MG: alta dos custos de produção não refletiu nos preços

Aliado aos problemas já enfrentados atualmente com o preço do leite, o produtor agora sofre também os reflexos da crise financeira mundial, com um desaquecimento da demanda pelo produto e uma nova ampliação no valor das despesas, em função, principalmente, da alta do dólar. Ao mesmo tempo, os preços vêm tendo sucessivas quedas.

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Aliado aos problemas já enfrentados atualmente com o preço do leite, o produtor agora sofre também os reflexos da crise financeira mundial, com um desaquecimento da demanda pelo produto e uma nova ampliação no valor das despesas, em função, principalmente, da alta do dólar. Em outubro, o Índice de Custos de Produção de Leite (ICPLeite), calculado pela Embrapa Gado de Leite, registrou uma variação de 0,87% em Minas Gerais, em relação a setembro. Com o resultado, o acumulado de 2008 chega a 10,44%. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a elevação é ainda maior: 14,23%.

Ao mesmo tempo, os preços vêm tendo sucessivas quedas. O valor médio do litro, no Estado, passou de R$ 0,79, em agosto, para R$ 0,67, em setembro, e R$ 0,63, em outubro. Em três meses, a retração alcança 20,3%. "A situação, hoje, é de muito desestímulo e está sendo agravada com a crise mundial. Os insumos estão bastante elevados, especialmente os produtos veterinários, além da mão-de-obra, que subiu muito o ano todo. Dessa forma, são muitos os produtores que estão vendendo as matrizes para o abate, para conseguir pagar as dívidas", lamenta o presidente da Comissão Técnica de Leite da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais, Eduardo Dessimoni.

Ele acrescenta que, em 2007, os valores estavam elevados no mercado internacional, o que estimulou o aumento da produção em diversos países, incluindo o Brasil. "O excesso de oferta fez os preços caírem neste ano. Conforme os dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Universidade de São Paulo (Cepea/USP), o aumento da oferta no país, típico do segundo semestre, está ocorrendo de forma bastante moderada neste ano. "Nem mesmo em 2006, ano de preços estáveis em patamares considerados baixos, o volume de leite cresceu tão pouco, o que indica a existência de estoques nas indústrias", avalia o pesquisador do Cepea, Gustavo Beduschi.

O presidente do Sindicato Rural de Pompéu, Antônio Adelmo Lacerda, garante que os produtores sentem na pele o problema. "Aqui, o leite teve uma queda em torno de R$ 0,40 em 60 dias. Saiu de R$ 0,80 para R$ 0,45, R$ 0,40, o que não cobre nem os custos da produção. E a procura já caiu depois que começou a crise mundial", comenta, argumentando que os pecuaristas da região Centro-Oeste mineira, onde se encontra o município, foram obrigados a distribuir leite para a população, para não perder o produto e também como forma de protesto.

Lacerda lembra ainda que está sendo comum, nas cidades da área, a venda das matrizes. "Infelizmente, mais de 1.500 vacas já foram encaminhadas para o abate nos últimos dois meses, na região. Hoje a gente trabalha no vermelho, e esta acaba sendo a saída para liquidar as dívidas. O Governo ajuda bancos e montadoras e se esquece do produtor rural, sendo que o leite usa muita mão-de-obra. Aqui, a base do nosso município é a produção de leite", desabafa, destacando que não existe, no Brasil, uma política específica para o setor.

Eduardo Dessimoni reforça essa necessidade dizendo que outros países no mundo terão menos prejuízos na cadeia leiteira, pois têm programas permanentes para estimular o produtor. "O mercado é que determina o preço do produto; porém, a intensidade da queda, quando ocorre, pode ser monitorada. Em outros lugares, há esses mecanismos, existem politicas sérias. Aqui, alguns gatilhos são acionados em momentos críticos, mas não se antecipam às dificuldades", completa o presidente da Comissão da Faemg. Ele informa que algumas medidas foram anunciadas para o produtor e aliviam os impactos da crise internacional, no entanto, não são solução. A Secretaria de Estado da Agricultura e Pecuária não disponibilizou porta-voz para comentar o assunto.

A matéria é de Luciana Rezende, publicada no Jornal Hoje em Dia/MG, adaptada e resumida pela Equipe MilkPoint.
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Phyllypi Melo
PHYLLYPI MELO

FORMIGA - MINAS GERAIS - ZOOTECNISTA

EM 23/11/2008

Os nossos governantes têm que ter mais vergonha e respeito com os produtores, independente se são grandes, médios ou pequenos em relação à produção de leite, e terem a conciência de quem "toca" esse Brasil são os produtores rurais.
Rodrigo Akio Yamaki
RODRIGO AKIO YAMAKI

FERNANDÓPOLIS - SÃO PAULO

EM 20/11/2008

Para quem continua na atividade, um recado: Vai piorar. Fui produtor até outubro e não pretendo voltar mais. Chega de sustentar o governo, alimentar o povo e pagar dívidas. Para quem ficar, só resta a união de classes e pressão sobre os políticos eleitos.
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