Mais indústrias param de captar leite no País

O número de unidades processadoras de leite inativas no Brasil aumentou 10,4% no terceiro trimestre do ano. Com as 50 novas paralisações do período, já somam 530 indústrias completamente ociosas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

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O número de unidades processadoras de leite inativas no Brasil aumentou 10,4% no terceiro trimestre do ano. Com as 50 novas paralisações do período, já somam 530 indústrias completamente ociosas, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Só em Minas Gerais, 14 unidades produtivas passaram de ativas a inativas do segundo para o terceiro trimestre. O estado já contabiliza 150 indústrias paradas ante as 553 em atividade. E de outubro em diante outras fábricas mineiras deixaram de produzir leite e derivados, entre elas a Cooperativa Agropecuária de Itapagipe (Copapi), a Cooperativa de Frutal - que operava para a Parmalat- e o Laticínio Mineiro Novo em Três Corações. Juntas, essas unidades processavam cerca de 700 mil litros de leite por dia.

Em São Paulo foram cinco novas paralisações - a mais recente na fábrica da Malibu em Itatiba, que operava pela Parmalat. No Rio de Janeiro ocorreram outras duas paralisações. As indústrias cariocas lideram o ranking de queda no volume de captação de leite. De acordo com levantamento do IBGE, o Rio de Janeiro processou uma quantidade 32% menor entre os meses de julho e setembro em relação aos três meses anteriores - 69,22 milhões de litros. A queda pode, em parte, ser explicada pela interrupção da atividade produtiva em duas indústrias, na fábrica de Itaperuna da Parmalat e na planta da Cooperativa Central de Produtores de Leite (CCPL) que permaneceu parada apenas em setembro.

Em Pernambuco a queda registrada de um trimestre a outro foi de 29,6%. "Até julho o Estado era o segundo maior captador do Nordeste; com os novos números, passou a terceiro", revela Octávio Oliveira, gerente de pecuária do IBGE. Segundo ele, diferente do Rio de Janeiro, lá a produção caiu pela falta de matéria-prima, atingida pela seca.

Mais de 2 mil unidades que sofrem inspeção municipal, estadual e federal foram pesquisadas pelo IBGE. De acordo com levantamento, a indústria captou 4,672 bilhões de litros do produto ao longo de todo o terceiro trimestre de 2008 (queda de 0,5% em relação ao trimestre anterior e aumento de 5,2% em comparação ao igual período de 2007).

Analistas afirmam que apesar da estabilidade apontada pelo IBGE, há menor oferta de leite longa vida e também de queijo no mercado, isso em virtude da falta de capital de giro já sentida pelas empresas. O setor estaria estocado apenas de leite em pó em função da queda nas exportações.

A matéria é de Gilmara Botelho, publicada na Gazeta Mercantil, adaptada e resumida pela Equipe MilkPoint.
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Nezio da Silva
NEZIO DA SILVA

PATO BRANCO - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 08/01/2009

Também observo o setor com olhar clínico. E também estamos vivendo as conseqüências dos fatores considerados externos. Analiso que no tempo das "vacas gordas" o setor fica muito envolvido com a produçao e não tem a prática de parar para se organizar.

Aqui na Região Sudoeste do Paraná existem aproximadamente 50 laticínios, entre grandes, médios e principalmente pequenas unidades industriais. Praticamente não existe nenhuma organização efetivamente liderada e que funcione pelos próprios empreendedores do setor; isso leva e levará o setor sempre a decisões marginais em processos de mudança, especialmente em momentos de crise, que precisam de um nível de organizaçao estrutural e sistêmica mais evoluído.

Por outro lado, temos observado que os próprios empresários, sobretudo os menores, em lições de casa para fazer de forma coletiva, como organizar a coleta de leite nas áreas rurais, montar centrais de compra e vendas coletivas, sem falar que poderiam influenciar muito mais nas políticas públicas, pensando em ampliar programas que pudessem estimular o consumo ou em elaborar estratégicas conjuntas para agregaçao de valor ou exportaçao.

Enfim, em tempos de mudanças, chorar pelo "leite derramado" ajuda pouco. Será preciso ter ainda mais eficiência para competir num ambiente econômico em fase de transição. Pra colaborar com tudo isso, a região vive tempos de estiagem, o que vai afetar também a qualidade das pastagens ou da água utilizada para alimentar os rebanhos.

Nézio José da Silva
SEBRAE/PR
Regional Sudoeste
Pato Branco-PR
João Lúcio de Almeida Silveira
JOÃO LÚCIO DE ALMEIDA SILVEIRA

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 31/12/2008

Continuando minha colocação...

Esqueci de mencionar a grande diferença nas margens de lucro ou margem de contribuição atribuidas ao produto para venda pelo produtor, laticínios e redes de venda e varejo.

A medida do esforço é proporcionalmente inversa ao valor do lucro pretendido. Também quanto as oportunidades: O setor com mais pulverização de produtos atribui maior lucro para venda e o de menor pulverização (produtor = só leite) fica com margem menor.

abç
João Lúcio de Almeida Silveira
JOÃO LÚCIO DE ALMEIDA SILVEIRA

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 31/12/2008

Certamente todos somos consumidores e sofremos com os preços altos. A anos que os produtores trabalham a redução de custo e profissionalização. Já alcançaram parte disso. Mas a nossa cultura (consumidor) também nos impõe problemas. Não muito pensamos e nos aborrecemos ao compararmos o preço do leite que encontramos nas gôndolas com preço da coca-cola, da cerveja, da cachaça, etc. Não me lembro de reclamação do preço da coca-cola ou da cachaça. Da cerveja até vejo em conversa de bar, mas a danada não parou de sair por isso.

Semana passada um produtor me procurou. Óbvio foi irônico. Disse-me: "Fiz questão de tomar uma dose de pinga antes de vir pra cá só para ver o preço e o volume. Paguei R$1,00 (um real) por menos de meio copo (tipo frances). Isso deve representar 100 ml. Recebi R$0,53 pelo litro de leite que produzi. O que você me diz disso?" - Responder a esse tipo de questionamento é facíl. Temos recursos pra responder. O difícil é saber que isso é a nossa dura realidade.

Os setores precisam minimizar os custos para otimizar a produção, mas há uma necessidade maior que escala de valores que atinge a consciencia do consumidor.

abç
Anilton Gonçalves de Oliveira
ANILTON GONÇALVES DE OLIVEIRA

ALEGRETE - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 26/12/2008

Gostaria de saber se a Resolução publicada pelo Governo Federal (não lembro o número), cujo conteúdo previa o repasse de recursos às indústrias do leite que remunerassem melhor o produtor de leite, encontra-se em vigor e se está sendo posta em prática . Caso positivo, queiram informar as empresas que se beneficiaram com tais recursos .
ricardo trindade penha
RICARDO TRINDADE PENHA

CORDISLÂNDIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/12/2008

Realmente é um cenário assustador para a atividade leiteira, mas enquanto se comentam do fechamento de laticinios se esquecem do calote que nós produtores de leite tomamos. Falo diretamente dessa fabriqueta de Três Corações Mineiro Novo, que literalmente nos roubou dois meses de leite.
João Paisana
JOÃO PAISANA

SANTARÉM - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/12/2008

Em Portugal o cenário é catastrófico para 2009: com o fim do regime de quotas leiteiras em 2015, Portugal nunca poderá continuar a competir com países mais frios, que têm menores custos de produção.

A grande distribuição está a aumentar muitissimo as suas margens no leite (de <5% há 3 ou 4 anos para >25% atualmente), o que resulta que estamos a vender o leite ao preço de 1997 e o consumidor a pagar mais do dobro.
Haulivers Oliveira Hauers
HAULIVERS OLIVEIRA HAUERS

BALNEÁRIO CAMBORIÚ - SANTA CATARINA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/12/2008

Estamos nadando contra a maré. As industrias querem sobreviver às custas do produtor e as custas dos varejistas. Ai estouram os caixas, numa gastança igual a atual administração federal (PT).

1-o ideal é leite ao consumidor com preço bom (ele compra para a sua alimentação)
2-o varejista tambem ter lucro
3- a industria administrar bem toda a sua cadeia produtiva
4- diminuir os impostos (municipais, estaduais e federais) pois é leite, alimento de rico e pobre, preto e branco, criança e adulto
5- ai sim vai sobrar um pouco mais para o produtor.

Quem vai ganhar, toda a cadeia envolvida (do produtor ao consumidor), porque ate agora só estão ganhando os Srs governantes.
wender duarte
WENDER DUARTE

ARAÇATUBA - SÃO PAULO - ESTUDANTE

EM 23/12/2008

Eu como consumidor acho que há algo de errado, pois presenciamos a alta continua do leite nas gondolas, podemos perceber que alguns estão ganhando e outros perdendo muito, e como sempre somente o consumidor final paga a conta. Acho que nossos produtores precisam também melhor se organizarem para que possam melhorar a lucratividade e assim continuar a gerar empregos e renda que é o que nosso país precisa.
carlos alberto bertolino
CARLOS ALBERTO BERTOLINO

ITAPAGIPE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/12/2008

É com muita tristeza que deparamos com este cenário sombrio novamente, sem nenhuma visão de melhora para os anos seguintes. Estou me preparando para sair da atividade pecuaria leiteira que era uma das minhas grandes paixões e dedicação na minha vida de anos e anos, fazendo investimentos, apesar de modestos, proporcionando serviços diretos e terceiros. Seleção, inseminação, lavoura, silagem, exames, manutenção em ordenhadeira, aquisição de rações e suplementos, serviços de tratores, manutenção de infra estruturas.

Pretendo em 2009 liquidar todo plantel que vi melhorar a cada dia, pra quê? Vou mudar de atividade e ainda presencio o fechamento da COPAPI (leite lactus) no qual era presidente interino no seus últimos 4 meses de atividade. Sei muito bem o que significa esta crise no setor e ainda mais para os produtores de pequenos e medio porte.
Faquini
FAQUINI

CURITIBA - PARANÁ - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 22/12/2008

Infelizmente as perspectivas são sombrias para 2009, com o atual cenário de estagnação econômica e falta de um programa de incentivo do Governo Federal para a cadeia produtiva do Leite, as Indústrias não terão como sustentar os custos negativos, em detrimento do lucro alcançado pelo varejo.

O leite é o grande chamariz do varejo, supermercando exaltam suas propagandas, fazendo anúncios de leites "baratos".....

Até quando esta situação pode permanecer ?

Os produtores de leite são também afetados por esta situação, muitos fizeram compromissos financeiros, com a perspectiva de manter preços de venda mais elevados, que infelizmente não tiveram como se sustentar.

Por que o Governo Federal dá bilhões de reais para Bancos e Montadoras de Carro, mas não atua na Cadeia Produtiva da Agro Indústria, aonde se gera emprego e renda no campo e na cidade ?

Qual a sua dúvida hoje?