![]() | Maria Lúcia Andrade GarciaMaria Lúcia Andrade Garcia, desde 1980 tem se dedicado à Fazenda Cayuaba, hoje é diretora das empresas Cayuaba Genética e Pecuária Ltda. Além de colaborar com pesquisas e feitura de textos para a empresa de multimídia dos filhos e para empresa de consultoria em RH. No mais, como ela mesma diz, "gosto de política, filosofia, literatura, das artes em geral, cometo alguns poemas, adoro bons vinhos e a natureza". |
Formação: Bacharel em Ciências Sociais pela UFMG, Pós-Graduada em Antropologia e Sociologia pela Escola de Sociologia e Política de São Paulo, livre docente aposentada pela UFMG. Realizou vários trabalhos de consultoria em levantamento e análise de recursos e políticas públicas em informação científica e tecnológica. Administra a Fazenda Cayuaba desde 1980.
Cargo atual: Diretora das empresas Cayuaba Genética e Pecuária Ltda. e Ciclope Ltda., nas quais divide e participa com os dois filhos de atividades de fazenda e de multimídia. Também trabalha em tradução e preparação de textos para uma empresa de consultoria em RH.
Maior realização: Deixar a universidade e cair na vida prática através da consultoria e da fazenda, pelo que me considero mil vezes recompensada com a experiência que adquiri em matéria de Brasil, administração, economia e negócios.
O que espera realizar: Novos projetos na fazenda com os funcionários, no que chamei de "projetos de aproveitamento", ou conversão de desperdício e ociosidade em fonte de renda suplementar; além de outros voltados para agregação de valor à produção de leite e à genética desenvolvida ao longo de 40 anos na Cayuaba.
Livro que recomenda: Difícil recomendar um livro, porque sou consumidora inveterada deles. Adorei e recomendo Zygmunt Bauman:"Mal estar na Pós-Modernidade", "Globalização: conseqüências humanas".
Empresa que admira: As cooperativas que estão tentando dar volta por cima e competir com as multinacionais, como a Itambé e a Batavo. Falta se unirem e a outras mais.
Dica de sucesso: Sucesso é uma condição relativa na vida das pessoas e das empresas. Se for como penso, realização de objetivos, gastos sob controle e dinheiro no bolso, gostaria que me dessem a dica para manter unidos estes três itens.
Alguma frase ou ditado preferido: Tudo que é bom é frágil, exige cuidado constante.
Personalidade de destaque no setor: Os irmãos Jank da Agrindus, que visitei há mais de 15 anos, pela verticalização inteligente empreendida e cujos produtos estou apreciando aqui em Entre Rios de Minas.
O que está melhorando no setor: O empresariamento de parte dos maiores produtores e de outra, a disposição do médio produtor para gerir com mais racionalidade e tecnologia a sua produção visando a auto-sustentação.
O que falta no setor: Capitalização e modernização gerencial e tecnológica; estímulo ao investimento através de financiamento barato (civilizado); regulamentação do mercado através da contratação do leite in natura e de outros dispositivos de proteção aos interesses difusos dos produtores; modernização da legislação das cooperativas de modo a induzi-las a processos de reestruturação, empresariamento e participação dos cooperados nos seus resultados.
Quem gostaria de ver nessa seção: Dr. Nélio Ribas Centa da Paranaense. Sua ação como presidente da Associação Paranaense me impressionou pelo sentido público de suas realizações no atendimento aos interesses dos associados e dos produtores de leite.
Visão de Futuro: Não quero delirar, mas apenas pré-figurar: vejo incerteza na expansão acelerada do padrão econômico ocidental, muito pesado em termos de consumo energético e degradação ambiental e humana. A produção de qualquer coisa vai depender da logística de sua distribuição para os centros consumidores, agora deslocados para os paises asiáticos.
O leite terá sua demanda aumentada internacionalmente, mas pegará na contramão das rotas reabertas das "especiarias". O Brasil tem muita terra sub-ocupada e população que pode crescer se não for pressionado pela imigração daqueles que estão atrás de espaço e recursos naturais, esgotados em seus países.
Vejo com inquietação a multiplicação das colônias tecnológicas voltadas para a produção bens e serviços exclusivos para os países que ascenderam ao padrão de consumidor mundial preferencial. O leite terá que enfrentar dificuldades para se adaptar aos influxos desses novos mercados. Se o país apressar o fortalecimento de seu mercado interno, talvez possa "surfar" neles com a força e a segurança dos países economicamente ancorados em si próprios e prósperos o bastante para afastar o espectro colonial da globalização.
O MilkPoint para você: Sem dúvida o melhor e mais democrático espaço de informação qualificada sobre as questões da cadeia do leite no Brasil.

