Duas semanas após a compra do laticínio mineiro Itambé pela francesa Lactalis, a Justiça suspendeu a operação nesta segunda-feira (18). A decisão, do juiz Luis Felipe Ferrari Bedendi, da 1ª Vara Empresarial de São Paulo, interrompe um negócio que supera R$ 1,4 bilhão.
Agora suspensa, a situação fica congelada no patamar anterior ao negócio e pode dificultar as operações da empresa enquanto não se encontra uma solução. Antes de ser comprada pela companhia francesa, no início deste mês, a Itambé pertencia à CCPR (Cooperativa de Produtores de Leite de Minas Gerais).
Os franceses passaram na frente da Lala, companhia mexicana que também tentava comprar a Itambé e que recentemente comprou a Vigor, vendida pela J&F depois da crise provocada pela delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista em maio deste ano. A operação ainda estava sujeita à apreciação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
A cooperativa mineira dividia o controle da Itambé com a J&F, cada uma com 50%, desde 2013, mas neste ano resolveu exercer seu direito de preferência e recomprar a fatia que pertencia à família Batista. Para exercer seu direito de preferência e evitar o negócio com a Lala, a CCPR pediu apoio da Codemig (Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais) e do BNDES.
A Codemig chegou a aprovar um aporte de R$ 587 milhões para a CCPR, mas o empréstimo não foi feito. A diretoria da CCPR preferiu fechar o negócio com a Lactalis.
Com a aquisição de 100% da Itambé Alimentos, a Lactalis se tornaria líder na captação de leite no país, ultrapassando a suíça Nestlé. Conforme o último ranking da Leite Brasil, a Lactalis captou no ano passado 1,622 bilhão de litros de leite, atrás da Nestlé, que comprou 1,690 bilhão de litros de produtores e cooperativas.
Esta matéria é composta por informações do MilkPoint, Exame e jornal Folha de São Paulo.