leiteira, indústria de laticínios e outros.

Deixe sua opinião!

Foto do usuário

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração.

Vilson Marcos Testa
VILSON MARCOS TESTA

CHAPECÓ - SANTA CATARINA - PESQUISA/ENSINO

EM 14/10/2008

Continuação da resposta ao Senhor Vicente Rômulo de Carvalho:

c) Não por acaso SP retira o ICMS do leite em uma guerra para tornar competitivo o leite paulista, basta comparar os dados dos dois últimos Censos Agropecuários para observar que enquanto o Brasil cresceu 19,5% a produção, SP reduziu 30% sua produção, MG cresceu somente 7,1%, Goiás 15,6%, mas os estados do Sul houve forte aumento da produção de leite: RS (46%), SC (65%) e PR (51%). E mesmo não seria impensável o sul dobrar a produção, a base de pastos, portanto, sem contar com a "ajuda" dos cochos.

Sem entrar no mérito, fiquemos indignados ou não, o mercado tem suas práticas e as aplicará segundo as forças que nele atuam.

Com sua permissão, pra descontrair, digo que, pra seu consolo, eu também fico indignado, pois gostaria de ser um desses banqueiros, que encheram a sacola com grana e agora na crise do crédito recebem grana e garantia dos governos...

Vilson Marcos Testa
VILSON MARCOS TESTA

CHAPECÓ - SANTA CATARINA - PESQUISA/ENSINO

EM 14/10/2008

Caro Senhor Vicente Rômulo de Carvalho:

Gostaria de agradecer a leitura e contrapor suas idéias, pois é só com elas que podemos melhorar. Vamos lá:

1) O que não faltam são agricultores familiares, que produzem a base de pasto e que vendem o leite a menos de 50 centavos aqui no sul. Faço a seguinte sugestão: telefone para vários laticínios de nossa região, privados e de cooperativas e veja quanto leite eles compram por esses preços.

2) Quanto ao produtor de 20 mil litros de leite por dia ordenhando 600 vacas, alimentadas no cocho, é bem provável que ele seja bem deficitário, e que sua viabilidade mercadológica seja devida quase que exclusivamente pelo fato de receber um preço maior pelo litro do leite, em decorrência do grande volume que vende. Portanto, é uma competitividade espúria, vis-à-vis a produção de leite a pastos, com vacas pastando no local. Dada a seguinte situação: um laticínio A, que comprasse comprar SOMENTE leite desse tipo de produtores, os do cocho; competindo com outro laticínio B, que compra SOMENTE leite de produtores que produzem leite a base de pasto, quem quebraria primeiro? Como os laticinistas são muito espertos, compõem o preço de mix transferindo o custo do leite vindo do cocho para aquele vindo dos pastos.

3) Em relação à capacidade dos produtores de leite a base de pastos suprir a demanda de mercado, creio que podemos demonstrar isso com muita folga, com as seguintes situações:

a) Como esse estabelecimento de 50ha, se dedicar 20 deles aos pastos destinados para a produção de leite e com 3,5 unidades animal/ha e com uma produtividade de apenas 20 litros/ha/dia (7300 litros/ha/ano), este estabelecimento produzirá 146 mil litros/ano, 400 litros por dia. Para atender os 18 bilhões de litros de leite industrializado no Brasil, bastariam apenas 123 mil produtores destes. Segundo o Censo Agropecuário de 1995/96 810 mil declararam vender leite, e no Censo de 2006, estima-se que este número é superior a 600 mil, portanto, ainda teríamos uma capacidade enorme de produzir excedentes de leite a base de pastos. Aqui no sul do Brasil tem centenas de milhares de produtores de leite que estão nos cento e poucos litros/dia e desejosos de chegar nos 300 litros, portanto, ainda abaixo desse produtor mencionado pelo senhor Carvalho;

b) No caso do Oeste de Santa Catarina, que tem 25 mil km2 e mais de 50 mil produtores de leite, podemos produzir mais que a produção de todo o Uruguai, outrora tido como referência de produção de leite. Se considerarmos somente o Oeste Catarinense (cerca de 10% da área do Uruguai), somente 50% dos seus estabelecimentos de 5 a 50ha de área total e que utilizem somente 50% de suas áreas com produção de pastos e com a produtividade de 20 lit/ha/dia, pode-se produzir 2,2 bilhões de litros de leite/ano.

continua na próxima mensagem....
Vicente Romulo Carvalho
VICENTE ROMULO CARVALHO

LAVRAS - MINAS GERAIS - TRADER

EM 08/10/2008

Concordo com tudo que foi dito no artigo do Vilson Marcos Testa, de Chapecó-SC, exceto que leite a pasto será oferecido ao consumidor por R$ 0,45 o litro, porque a lei da oferta e da procura não irá permitir. Ora, conheço produtor tirando 20.000 (vinte mil) litros de leite dia, ordenhando 600 vacas, em uma propriedade de 50 (cinquenta) hectares, é claro que tudo no cocho.

Aqui vai a minha indagação, leite a pasto, quantos litros poderá ser tirado por dia, nesta propriedade de 50 (cinquenta) hectares. Com a bola, o articulista Sr. Vilson.
Dalva de Oliveira Lima
DALVA DE OLIVEIRA LIMA

ARAXÁ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/10/2008

Quando será visto por todos, que os produtores de leite são os únicos empresários que não põem preço em seu produto? Quando será visto que para sobrevivermos, no mínimo, temos que ter lucro? Qual a empresa que sobrevive, com custos de produção, maiores que o valor recebido pelo produto?

Quem souber as respostas, por favor me responda,

Dalva
Vilson Marcos Testa
VILSON MARCOS TESTA

CHAPECÓ - SANTA CATARINA - PESQUISA/ENSINO

EM 05/10/2008

Leite produzido a pasto e com mão de obra familiar, com preço a 45 centavos, é mais barato para o consumidor e, portanto, vai aumentar o consumo interno e potencializar as exportações, vai baixar a inflação brasileira e vai ser lucrativo para os agricultores, fazendo inclusão social, distribuindo melhor a renda no meio rural brasileiro. Desculpem mas essa é a verdade e deveria estar no centro da política estratégica brasileira.

Vaca foi desenhada para consumir "capim" e não ração e, nessa combinação, se torna uma usina maravilhosa, eficiente técnica, energética e economicamente, que a natureza disponibilizou aos seres humanos.

A vaca é o trabalhador "perfeito", com relógio natural e infalível, não cobra o transporte, processa a produção de leite enquanto come, entrega o produto em casa, retoma expontâneamente o trabalho no dia seguinte, colhe a energia solar, via pastos, em meio a terrenos declivosos e pedregosos, nos quais as máquinas fabricadas pelos humanos não chegam e só o fogo pode rivalizar.

Se é verdade que o tabelamento garantia mais margem aos agricultores, ele também excluia os agricultores familiares e impunha um custo muito alto aos consumidores, prova empírica disso é o consumo percápita atual é muito maior que no final dos anos 80. Essa era, junto com a política de garantias de preços mínimos SEM LIMITES DE VOLUME GARANTIDO, uma das maiores aberrações da política brasileira que geraram grande concentração no meio rural.

Também não podemos esquecer, e não estou esquecendo, do custo adicional da caixinha Tetra Pak, uma espécie de "mal necessário", que gerou profundas mudanças na cadeia de lácteos. Ela contribuiu significativamente para "empurrar a produção de leite da ração para os pastos".

Certamente, se pudessem, muitos reclamariam e pediriram ao Criador que convertesse a vaca de poligástrica para monogástrica, pra viabilizar o uso da ração e do sistema de integração.
Qual a sua dúvida hoje?