A Kraft Foods se tornou a mais recente companhia norte-americana a decidir dividir seus negócios, anunciando que separaria suas operações norte-americanas de alimentos das operações internacionais de doces, menos de 18 meses depois de sua tomada hostil de controle acionário da Cadbury, fabricante britânica de chocolates.

A empresa vai promover a cisão de sua divisão de alimentos nos Estados Unidos, que controla marcas como os queijos e massas Kraft, os frios Oscar Mayer e o requeijão Philadelphia.

A divisão de doces têm faturamento de cerca de US$ 32 bilhões e vem crescendo mais rapidamente, com 42% desse avanço vindo dos mercados em desenvolvimento, e controla os biscoitos Oreo, os chocolates Cadbury e Milka e a goma de mascar Trident.

"Quando adquirimos a Cadbury e começamos a organizar a união das duas empresas, avaliamos os planos estratégicos da companhia combinada e ficou claro que seus componentes representavam negócios muito diferentes", disse a presidente-executiva Irene Rosenfeld, apontando para a divergência no ritmo de crescimento e nas prioridades operacionais das duas unidades.

Analistas do Credit Suisse estimaram que a divisão de doces pode crescer em até 7% ao ano, ante o crescimento de 2% estimado para as operações norte-americanas de alimentos da companhia. "A maior queixa que ouvimos sobre essa empresa é que ela é grande demais e lenta demais", afirmaram em nota de pesquisa. "E a decisão anunciada resolve o problema".

As ações da Kraft subiram em mais de 4%, para US$ 35,70, no pregão da manhã em Nova York. A companhia vai promover a cisão com assessoria da Centerview Partners, Evercore Partners e Goldman Sachs. O bilionário Warren Buffett, maior acionista da Kraft com 6% das ações da companhia, recebeu positivamente a decisão de cindi-la. Ele disse à CNBC que havia conversado com Rosenfeld esta semana e que havia aprovado a transação.

Mas a decisão da Cadbury causa irritação no Reino Unido. O grupo norte-americano incomodou muita gente depois de tomar o controle da Cadbury, ao fechar uma fábrica em Bristol, no oeste da Inglaterra, o que acarretou centenas de demissões, apesar de ter prometido mantê-la em operação.

A Kraft prometeu que manteria as demais fábricas abertas por pelo menos dois anos, e que investiria em atividades de pesquisa.

O papel futuro de Rosenfeld continua indefinido, e os nomes que serão adotados pelas duas partes do negócio tampouco foram anunciados.

Sir Roger Carr, que comandou a robusta defesa da Cadbury contra a Kraft quando era presidente do conselho da companhia britânica, aplaudiu a decisão e propôs que a nova empresa use o nome Cadbury. A Kraft espera concluir a cisão até o final do ano que vem.

As informações são da Folha Online, adaptadas pela Equipe MilkPoint.