MG: cai ritmo de crescimento da produção em 2006

A perspectiva de agentes do setor é de uma produção sem crescimento ou com crescimento abaixo do ocorrido no ano passado em Minas Gerais. O estado mineiro, principal produtor de leite no Brasil, passou por um período de estiagem e, durante a entressafra, apresentou queda de produção.

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A perspectiva de agentes do setor é de uma produção sem crescimento ou com crescimento abaixo do ocorrido no ano passado em Minas Gerais. O estado mineiro, principal produtor de leite no Brasil, passou por um período de estiagem e, durante a entressafra, apresentou queda de produção.

Normalmente neste período do ano, há um aumento da produção em virtude da chegada das chuvas e recuperação de pastagens e aumento das temperaturas. No entanto, neste ano, as precipitações acabaram atrasando, prejudicando um pouco a produção de forragens.

Porém, o principal fator para a desaceleração do crescimento na produção leiteira neste ano em Minas Gerais é a queda de preços em relação ao ano passado. Segundo o Cepea, a média de preços pagos ao produtor no Brasil neste ano ficou cerca de 13% abaixo da cotada no ano passado até setembro. Em Minas Gerais, a média foi de R$ 0,4806/l, enquanto em 2005, o preço médio de janeiro a setembro foi de R$ 0,5549/l.

A safra na região já começou, mas em ritmo lento. Em setembro, a produção já aumentou cerca de 3% em Minas, de acordo com Marcel Scalon, do laticínios Scala. Para João Fernando dos Santos, da Vigor, o aumento da produção até o final do ano deve ser de, no máximo, 5% frente ao primeiro semestre.

De acordo com os dados da Pesquisa Trimestral do Leite, do IBGE, a captação no segundo semestre de 2005 aumentou cerca de 6,6% frente ao primeiro semestre do ano. Santos lembra que no ano passado o incremento na produção foi maior, impulsionado principalmente pelo aumento das exportações.

Com a oferta estável e equilibrada em relação à demanda, observa-se uma estabilidade de preços em setembro, que pode seguir até outubro, de acordo com Scalon. Os preços apresentados pelo Cepea mostram a estabilidade nos últimos meses, bem diferente da situação nos anos anteriores, em que os mesmos variaram bastante (apresentando quedas) nesta época do ano.

Outro fator que influenciou o cenário mercadológico na região, promovendo assim a estabilidade de preços, foi a queda na produção no estado gaúcho. Santos disse que, normalmente quando há excedente de oferta no Rio Grande do Sul, agentes de Santa Catarina enviam a produção para os estados.

A taxa do dólar também foi fator limitante neste cenário. Com o real valorizado, o ritmo de crescimento das exportações caiu e a expectativa é que o aumento seja menor que o previsto para este ano.

Segundo Scalon, o nível de vendas de ração animal também está menor neste ano, o que ajuda a explicar o menor ritmo de produção. "Choveu bastante em setembro na região, e os pastos se recuperaram bem. Mas a melhor produção de forragens não deve fazer com que a produção de leite aumente como em 2005", afirma ele.

Boa parte do leite que está sendo ofertada está sendo vendida para fábricas de queijos, o que está auxiliando para que não haja uma maior oferta de leites longa vida. "Os preços do queijo estão 'segurando' também os preços do leite UHT em virtude da estabilidade da oferta", afirma Scalon.

As indústrias de queijo estão absorvendo bem a matéria-prima porque, principalmente, este mercado está em condições melhores que os de outros produtos, como leite em pó, por exemplo.

Aline B. Ferro, Equipe MilkPoint.
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Guilherme Alves de Mello Franco
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/10/2006

A produção de leite neste ano em Minas Gerais ficou estagnada por conta da desaceleração de investimentos no setor, com a liqüidação de plantéis leiteiros de grande monta e em face do prolongamento da estação de estiagem, que impediu a expansão dos rebanhos e provocou a diminuição de alguns já existentes.

A alta de insumos agrícolas, como a soja, presente na alimentação diária dos animais e das rações concentradas, fez com que houvesse uma menor suplementação das vacas nos cochos, o que representou um aditivo a mais na queda da produtividade por animal.

Aliada a tudo isso, a queda nos volumes de exportação, em face do dólar em ritmo de desvalorização insistente, também decidiu no apanhado geral da baixa do volume da produção leiteira. Finalmente, o descaso das fontes governamentais com o homem do campo, que encontra-se ao léu, sem quaisquer modalidades de apoio - fator este predominante no mercado de leite, que leva grandes produtores a pensar em encerrar suas atividades - representa a pá de cal de muitos investimentos e, em conseqüência, genética da queda de volumes produzidos no Estado.

A situação é muito preocupante, já que não atinge só ao produtor, uma vez que os laticínios deixaram de arrecadar volume de leite e de fornecer ao mercado consumidor as quantidades suficientes, sem contar que muitos cerrarão suas portas, causando o desemprego de milhares de pessoas ligadas ao setor produtivo e industrial leiteiro, em detrimento de toda a sociedade.

Precisamos tomar medidas - algumas realmente drásticas e emergenciais - ou estaremos entrando em um colapso irreversível do setor, num país em que a extensão continental propicia ser o "celeiro do mundo", do qual ouvíamos tanto falar nos anos setenta.
Qual a sua dúvida hoje?