O menor déficit desse ano ser explicado pelo aumento das exportações. Mesmo com déficit, o Brasil aumentou as exportações em valor, como será abordado adiante, e praticamente manteve o valor das importações, mesmo com a taxa de câmbio ainda desfavorável às exportações. Em junho a média da cotação do dólar foi de R$ 2,25 - cerca de 6,6% mais baixa de comparado à média do mesmo mês de 2005, quando ficou em R$ 2,41, segundo dados do Banco Central.
Gráfico 1. Balança Comercial de Lácteos - Valor FOB (mil US$) - Julho de 2005 a Junho de 2006.

Fonte: MDIC
Elaborado pela Equipe MilkPoint.
Exportações
O valor das exportações de junho teve um aumento de aproximadamente 42% frente ao mesmo período do ano passado, ficando em US$ 10,4 milhões. O principal destino do envio da mercadoria brasileira foi a Venezuela, que representou cerca de 37% das vendas de lácteos.
No acumulado do ano, as exportações foram de US$ 73,2 milhões, valor 44,5% superior ao primeiro semestre de 2005.
Em termos de volume, o Brasil exportou quase 7 mil toneladas em junho, quantidade cerca de 30% superior ao mesmo período do ano passado. No acumulado do ano, as exportações foram de 43,4 mil toneladas - mais de 32% a mais em relação ao período referente de 2005.
Em relação a maio, as exportações foram quase 7% menores em valor, embora 1,44% maiores em volume.
A balança, segundo André Mesquita, da trading Serlac, em palestra ministrada no 9º Congresso Pan-Americano de Leite, é sempre atrasada em relação ao câmbio e preços externos, sendo o efeito dado cerca de dois meses depois, tanto para a importação como para a exportação. Os aumentos no valor exportado neste ano, segundo Mesquita, se devem à queda de preços ocorrida no final do ano passado.
É como se estivesse "colhendo os frutos" dessa crise. Com os preços internos em baixa, a melhor opção seria exportar. Assim, como a situação era favorável às vendas externas naquele período, foram feitos contratos de exportação, que normalmente são efetuados até meses depois. Portanto, até o mês de junho deste ano foram efetuados contratos antigos, que já estão se encerrando.
Esse é um dos fatores que apontam a queda das exportações em junho e a provável redução também em julho. Normalmente, com a atual valorização do real frente ao dólar, as exportações seriam menores ao longo do ano.
As perspectivas, de acordo com Mesquita, é que a balança seja importadora no segundo semestre do ano, principalmente pela finalização dos contratos antigos e pela taxa de câmbio desfavorável às exportações.
Outro ponto que pode explicar a queda das exportações em relação a maio é a menor oferta em diversos estados produtores em virtude da estiagem, que compromete a produção de pastagens.
O presidente da Comissão de Pecuária de Leite da CNA, Rodrigo Alvim ressaltou que as vendas externas do Brasil só se mantiveram competitivas devido à redução dos preços pagos ao produtor. Segundo ele, a média dos valores pagos pelo litro de leite no país em junho deste ano está R$ 0,10 abaixo da média do mesmo mês do ano passado ou o equivalente a R$ 0,49. "É isso que está tornando o Brasil competitivo no mercado internacional, com o atual patamar do dólar", disse.
De acordo com Alvim, como o consumo no mercado interno cresceu pouco e não há demanda para absorver o excesso de oferta, as indústrias têm que recorrer ao mercado internacional com preços competitivos.
Gráfico 2. Exportações Brasileiras de Lácteos em valor FOB ( US$)

Fonte: MDIC
Elaborado pela Equipe MilkPoint.
Tabelas 1 e 2. Exportações Brasileiras de Lácteos em valor FOB e quantidade.
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Os principais produtos exportados foram o leite condensado, representando 57,67% do valor enviado ao mercado externo, o leite em pó, com 22,3% das vendas, e os queijos, com 13,66%.
Gráfico 3. Produtos exportados em valor FOB em junho de 2006

Fonte: MDIC
Elaborado pela Equipe MilkPoint.
Importações
As importações alcançaram o pico em valor, entre todos os meses do ano. Apesar de terem sido mais representativas que as exportações em junho, foram praticamente estáveis em relação ao mesmo mês do ano passado, apresentando um aumento de apenas 1,14%, e representaram um valor de aproximadamente US$ 14,3 milhões.
No acumulado do ano, as importações foram de US$ 69,1 milhões - cerca de 0,76% a menos que o primeiro semestre de 2005.
Em volume, o Brasil comprou o equivalente a 8,3 mil toneladas de lácteos no mercado externo, quantidade apenas 0,1% superior a junho de 2005. No acumulado do ano, o volume foi de 38,6 mil toneladas, enquanto que no mesmo período do ano passado as importações somaram cerca de 40,7 mil toneladas.
Em relação a maio, houve um aumento de quase 84% em valor FOB e de 104% em volume.
O Brasil efetuou compras de lácteos principalmente da Argentina (responsável por 47,64% das importações em junho) e Uruguai (32,3%).
O momento é propício às importações, visto que o real continua valorizado frente ao dólar. Além disso, ao que tudo indica, com a menor oferta em várias regiões produtoras, a tendência é de menor oferta nacional, abrindo maior espaço à entrada da mercadoria estrangeira em julho.
Como sinalizador, pelo menos temporário, do avanço das compras externas, a média de importação da primeira semana de julho divulgada pela Secex foi 25,6% maior que a média diária de junho, e 97,9% superior à média de julho do ano passado.
Gráfico 4. Importações Brasileiras de Lácteos em Valor FOB (mil US$)

Fonte: MDIC
Elaborado pela Equipe MilkPoint.
Tabelas 3 e 4. Importações Brasileiras de Lácteos em valor FOB e quantidade.
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Os principais produtos importados foram o leite em pó, responsável por 63,93% do valor das importações, e o soro de leite, representando 23,93% das compras do mercado externo.
Gráfico 5. Produtos importados em valor FOB em junho de 2006

Fonte: MDIC
Elaborado pela Equipe MilkPoint.
Aline Ferro, Equipe MilkPoint
