No primeiro semestre do ano, a captação se manteve praticamente estável frente ao mesmo período do ano anterior, apresentando ligeira alta de 2,05%.
Pela primeira vez no ano, o volume adquirido pelas indústrias processadoras ficou abaixo do obtido em 2005. Foi o que aconteceu em maio e junho, provavelmente em virtude da estiagem causada no Sul, que limitou o aumento da produção no período de safra, e no Sudeste e Centro-Oeste, que teve sua produção reduzida no período.
As quedas observadas nos meses de abril a junho foram aceleradas, ou seja, os decréscimos na captação em relação ao ano passado foram crescentes, em maio e junho. Se essa tendência se concretizar para os próximos meses neste ano, a produção neste ano pode até ficar abaixo da obtida em 2005.
Tabela 1. Captação no primeiro semestre do ano, segundo o IBGE, em mil litros.

Fonte: IBGE
Elaboração: Equipe MilkPoint
Nota-se que no terceiro trimestre do ano passado, a produção ainda se elevou em 4,6% em relação ao segundo trimestre. Se considerarmos o índice de captação do Cepea para o mês de julho, ou seja, um aumento de 3,92% na captação em relação a junho (o que significaria, tendo em vista os dados do IBGE, uma captação de 1,3 bilhão de litros em julho), ainda haveria uma redução de 4,2% em relação a julho de 2005, confirmando a tendência de queda ainda no segundo semestre do ano.
Neste caso, no acumulado do ano de janeiro a julho, a variação da captação em relação ao ano anterior cairia de 2,05% de alta no primeiro semestre de 2006 para 1,13%. Conseqüentemente, se os decréscimos se estenderem para os próximos meses, a variação tende a se reduzir ainda mais até o final do ano, com possibilidade de haver redução no total de 2006.
Segundo informações da Agência CNA, para Rodrigo Alvim, presidente da Comissão Nacional de Pecuária de Leite da CNA, a queda na captação apresentada pelo IBGE é fruto do aumento de custos e redução dos preços pagos aos produtores, fatores que desestimulam a produção. "Essa pesquisa confirma o quadro de crise no setor, debatido em reunião entre produtores, cooperativas e representantes do governo, na última terça-feira (26/10), em Brasília", declarou Alvim.
Conforme se observa no gráfico abaixo, enquanto em 2005 o volume inspecionado pelo IBGE começou a registrar aumentos a partir de abril, só voltando a cair em setembro, o contrário do que ocorreu neste ano, em que a partir de março, a captação registrou constantes quedas.
Gráfico 1. Leite inspecionado pelo IBGE, em mil litros.

Fonte: IBGE
Elaboração: Equipe MilkPoint
Os estados que apresentaram maiores quedas na captação do leite no segundo trimestre em relação ao mesmo período de 2005 foram: São Paulo (redução de 83,1 milhões de litros), Minas Gerais (redução de 25,7 milhões de litros) e Paraná (redução de 14,25 milhões de litros).
Os estados que apresentaram aumento de captação mais significativos foram: Santa Catarina (acréscimo de 37,54 milhões de litros), seguido de Goiás (acréscimo de 26,13 milhões de litros) e Rio Grande do Sul (acréscimo de 25,08 milhões de litros).
Em relação ao primeiro trimestre do ano, os estados que apresentaram maiores quedas foram Minas Gerais, com 117,91 milhões de litros a menos, Rio Grande do Sul (redução de 52,12 milhões de litros) e São Paulo (redução de 44,54 milhões de litros).
Vale ressaltar que os dados se referem à captação pelos laticínios, e não à produção de leite em cada estado.
Tabela 2. Captação de leite pelas indústrias por estado brasileiro, em milhões de litros.

Fonte: IBGE
Elaboração: Equipe MilkPoint
Em relação ao primeiro semestre, os estados que mais tiveram acréscimo do volume captado pelas indústrias em relação a 2005 foram o Rio Grande do Sul, com um aumento de 121,13 milhões de litros, e Santa Catarina, com um aumento de 83,78 milhões de litros, sendo os principais responsáveis pela variação positiva em relação ao ano passado.
Já o estado de São Paulo teve um decréscimo de 131,04 milhões de litros em relação ao primeiro semestre de 2005.
Gráfico 2. Participação dos estados brasileiros na captação de leite inspecionada pelo IBGE.

Fonte: IBGE
Elaboração: Equipe MilkPoint
