Índices de produtividade de volta à discussão

Em meio da forte crise de liquidez no setor rural derivada dos problemas financeiros internacionais, o Ministério da Agricultura causou uma forte reação negativa da bancada ruralista do Congresso ao convocar uma reunião do Conselho Nacional de Política Agrícola (CNPA) para avaliar uma proposta de alteração nos índices de produtividade agropecuária para fins de desapropriação à reforma agrária.

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Em meio da forte crise de liquidez no setor rural derivada dos problemas financeiros internacionais, o Ministério da Agricultura causou uma forte reação negativa da bancada ruralista do Congresso ao convocar uma reunião do Conselho Nacional de Política Agrícola (CNPA) para avaliar uma proposta de alteração nos índices de produtividade agropecuária para fins de desapropriação à reforma agrária.

Uma comitiva de deputados e senadores ruralistas cobrou ontem do ministro interino Silas Brasileiro o cancelamento da reunião prevista para segunda-feira. Lideranças da Confederação da Agricultura e Pecuária (CNA) e da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) rejeitaram com veemência a apresentação da proposta em um momento considerado delicado para o setor. Para acalmar os ânimos exaltados, Silas Brasileiro prometeu aos ruralistas defender o adiamento da proposta em conversas com o ministro Reinhold Stephanes, em férias desde a terça-feira passada.

A proposta do Ministério da Agricultura, preparada pela Assessoria de Gestão Estratégica, prevê o uso de parâmetros estatísticos baseados em dados da Pesquisa Agrícola Municipal (PAM) do IBGE por microrregiões. Um primeiro "filtro" para estabelecer as áreas escolhidas seria o quarto dos municípios com média de produtividade mais baixa segundo as microrregiões nos últimos dez anos. Um segundo ponto seria o tamanho da propriedade média. E o terceiro, o nível de tecnologia adotada. Áreas de uso intensivo de tecnologia, mas com baixa produtividade, seriam incluídas em vistorias do Incra para efeitos de futuro aproveitamento na reforma agrária.

O estudo do ministério determinou o percentual das propriedades que estariam sujeitas à reforma agrária em razão de baixos índices de produtividade. Também calculou quanto essa produção significaria de "perda" para cada microrregião e Estado.

Mesmo com critérios técnicos, e sob forte pressão dos movimentos sociais, os ruralistas rejeitam qualquer tentativa de conversa sobre uma revisão dos índices de produtividade. O assunto tem sido motivo de polêmicas e desavenças dentro do governo nos últimos quatro anos. Mesmo atendendo, de maneira geral, aos interesses dos partidários do agronegócio e dos defensores de novos assentamentos, o tema tem potencial para desagradar à clientela dos ministérios do Desenvolvimento Agrário e da Agricultura, ambos em confronto aberto desde o início das discussões sobre o tema, no início de 2004. A primeira proposta conjunta foi aprovada por consenso pelos ex-ministros Miguel Rossetto e Roberto Rodrigues antes de ambos deixarem o governo Lula.

Os novos índices ficarão bem mais próximos da média de produtividade medida nos últimos anos anteriores à Pesquisa Agrícola Municipal do IBGE, realizada em 2004. Mas o tema continua naturalmente explosivo para ruralistas e movimentos sociais, como o MST e suas dissidências. Em sua versão anterior, o governo queria aplicada a propriedades com área acima de 15 módulos fiscais.

O tamanho dos módulos variam a cada Estado. Na região Sul do país, chega a 20 hectares. Em Mato Grosso, a 90 hectares. Ou seja, a medida valeria para fazendas acima de 300 hectares no Sul e de 1,4 mil hectares no Centro-Oeste. Haveria 99 mil propriedades com área superior a 15 módulos no país, segundo dados do Censo Agropecuário do IBGE de 1996. Isso seriam apenas 2% do total de estabelecimentos rurais, mas significariam 52% da área total.

A matéria é de Mauro Zanatta, publicada no jornal Valor Econômico, adaptada e resumida pela Equipe MilkPoint.
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Evándro d. Sàmtos
EVÁNDRO D. SÀMTOS

GUARULHOS - SÃO PAULO - FRIGORÍFICOS

EM 28/11/2008

Esta é uma questão de alta relevância, e naturalmente causa conflitos.

Mas é fundamental que ocorra divisões de áreas não produtivas ou com pouca produtividade, desta forma seria maior a divisão de renda e também seria mais equânime a relação de financiamentos públicos e privados, além de tornar estes empréstimos menos duvidosos, no sentido de se saber ao certo se o dinheiro vai de fato para o que se propõem, e também relativo a pagamentos em dia e crescimento da oferta de produtos oriundos destas áreas.

No atual modelo capitalista (canibalista) isto dói sobre maneira aos que amealharam ao longo dos anos e com a ajuda, por vezes desmedidas, de entidades publicas ou políticas as suas fortunas, mas não pode mais continuar assim.

A concentração de renda em nosso país é perversa, muitos querem produzir e não podem, alguns querem e podem especular com suas terras, com o mínimo de produtividade.

O mesmo deveria acontecer também com empresas, deveria haver uma reforma empresarial, de forma que aqueles que só sobrevivem com dinheiro publico dessem seus jeitos de se tornarem mais eficientes.

Na área frigorífica as perdas das indústrias na produção, estimo, sejam da ordem de aproximadamente 15%, um absurdo!

Maior absurdo ainda é ver o BNDES dar dinheiro a rodo a alguns em detrimento de outros que deveriam ter os mesmo direitos.

Espero (utopicamente) que esta crise seja tão profunda quanto for necessária não apenas para mudar o sistema financeiro do mundo, mas para mudar o capitalismo como é atualmente.

Não sou socialista mais entendo que, como sempre, o caminho do meio é o melhor.

O 1º ministro da Inglaterra que antecedeu o atual (Tony Blair) quando assumiu esta cadeira defendia uma "terceira via" talvez seja o momento para retomar as discussões a esta proposta.

Cada vez mais se torna notório o declínio do capitalismo, as pessoas se tornam cada vez mais individualistas, egoístas, egocêntricas, malvadas mesmo!

Até quando?

Cada vez vemos mais injustiças sociais no mundo.

Quem são os compradores do que se produz no mundo, senão estas pessoas, que estão cada vez mais combalidas sócio e economicamente?

Cada vez mais este sistema se mostra burro, as pessoas que têm poder e dinheiro só conseguem enxergar os seus próprios umbigos, não conseguem enxergar um palmo adiante de suas "próprias" necessidades.

Diz-se ser humano e não ter humano.

Ter é bom, necessário, mas deveria ser uma conseqüência de capacidade e de trabalho, não de especulação.
Qual a sua dúvida hoje?