Entidades representantes do setor pecuarista e parlamentares se reuniram nesta quarta-feira (1º) com o presidente do Senado, o deputado Rodrigo Pacheco (PSD), para apresentar as principais demandas da atividade para conter os prejuízos à produção nacional.
Os principais pleitos do setor incluem, principalmente, o fim das importações de leite em pó subsidiado da Argentina e a criação de medidas compensatórias diante dos impactos negativos causados à produção nacional.
Durante o encontro, Pacheco se mostrou sensível às demandas do setor. Ele se comprometeu a levar um documento com as propostas à Presidência da República. O texto ficará aos cuidados da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA). O presidente da Frente, deputado Pedro Lupion (Progressistas), esteve na reunião, juntamente com o deputado Zé Vitor (PL). “Viemos trazer as nossas preocupações, que foram expostas no 2°Encontro dos Produtores Brasileiros de Leite. E o senador Pacheco ficou de encaminhar nossos pleitos para sensibilizar o governo”, relatou o assessor técnico da CNA, Guilherme Dias.
Números que preocupam
Nos últimos 13 meses, as importações de leite em pó aumentaram 370%, se mantendo acima de 150 milhões de litros por mês. A estimativa para outubro deste ano é de que supere os 200 milhões de litros. Mais de 98% do leite importado pelo Brasil vem da Argentina, Uruguai e Paraguai.
De janeiro a setembro de 2023, o Brasil importou 1,5 bilhão de litros, superando todo o volume internalizado de 2022. Há estimativa de que as importações dos produtos alcançarem volume recorde de 2 bilhões de litros.
Encontro com pecuaristas discutiu impactos
O presidente da Federação de Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Antônio Pitangui de Salvo, alertou sobre o crescente impacto das importações no mercado nacional. Durante o 2º Encontro dos Produtores Brasileiros de Leite, realizado nessa terça-feira (31), na Câmara dos Deputados, Antônio destacou a preocupação dos produtores com o aumento excessivo das importações, e a queda brusca no preço do produto vindo principalmente da Argentina.
Segundo ele, a invasão de produtos subsidiados tem gerado uma pressão negativa nos preços pagos aos produtores nacionais. Isso está afetando diretamente a sustentabilidade do setor. Diante da situação crítica, o presidente da Faemg, representando o presidente da CNA, João Martins, reforçou a necessidade de suspender imediatamente as importações. “Precisamos que os parlamentares apertem o cerco para que isso não continue. Não temos mais prazo de sobrevivência, não suportamos mais. O ato de hoje mostra que de agora em diante nós vamos andar juntos”, disse Salvo, que ainda ressaltou: “Precisamos continuar produzindo para o Brasil, abastecendo os nossos supermercados”.
Geração de emprego e renda e preço sentem impactos das importações de leite em pó
A deputada Ana Paula Leão (PP), presidente da FPPL, frisou que o trabalho dos produtores de leite tem sofrido um forte impacto, prejudicando a geração de emprego e renda.
Ela defendeu: “Os produtores merecem ser valorizados. O leite deve alcançar o status de política de Estado e ser reconhecido em todas as suas particularidades. Sem atropelos, sem concorrência desleal e sem manipulação externa de preços com subsídios venceremos esses ciclos danosos que corroem a atividade leiteira”, disse a parlamentar.
Durante o evento, o vice-presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, Jônadan Ma, apresentou dados que evidenciam os impactos negativos das importações na cadeia produtiva nacional. Ele destacou que as importações agressivas e desleais representam cerca de 10% do leite consumido no País, totalizando aproximadamente 200 milhões de litros por mês.
A situação, aliás, tem levado os produtores a enfrentar redução de custos de produção. Outro fator, tem sido a queda significativa na receita, com margens negativas que se aproximam de 30%.
As informações são do Diário do Comércio, adaptadas pela equipe MilkPoint.