IN 51: Contagem bacteriana total é principal problema
Durante o II Congresso Brasileiro de Qualidade do Leite, realizado em Goiânia, de 23 a 25/10 e promovido pelo CBQL, Sindileite e UFG, os laboratórios da RBQL apresentaram os dados referentes às análises de leite realizadas no último ano, refletindo o período de pouco mais de 1 ano desde a implantação da IN 51 nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
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O primeiro ponto relatado e que preocupou os participantes é a infra-estrutura disponível nos laboratórios, que permite pouco acréscimo no número de análises. Quase todos os laboratórios estão atuando quase em suas capacidades máximas e qualquer problema com as linhas de análise ou mesmo com o aumento no número de amostras realizadas coloca em risco esse item fundamental da IN 51. Uma exceção é o LQL, da UFG, que tem capacidade para 50.000 amostras por mês e está analisando 35.000.
João Dürr, presidente do CBQL e responsável pelo laboratório de Passo Fundo, enfatizou a necessidade dos padrões de análises serem produzidos aqui no Brasil, ao invés de serem importados do Canadá e dos EUA. "Em 1998, quando começaram as conversas sobre a IN 51, já falávamos ao Mapa que os padrões tinham de ser produzidos aqui, mas até agora, nada", reclamou. Na mesma linha, o laboratório oficial em Pedro Leopoldo, MG, ainda não está atuando como laboratório de referência para a IN 51.
Em relação às análises reportadas pelos laboratórios, os principais problemas hoje residem no extrato seco desengordurado (ESD) e na contagem bacteriana total. Nesse último item, cerca de 40% das amostras analisadas no Paraná, por exemplo, estão fora do limite superior da IN 51, de 1 milhão de UFC/ml. No laboratório de Passo Fundo, no RS, que tem a maior capacidade de análise hoje, o número é mais desanimador: cerca de 60% das amostras estão fora dos padrões para CBT. Em outros estados, o resultado é melhor, ficando entre 14% (São Paulo), 18% (UFMG) e 25% (Goiás) de não conformidade para esse item.
No caso do ESD, os valores também distoam dos preconizados pela IN 51. Na Clínica do Leite, da ESALQ/USP, 20% das amostras estão fora, em comparação a 11% para gordura e apenas 4% para proteína. Segundo o Prof. Paulo Machado, coordenador da Clínica do Leite, em função dessas discrepâncias, talvez o padrão utilizado pela IN 51 para ESD esteja errado. A Clínica do Leite analisa também uréia com o intuito de orientar a nutrição das fazendas. O valor médio de 7,96% da proteína na forma de uréia reflete a má nutrição, com reflexos no rendimento industrial. "Nessa época do ano, muitos laticínios importam caseína para compensar a queda na produção de proteína do leite", revela.
Para células somáticas, os valores estão em geral satisfatórios, com médias entre 350 e 500 mil unidades por ml, menos da metade do estimado como máximo pela IN 51 (1 milhão).
Tudo somado, é provável que cerca de 15% das amostras de leite estejam fora dos padrões. Para Paulo Machado, é um número muito elevado. "Apesar disso, 30% do leite que analisamos na Clínica do Leite tem padrão europeu", diz.
Em geral, houve aumento significativo no número de amostras após a implantação da IN 51, indicando que um maior número de empresas passou a enviar amostras após a implantação da normativa. Isso, segundo José Augusto Horst, do laboratório do Paraná, ocasionou uma piora nos valores encontrados, uma vez que passou-se a analisar produtores que nunca haviam analisado o leite e que, por isso, não haviam ainda trabalhado efetivamente em cima da qualidade do leite.
Somando-se as análises reportadas por todos os laboratórios, chegou-se ao número de aproximadamente 150.000 produtores sendo analisados regularmente.
Paulo Martins, chefe geral da Embrapa Gado de Leite, mostrou-se otimista apesar dos dados reportados. Segundo ele, trata-se de um processo lento, ainda mais em um país com dimensões continentais como o Brasil. "Ninguém poderia esperar que, de um dia para o outro, tudo estivesse em conformidade com a IN 51", completou. Equipe MilkPoint.
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GOIATUBA - GOIÁS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS
EM 02/01/2007
1º - O produtor fazer o que deve ser feito (cumprir apenas sua obrigação);
2º - O comprador pagar pelo tipo de leite que compra (pagamento por qualidade);
O produtor só vai fazer sua obrigação quando mudar alguma coisa no valor financeiro recebido (aumentar ou diminuir). E essa é a hora de se começar a implantar programas de pagamento do leite pela qualidade adaptados à realidade de cada indústria, e que possa evoluir num futuro próximo para um sistema reconhecido internacionalmente.
CASTRO - PARANÁ
EM 02/01/2007
Na verdade, precisa de conscientização sobre a importância de uma boa higienização em seus equipamentos e processos de ordenha. Mas por trás disso existem grandes vilões (as empresas compradoras), que sofrem muito com esses índices fora de padrões, pois tem seus rendimentos industriais reduzidos, problemas de durabilidade de produtos, contaminações, devoluções entre outros. Acredito que isto ocorre principalmente porque não se tem em mente uma política de compra da matéria prima, que possa inibir do produtor a possibilidade de vender seu produto fora de padrão para uma outra empresa que passa a comprar essa matéria prima sem se preocupar em que índices de qualidade se encontra esse leite (aí fica o vai e vem de produtor de uma indústria para outra - uma empresa cobra, o produtor se sente pressionado e procura outra para fornecer).
No entanto o ítem CBT é de fácil controle, o produtor que tem uma visão diferenciada sobre produção de leite ja tomou suas providências e hoje produz com qualidade, até mesmo porque esta ao mesmo tempo controlando em sua propriedade outros ítens (ex: CCS).
Caberia às empresas parceiras destes produtores dispor de informações e condições técnicas para que possam desenvolver novas técnicas em suas propriedades e melhorar seus resultados significativamente, o que é um ótimo negócio para todos, porque muitos destes produtores hoje fora de padrão não fazem idéia do impacto causado por este assunto, ou sequer ouviram falar sobre isso.
Marcos Koch Ortiz
Assist. Téc. de Produção Pecuária.

RIO DE JANEIRO - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 20/11/2006
Para mim, o ponto chave é a equipe. Não adianta só equipamentos modernos. É preciso treinamento e cobrança com recompensa por resultado.

CASCA - RIO GRANDE DO SUL - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 31/10/2006
O negócio é pagar o menor preço possível para o produtor para poder obter mais lucro com o produto comercializado, e pergunto: onde fica a fiscalização?
Vejo leite sendo carregado em pleno sol na parte da tarde, e onde está a inspetoria para cobrar dos laticínios mais responsabilidade?
Vejo que a IN 51 vai sendo esquecida como tudo no país.

CHAPECÓ - SANTA CATARINA - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS
EM 31/10/2006
Mas, para que isso aconteça, deve possuir uma orientação adequada por partes dos técnicos envolvidos nesse processo. Porém, quando se fala na parte de orientação ao produtor, nota-se que a qualificação técnica deve passar por uma reciclagem afim de melhorar conceitos e repassar os mesmos ao produtor para a redução da CBT.
A área técnica tem grande responsabilidade perante a cadeia leiteira, pelo fato de serem esses profissionais que estão diretamente ligados às propriedades e aos produtores, tendo a grande responsabilidade na correta orientação para a produção de leite com qualidade e a cobrança necessária para se buscar tal objetivo.
Porém, como foi dito anteriormente, é necessário preparar/reciclar a área técnica para que ela possa realmente ser decisiva e fazer a diferença no processo leiteiro.

QUIRINÓPOLIS - GOIÁS - FRIGORÍFICOS
EM 31/10/2006

OUTRO - SÃO PAULO - EMPRESÁRIO
EM 30/10/2006
A conscientização de que o tanque comunitário iria resolver todos esses problemas foi um grande engano. Há a necessidade de melhorar a qualidade do leite antes que chegue no tanque comunitário, não podemos nos esquecer que este equipamento vai conservar o que colocarmos dentro dele, ou seja, se despejarmos o leite com péssima qualidade, continuará com qualidade ruim e prejudicará o leite de terceiros.
MARECHAL CÂNDIDO RONDON - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
EM 30/10/2006
Pensamos em exportar (ou melhor, aumentar nossas exportações), mas continuamos a sofrer restrições estabelecidas por barreiras sanitárias que exigem padrões de qualidade que ainda procuramos. Lógico que algumas empresas já conseguem colocar lá fora seus produtos, mas estamos longe de uma meta significante!
Em 2003 estivemos na França (Alsácia) com um grupo de estudos e pudemos evidenciar nas empresas de laticínios visitadas a preocupação com os produtos usados pelos produtores para controlar a mastite e também lavagem de ordenhadeiras e equipamentos, onde só se usa os permitidos pela indústria, com eficiência comprovada.
Controlar a contaminação inicial e transportar o leite resfriado (às vezes termizado) o mais rápido possível até as indústrias, é o segredo de um excelente produto final. Qualidade às vezes tem um preço que pode ser repassado num produto de valor agregado!

ECOPORANGA - ESPÍRITO SANTO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS
EM 29/10/2006
JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 29/10/2006
No combate às celulas somáticas e às bactérias do leite, entra, inclusive, a "performance" genética do rebanho, já que alguns aspectos podem ser transmitidos pela hereditariedade e tais técnicas são desconhecidas ou inacessíveis à grande maioria.
Lado outro, a qualificação do produto esbarra sim - como bem disse a Maria Isabel, de Goiás - até no transporte, porque se o mesmo é mal feito, a qualidade do produto decresce assustadoramente. Outrora, em minha propriedade, onde as questões de higiene são tratadas com a máxima seriedade, perdia-se leite, cotidianamente, pela má lavagem das "famigeradas" latas no laticínio. Mudei de comprador e o problema desapareceu.
Hoje, com os tanques de expansão e os caminhões apropriados para transporte do produto refrigerado, isso deve cair, em face da aposentadoria compulsória das latas de leite, colônias reais de bactérias.
A Maria Isabel também acerta quanto ao nível da coleta de amostras para análise, que deveria ser feita por profissionais e não pelos motoristas dos caminhões, que nada entendem de higiene e transporte das mesmas. Neste caso, os resultados nunca são confiáveis. Mas, nosso produto é recusado com base nestes estudos. O que faço eu? Promovo uma inspeção paralela da qualidade de meu leite, através de estudo realizado pela EMBRAPA, e comparo as duas análises. Se houver divergência de resultados, aciono ambos os laboratórios e recebo explicações de métodos e condições dos exames: quem estiver equivocado, é descartado. Mas, quantos podem fazer isso?
É preciso, primeiro, educar o produtor, conscientizá-lo que as despesas com higiene e manejo são pequenas se comparadas aos lucros da melhor qualidade e manter um programa de qualificação do empregado rural, para que ele se sinta capaz de cumprir as exigências de higidez e ajudar na melhoria do produto.
Mas, como dizem os chineses, "uma estrada de mil léguas começa por um passo". É em doses homeopáticas que conseguiremos atingir à qualidade total de nossos produtos lácteos, apesar de que, individualmente, alguns produtores já o conseguem, e não, de afogadilho, como pretendem as fontes governamentais. Não resta dúvida que a Instrução Normativa 51 é um avanço, mas a calma em sua aplicação é que levará ao sucesso de suas pretensões, porque, caso contrário, o remédio pode vir a matar o doente, ao invés de curá-lo.
GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 29/10/2006
No caminhão, esses leites são misturados, resultando num produto de péssima qualidade. Nesse aspecto não há meio termo, leite bom misturado com leite ruim não dá leite médio, e sim leite ruim.
A aquisição de leite muito ruim causa desânimo nos produtores que já produzem com qualidade. A indústria argumenta que o preço pago é diferenciado, no entanto, a diferença é muito pequena, considerando a magnitude do negócio e o trabalho realizado.

ARAXÁ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 28/10/2006
Como eu tinha que tomar alguma atitude para melhorar essa situação, procurei técnicos e na mídia especializada como fazer isso. Depois de bem orientado o desafio era conscientizar.
Quem na verdade tinha que agir no caso era o ordenhador, a melhora nos índices foi gradativa dia a dia. Hoje a CBT do leite que estou produzindo está entre 2 e 34 UFC, análise feita pela UFMG. A conclusão em que cheguei é simples: são necessárias duas ações, atitude e conscientização. Diminuir UFC é bem mais simples que diminuir CSS.

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 27/10/2006
Acho que vamos demorar séculos até conseguirmos educar nosso povo. Até lá, quem "leva na cabeça" é o produtor.
CASCAVEL - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
EM 26/10/2006

JABORANDI - BAHIA - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 26/10/2006
Não há como faturar com produtos de baixa aceitação. Toda a cadeia láctea tem que se unir e buscar, cada vez mais, a quantidade aliada à qualidade.

IBIÁ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 26/10/2006

RIO CLARO - SÃO PAULO - EMPRESÁRIO
EM 26/10/2006
Cada Laboratório tem um modelo próprio (e que por sinal é inconstante). Do ponto de vista de gestão da informação, não há nada mais caótico para o processo que a despadronização, o que exige acertos pontuais e enorme retrabalho.