Leite condensado alavanca exportações em julho

A balança comercial de lácteos voltou a ser superavitária em julho. De acordo com dados do Secex (Secretaria de Comércio Exterior), do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), o saldo foi de US$ 1,38 milhão. No mês passado, a balança registrou déficit de US$ 3,8 milhões, após quatro meses consecutivos de superávit.

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A balança comercial de lácteos voltou a ser superavitária em julho. De acordo com dados do Secex (Secretaria de Comércio Exterior), do MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior), o saldo foi de US$ 1,38 milhão. No mês passado, a balança registrou déficit de US$ 3,8 milhões, após quatro meses consecutivos de superávit.

O saldo ficou US$ 252 mil acima do registrado no mesmo período do ano anterior, ou seja, uma variação positiva de 22,2%. Isso pode ser explicado por um novo aumento das exportações de lácteos em julho, que superou um acréscimo ocorrido também nas importações no mesmo mês.

No acumulado do ano, a balança gerou um saldo positivo de US$ 5,5 milhões, enquanto, de janeiro a julho de 2005, houve déficit de US$ 16,78 milhões.

Segundo Rodrigo Alvim, presidente da Comissão da Pecuária de Leite da CNA, o setor está receoso em virtude da aproximação do valor das importações com o das exportações, e quanto a possibilidade disso se tornar uma tendência. Com o dólar enfraquecido, há favorecimento da entrada de produtos mais baratos no mercado interno, o que preocupa o setor.

Gráfico 1. Evolução da Balança Comercial de Lácteos, em valor FOB - Mil US$.

Figura 1

Fonte: Secex
Elaboração: Equipe MilkPoint

Exportações

As exportações em julho estiveram cerca de 62% superiores em volume em relação ao mesmo período do ano passado, ficando em 9,34 mil toneladas. Frente a junho, o volume exportado foi 20,8% maior.

Em valor FOB, as exportações somaram US$ 12,65 milhões em julho, o que representou um aumento de 20,8% em relação a junho e cerca de 18,4% frente ao mesmo período do ano passado.

No acumulado do ano, o volume enviado ao mercado externo apresentou aumento de 37%, e, em valor, de 40%.

Para Alvim, o que tem mantido a balança comercial de lácteos superavitária é o menor preço do leite pago ao produtor, o que gera maior competitividade para exportar.

Segundo dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a média do preço bruto pago ao produtor de janeiro a julho deste ano foi de R$ 0,4669/l, ou seja, 16,83% inferior à média obtida no mesmo período do ano passado, que foi de R$ 0,5614/l.

Em julho, os preços ficaram 11,75% abaixo do valor cotado pelo Cepea no mesmo mês do ano anterior.

De acordo com Otávio Farias, da trading Hoogwegt, as exportações ocorreram um pouco devagar em julho em função dos bons preços do leite UHT e queijos. Apesar disso, o volume vendido ao mercado externo teve um aumento significativo em relação a junho, conforme citado acima. A expectativa para agosto e setembro, segundo Farias, é de aumento do envio de lácteos.

Mesmo com a taxa do dólar ainda desfavorável às exportações, o envio de lácteos atingiu o segundo pico do ano, ficando abaixo apenas do volume vendido em março, de 9,47 milhões de quilos. De acordo com Farias, a moeda estrangeira não tem sido o principal fator limitante às vendas externas, e as condições do mercado interno têm influenciado mais a atividade.

De acordo com Farias, há contratos sendo fechados para os próximos meses independentemente do dólar. Isso porque os agentes da cadeia sabem que nos próximos meses será preciso exportar mais devido ao aumento da oferta e uma possível redução dos preços internos.

Para Alvim, a tendência ainda é um pouco vaga, sendo que o mercado exportador ainda irá depender do mercado interno e do dólar.

Gráfico 2. Evolução das exportações brasileiras, em volume (kg).

Figura 2

Fonte: Secex/MDIC
Elaboração: Equipe MilkPoint

Clique aqui para ver as tabelas 1 e 2 com os dados de exportação, em volume e valor FOB.

Os principais destinos do envio de lácteos em julho foram a Venezuela, responsável por 36,1% das exportações, Filipinas, por 10,4%, Angola, por 9,7% e Cuba, com aproximadamente 8,7%.

É interessante notar que a Venezuela passou de 6,99%, no período de janeiro a julho de 2005, para 29,79% de participação nas exportações brasileiras neste ano, conforme pode ser visto no gráfico abaixo.

Gráfico 3. Participação dos principais países nas exportações brasileiras, em volume, no período de janeiro a julho.

Figura 3

Fonte: Secex/MDIC
Elaboração: Equipe MilkPoint

Os principais produtos exportados em julho foram o leite condensado, responsável por um pouco mais de 70% do volume enviado, seguido do leite UHT, com quase 11,9% das exportações, e os queijos, com 7,4%.

É importante ressaltar que as exportações de leite em pó caíram cerca de 68,6% em julho, e ficaram 84,25% abaixo do volume exportado no mesmo período de 2006. O produto que alavancou as exportações em julho foi o leite condensado, cujo aumento em relação a junho foi de 45,7%.

Além disso, o volume das exportações no acumulado do ano de creme evaporado aumentaram 312% em 2006, as de creme de leite 210% (embora esses dois produtos representem pouco no total exportado) e manteigas 138%, além dos 62% de aumento do leite condensado. As maiores reduções foram de soro de leite (-73%) e queijos (-17,5%), conforme as tabelas 1 e 2.

No gráfico abaixo estão representadas as participações dos principais produtos exportados de janeiro a julho deste ano.

Gráfico 4. Produtos brasileiros exportados de janeiro a julho de 2006; participação em volume.

Figura 4

Fonte: Secex/MDIC
Elaboração: Equipe MilkPoint

Durante todo o ano, o preço médio pago pelas exportações do leite condensado ficaram acima dos obtidos no mesmo período de 2005. Para o leite em pó, o preço médio foi reduzido em julho, ficando pela primeira vez inferior ao do mesmo mês de 2005. O preço médio do queijo tipo mussarela em julho esteve nos mesmos patamares do obtido no mesmo mês do ano anterior.

Comparando-se com o mercado externo, o preço do leite em pó brasileiro ficou mais competitivo em julho, frente aos valores do oeste europeu e da Oceania (Nova Zelândia, maior exportador mundial, e Austrália). E ainda, em junho, mais competitivo em relação à Argentina.

Tabelas 3. Preços dos principais produtos exportados pelo Brasil, em US$/kg.

Figura 5

Tabelas 4, 5 e 6. Preços dos principais produtos exportados do Oeste da Europa, Oceania e Argentina, em US$/kg.

Figura 6

Importações

O volume importado em julho, ao contrário do que era esperado para esse período, foi cerca de 24,1% inferior ao mês anterior e esteve 2,5% abaixo da quantidade comprada no mesmo período de 2005, ficando em 6,35 mil toneladas.

Em valor FOB, as importações atingiram aproximadamente US$ 11,27 milhões, ficando cerca de 21% abaixo do valor obtido em junho, mas 17,9% acima do valor de julho de 2005.

Contrariando a expectativa de aumento das importações, sinalizada pela tendência de redução de oferta - tendo em vista a redução da captação de leite em julho, de acordo com o Cepea, e a menor oferta observada em alguns estados brasileiros - o volume importado recuou em julho.

No acumulado do ano, as importações atingiram 44,9 mil toneladas, volume 4,7% inferior ao do mesmo período de 2005. Em valor FOB, foram importados cerca de US$ 80,38 milhões, o que representa uma redução de 2,9% frente ao mesmo período do ano passado.

Gráfico 5. Importações Brasileiras de Lácteos em volume (mil kg).

Figura 7

Fonte: Secex/MDIC
Elaboração: Equipe MilkPoint

Clique aqui para ver as tabelas 7 e 8 com os dados de importação, em volume e valor FOB.

Os principais países de origem das importações brasileiras foram a Argentina, responsável por 46,9% do volume importado, seguida do Uruguai, com 31,5% e Paraguai, com 4,98%.

É importante notar que em julho quase metade da quantidade importada veio da Argentina. Sendo assim, a discussão, em outubro, sobre a manutenção ou não das tarifas de exportação dos produtos lácteos argentinos será importante para o Brasil.

Os principais produtos importados em julho foram o leite em pó, responsável por 45,8% das importações, seguido do soro de leite, representando 28,5%, e leites UHT, com 16,8% do volume importado.

Abaixo, segue a participação dos principais produtos comprados de janeiro a julho deste ano.

Gráfico 6. Produtos brasileiros importados de janeiro a julho de 2006; participação em volume.

Figura 8

Fonte: Secex/MDIC
Elaboração: Equipe MilkPoint

Aline B. Ferro, Equipe MilkPoint.
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