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João Paulo V. Alves dos Santos, produtor de leite, consultor técnico e professor

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 05/04/2010

6 MIN DE LEITURA

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João Paulo Vaienti Alves dos Santos

João Paulo Vaienti Alves dos Santos é engenheiro agrônomo e produtor de leite na Fazenda Fidenza, em São Manuel-SP. Formado pela ESALQ-USP, é também consultor técnico e professor responsável pelas disciplinas de produção animal do curso de Agronomia da Faculdade Eduvale, em Avaré-SP.


MKP: Breve descrição pessoal e profissional.

João Paulo Vaienti Alves dos Santos é engenheiro agrônomo formado pela ESALQ-USP em 2000 e especializado em Produção de Ruminantes (2002-2003) pela mesma instituição. Trabalhou no site MilkPoint como articulista e colaborador da seção "Sistemas de Produção". Atualmente presta consultoria técnica agropecuária através da empresa: Manejo - Assessoria, Consultoria e Planejamento Ltda.

É produtor de leite na Fazenda Fidenza, em São Manuel-SP, e atuando como professor, é responsável pelas disciplinas de produção animal do curso de Agronomia da Faculdade Eduvale, em Avaré-SP.

MKP: Como é sua propriedade leiteira?

Nossa propriedade está situada no município de São Manuel-SP, em solo arenoso de baixa fertilidade, em região essencialmente canavieira e topografia plana/levemente acidentada. A produção de leite B, com ordenha mecanizada, é a nossa principal atividade e fonte de renda.

Estamos na atividade desde 1979 quando adquirimos as primeiras 10 vacas holandesas (HPB). Em 1988 passamos a trabalhar somente com inseminação artificial. Hoje, trabalhamos também com transferência de embrião. O sistema de produção adotado é o confinamento total, durante todo o ano, em galpões tipo free-stall.

O principal alimento volumoso é a silagem de milho, produzida na fazenda, mais concentrado (misturado na fazenda) e subprodutos (polpa cítrica e caroço de algodão) que perfazem a dieta total. Os animais em lactação são divididos em lotes de acordo com o estágio de lactação e produção em regime de dieta única. Para os animais em recria e vacas secas, adotamos o pastejo com suplementação (pastejo rotacionado de braquiária e concentrado no período das águas). No inverno a suplementação, além do concentrado, é feita com silagem de milho e/ou forrageiras suplementares alternativas (tifton) para suprir a queda de produção das pastagens.

MKP: Quais são as principais dificuldades que você tem na atividade?

São diversas as dificuldades.

A primeira talvez esteja associada à dependência de insumos que oscilam de preço abruptamente gerando aumento ou redução de custos de modo aleatório em relação à política de preços praticados pelo mercado. Sabemos que são realidades e demandas completamente diferentes (varejo x indústria x produtores), cada qual atende e atua sobre o seu nicho específico, visando a rentabilidade e trabalhando muitas vezes ao longo do ano sem sincronismo e harmonia.

Há quem diga que isso faz parte da logística da livre concorrência, ou seja, do sistema capitalista em si. Acredito no mercado aberto, no entanto com restrições. Se toda a liberalidade fosse benéfica não haveria a crise imobiliária norte-americana, nem mesmo a permissão da OMC ao Brasil em retaliar, atualmente os EUA na recente vitória envolvendo o mercado do algodão. Logo, deve haver um mínimo de regulamentação.

Ainda e, infelizmente, somos o elo mais fraco da cadeia. Precisamos mudar a maneira de enxergarmos as relações entre os três segmentos de mercado mencionados. A meu ver, há a necessidade de uma maior integração entre os mesmos, principalmente entre produtores e indústria. Acredito que daremos um salto qualitativo e com maiores chances de ganho para as partes quando indústria e produtores perceberem que são verdadeiros parceiros, aliados e não inimigos. Os interesses são os mesmos, o aumento do consumo. Existem diversos exemplos no mundo que indicam que este é o caminho mais indicado. Basta verificar o modelo cooperativista neozelandês ou mesmo o marketing institucional do leite nos EUA (a famosa campanha: Got Milk?!). Quem são os maiores beneficiários? Produtores e Indústria.

Outra dificuldade que realmente compromete o desenvolvimento do setor é a qualidade do leite. Creio que todos os problemas sérios envolvendo o setor leiteiro poderão ser resolvidos na medida em que avançarmos sobre esta questão. É necessário produzir leite com qualidade e ser remunerado por isso. Felizmente algumas empresas (indústrias) estão começando a entender que este é o caminho, apresentando projetos promissores. O produtor deve focar na qualidade para obter o melhor preço. A indústria, por sua vez, pode e deve saber vender um produto de qualidade. Através da relação: "qualidade" vs "fixação da marca" é possível conquistarmos mercado, mesmo com produtos de demanda elástica como o leite.

Não adianta discutirmos técnicas de produção envolvendo nutrição, manejo, sanidade, reprodução se não soubermos como produzir, primeiramente, um produto digno para o consumo humano, um produto de qualidade. Quando o consumidor tiver acesso a um produto integral, refrigerado, com vida útil de 5 a 7 dias conservado sob refrigeração, será decretada a morte do leite longa vida. Este deve ser o nosso objetivo. Não só dos produtores, mas da indústria como um todo, que deve assumir a responsabilidade em gerenciar, orientar e promover o consumo de produtos lácteos com garantia de origem e qualidade comprovada.

A partir do momento em que a qualidade do leite melhorar, o setor como um todo irá crescer. Digo isso com muita confiança porque não há como se produzir leite de qualidade sem nutrição adequada, manejo, sanidade, equipamento adequado, refrigeração eficiente, etc. A qualidade do leite é a mola propulsora para o sucesso e obtenção de índices zootécnicos econômicos e financeiros satisfatórios para o produtor, e certamente para a indústria também.

MKP: O que está melhorando no setor?

Muitas avanços aconteceram, felizmente, nos últimos anos.

No campo houve grande avanço. Os envolvidos com a atividade perceberam que para se obter sucesso é preciso implantar uma gestão eficiente. Desta forma, não há mais espaço para "aventureiros" e "extrativistas". A implantação da IN 51, apesar de muito criticada por alguns agentes do setor, foi a primeira e grande medida inicial que propiciou melhorias e ganhos nas condições para se produzir leite.

Paralelamente, programas e projetos envolvendo assistência técnica foram criados com grande êxito, como o Balde Cheio (Embrapa) e suas variações, como o CATI-Leite no estado de São Paulo. Apesar de ser uma atividade extremamente difícil e complexa, em alguns casos, pequenas mudanças e orientações técnicas pertinentes e implantadas com disciplina dentro de um sistema de produção podem gerar grandes resultados.

Acredito que a imagem do pecuarista e principalmente do pecuarista produtor de leite esteja mudando. Antes, motivo de gozação. Hoje os produtores de leite são cada vez mais respeitados em suas comunidades e a atividade é encarada como um "negócio" em diversas localidades do Brasil. Isso é muito importante pois mexe com a autoestima do produtor e faz com que o mesmo acredite que é possível evoluir, crescer e sobreviver do leite com rentabilidade muito superior a muitas culturas tradicionais.

Em termos de mercado consumidor também houve grandes modificações. O setor se profissionalizou. A indústria de lácteos cresceu e se diversificou ao longo dos anos com a criação de uma enormidade de produtos (derivados) focados para atender diferentes perfis de consumidores e diferentes classes sociais. Cada vez mais os consumidores estão preocupados com a saúde e o consumo de alimentos saudáveis. Neste quesito acredito que o leite leva grande vantagem em relação a outros alimentos e este é um mercado promissor que está sendo cada vez mais explorado e tende a crescer. Produtos específicos para diferentes faixas etárias, focados em diferentes necessidades (esporte, saúde, suplementação, bem-estar) já são encontrados em grande quantidade e variedade nas principais redes de supermercado.

Este cenário, comum hoje, não era a realidade de alguns anos atrás. Felizmente, evoluímos.

MKP: Qual personalidade admira no setor?

Jorge Hildebrandt Gonzales.

MKP: Qual empresa admira no setor?

Nestlé Alimentos.

MKP: Dica de sucesso ou frase preferida

Fico com uma frase preferida: "Even for a cow, life is about choices", ou seja, numa tradução adaptada, algo como: "até mesmo para vacas, a vida é uma questão de escolhas" (é uma propaganda de uma empresa americana do setor de nutrição de bovinos de leite de alta produção onde aparece uma foto com vacas selecionando a dieta no cocho).

MKP: Quais os serviços do MilkPoint você utiliza mais?

Os serviços que mais utilizo são as notícias do Giro Lácteo, Radares Técnicos e Blogs (MyPoint).

Como o MilkPoint lhe auxilia no dia-a-dia?

O MilkPoint para mim hoje é "a fonte", "o porto", a garantia de acesso à informação e conteúdo específico de qualidade. Uma necessidade para todos aqueles que trabalham com leite, uma ferramenta de trabalho... Imprescindível!

Conheça mais sobre a participação do João Paulo V. Alves dos Santos no MilkPoint, visitando seu blog Porteira Adentro, no MyPoint.

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JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

LENÇÓIS PAULISTA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/04/2010

Prezado Paulo,

Agradeço suas palavras. Para maiores dados e informações (sigilosas uma vez que envolvem aspectos mercadológicos) recomendo que entre em contato direto via email disponível em nosso blog (Porteira Adentro).

Um abraço, até!



PAULO ROBERTO FALCÃO LEAL

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/04/2010

Caro João Paulo, parabéns pela entrevista. Suas palavras são sensatas e coerentes. Gostei tanto de suas ideias que li seus outros artigos, igualmente interessantes, neste site. Estou iniciando na atividade, e suas opiniões são muito valiosas. Gostaria de saber qual sua media e seu custo de produção dia. Agradeço se informar o índice de prenhez em TE. Obrigado Paulo
JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

LENÇÓIS PAULISTA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 12/04/2010

Prezado Fred,

Continue na luta, no seu caminho e procure a Vigilância Sanitária do seu município para "denunciar" estes transgressores da Lei. Infelizmente absurdos como o relatado por você fazem parte da nossa realidade como produtores.

A conscientização e trabalho de pessoas como você é de suma importância para o desenvolvimento do setor. Parabéns.

Um abraço!
JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

LENÇÓIS PAULISTA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 12/04/2010

Prezado João Fernando,

Obrigado pelas palavras, forte abraço!
JOÃO PAULO V. ALVES DOS SANTOS

LENÇÓIS PAULISTA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 12/04/2010

Prezado Marcello,

Obrigado pelas considerações.

Concordo com sua análise em relação ao "Leite Padrão" e acho que ainda estamos apenas no começo. Independentemente da terminologia empregada, precisamos lutar pela qualidade, sempre. Eu, particularmente acredito que não deva existir um leite A, B ou C. O que deve existir é leite. Agora, o que é o produto: leite e quais os requisitos mínimos em termos de qualidade para que o mesmo possa ser comercializado, eis a questão (como você bem colocou). Mesmo longe do ideal a IN 51, a meu ver, ressalto, é um começo.

O que considero de suma importância é o pagamento adicional não só por qualidade mas também por volume. As vantagens comparativas para quem capta um maior volume de qualidade são grandes e cabe a indústria reconhecer e investir (regime de parceria) de modo justo nestes produtores, uma vez que o crescimento destes, indiretamente, representaria também o seu crescimento (indústria).

Cabe aqui uma pergunta: se fôssemos mais exigentes ainda, em termos de qualidade, via normativas, quais seriam as consequências em termos de mercado?!

Um abraço, até!

FRED QUEIROZ

REDENÇÃO - PARÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/04/2010

Sou produtor de leite em Redençao-PA, ha pouco tempo montei um laticinio na minha fazenda, onde pasteurizo leite vizando a venda no atacado ,meu maior problema e a concorrencia desleal do leite in natura,vendida por motoqueiros em toda cidade,acho de estrema importancia que a populaçao do meu municipio beba leite pasteurizado integral , tenho certeza que este e um desafio que vencerei...

ate mais...
JOÃO FERNANDO DOS SANTOS

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/04/2010

Sou um admirador do João Paulo e de sua dedicação a atividade leiteira, e da fazenda Fidenza sempre bem administrada, também sob os olhos atentos do José Humberto, um abraço a voces.
MARCELLO DE MOURA CAMPOS FILHO

CAMPINAS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/04/2010

Caro João Paulo.

Como produtor e vizinho, acompanho sua trajetória a anos. Parabens pelo que você é, como profissional na pecuária de leite e como pessoa humana.

A "morte do longa vida" em função de um leite pasteurizado de qualidade que possa durar de 5 a 7 dias refrigerado vai demorar um pouco, em função de um equívoco da indústria e cooperativas, que interpretaram que com a IN 51 acabaria o leite B de melhor qualidade e ficaria apenas o "leite padrão", que corresponderia ao antigo leite C com requisitos de qualidade um pouco melhorada. O erro que cometeram foi não entender que o "leite padrão" na IN 51 corresponde ao padrão mínimo para o leite pasteurizado e não um padrão único para o leite pasteurizado. Além da IN 51 deixar muito claro isso, não teria sentido o MAPA fazer uma instrução normativa para limitar por baixo a qualidade do leite pasteurizado. Hoje o volume de leite B produzido é muito pequeno. É preciso que a indústria do leite pasteurizado perceba esse equivoco, para começar a trabalhar para colocar um volume maior de leite B no mercado e poder oferecer ao consumidor o leite pasteurizado de melhor qualidade, e aí começar a recuperar parte do espaço que perdeu para o longa vida.

Abraço

Marcello de Moura Campos Filho

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