Indústria de UHT ameaça sair de SP com fim de subsídio
A Secretaria de Estado da Fazenda informou que o decreto 52.381 alterou a forma de tributação pelo ICMS das operações com leite longa vida, buscando estimular a produção de leite no Estado de São Paulo. Segundo a secretaria, atualmente, as saídas de leite longa vida dos laticínios sofrem a incidência de uma carga tributária correspondente a 7% do valor da operação, mas é outorgado um crédito correspondente a 6,7%, restando uma carga de 0,3% à indústria. A partir de 1º de janeiro, termina a permissão de crédito nas aquisições do leite em outros Estados.
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O fim dos subsídios à produção leiteira em São Paulo pode acabar transferindo fábricas para Minas Gerais, visto que a maior parte do leite industrializado no estado paulista vem de produtores mineiros. A retirada do crédito de ICMS encarecerá o leite entre 7% e 10%, segundo duas indústrias instaladas na região de Ribeirão Preto. De acordo com as empresas, sem o crédito presumido, ficará inviável produzir em São Paulo a partir de matéria-prima adquirida em Minas.
A Nilza capta diariamente 750 mil litros de leite, dos quais 600 mil são produzidos em Minas. Já a Jussara capta 500 mil litros por dia, dos quais 350 mil litros vêm de Minas. "A mudança na tributação, a partir de 1º de janeiro, deve resultar na perda da maior parte das indústrias de leite longa vida, que devem sair do estado. Se perdermos o incentivo, será mais fácil produzir fora do estado", avisou o diretor comercial da Jussara e vice-presidente da ABLV (Associação Brasileira do Leite Longa Vida), Laércio Barbosa.
Segundo Barbosa, como São Paulo não tem produção primária grande, a indústria é obrigada a se abastecer fora e industrializar no estado. "Como não conseguimos repassar a alta ao consumidor, ou a gente vai perder espaço ou mudar as fábricas para fora do estado", disse.
"Eles [o governo] argumentam que dão subsídio ao setor e que a política do estado é a de não dar subsídios. Mas o leite é subsidiado em todo o país. Se tirar [de São Paulo], as empresas de fora ficam mais competitivas. Já há leite de Rio Grande do Sul e Santa Catarina sendo vendido aqui mais barato que o nosso", ressaltou Barbosa em reportagem de Marcelo Toledo, da Folha de S.Paulo.
De acordo com o diretor industrial da Nilza, Marcelo Nogueira, a perda do subsídio pode inviabilizar o projeto industrial no Estado. "Dependendo do "time" que o Estado der, vai obrigar as empresas a ficar só com o leite do Estado. Dos 750 mil litros que captamos por dia, só 150 mil são de São Paulo. Imagine partir de 750 mil e voltar a 150 mil. Cria um colapso."
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PATROCÍNIO PAULISTA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS
EM 27/12/2007
Basta uma ida a qualquer supermercado em São Paulo para verificar que os preços mais competitivos de leite longa vida vêm de fora do estado, muitas vezes de distancias de mais de 1000 km. Como explicar essa diferença de competitividade se os preços ao produtor, custos de embalagens e custos de produção são praticamente os mesmos? A resposta é uma só: incentivos fiscais.
Por exemplo, notícia de hoje do Milkpoint confirma que o RS concede R$ 200 milhões por ano de incentivos à industria láctea daquele estado. Com a guerra fiscal, outros estados atraíram indústrias através da concessão de incentivos e essas indústrias ao se instalarem estimularam a produção local.
São Paulo, que já ocupou o segundo lugar no ranking nacional de produção leiteira, deve fechar o ano de 2007 na sexta posição, atrás de MG, PR, RS, GO e SC. Saliente-se ainda que o preço pago ao produtor paulista é o maior do Brasil.
Ao se retirar o incentivo paulista, o governo vai apenas encarecer ainda mais o leite UHT produzido em São Paulo, que perderá o seu já restrito espaço no mercado. De fato, dos 2,5 bilhões de leite UHT consumidor por ano em São Paulo, dois terços são importados de outros estados, sendo apenas cerca de 850 milhões de litros produzidos localmente.
É um erro achar que a retirada dos incentivos vai beneficiar o produtor, pois se a indústria perder condições de competir deverá transferir produção para outros estados, diminuindo a competição na captação de leite aqui em São Paulo, o que certamente terá impacto nos preços.
O ideal seria o fim de todos os subsídios em todos os estados da federação, com a aprovação de uma reforma tributária que acabasse com a guerra fiscal. No entanto, se São Paulo agir unilateralmente na retirada dos subsídios, estará beneficiando diretamente os produtores de outros estados que já anunciaram que manterão os seus incentivos. E daqui a alguns anos, estaremos lutando pela décima posição no ranking de produção.

ALTINÓPOLIS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 27/12/2007

IPUÃ - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 26/12/2007
LENÇÓIS PAULISTA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
EM 26/12/2007
Considero o subsídio existente para o UHT um incentivo a Tetrapak ou outras fabricantes de embalagem, que pelos preços correntes, representam no mínimo 30% do custo de prateleira, principalmente do leite Nilza e às vezes 40% do Jussara, só para citarmos os produtos cujos diretores se pronunciaram na reportagem.
Não é verdade que a transferência das unidades de UHT irão causar um desemprego grande, pois,salvo melhor juízo, essas máquinas são totalmente automatizadas, operadas no máximo por uma ou duas pessoas. Considero que o leite produzido no estado de São Paulo atende perfeitamente a demanda do leite pasteurizado. Caso haja consumidor querendo o leite UHT, terá que pagar o preço real, sem subsídio. O real subsídio deve estar perfeitamente ligado ao pasteurizado, seja A, B ouC.
Seria um erro o governo paulista atender as demandas desses laticínios. O que deve ficar claro que este não é o desejo, creio eu, dos produtores paulistas. Que se pronuncie a Leite São Paulo e a CNA, defendendo o interesse real dos produtores paulistas e deixemos as outras entidades defendendo o interesse da indústria.
José Humberto A. dos Santos
Produtor de leite em São Manuel (SP), usando o espaço de João Paulo V. A. dos Santos.