Holanda: Campina comprará "soja responsável" no Brasil

A partir de 2007, a Campina, maior produtora de leite holandesa colocará no mercado holandês leite produzido por vacas alimentadas com "soja responsável". A iniciativa está sendo desenvolvida graças a acordo firmado com a WWF, Solidaridad e Natureza e Meio Ambiente.

Segundo a certificadora Pró-Terra, a soja é considerada responsável quando não é transgênica; deve ser proveniente de propriedades onde não há desmatamento desde 1994; no local não há trabalho infantil ou "escravo" e quando o uso de agroquímicos têm controle rigoroso.

Essas e outras exigências fazem parte de um programa chamado Critérios da Basiléia, para Produção Responsável de Soja. A iniciativa é da Coop Switzerland, uma rede de varejo da Suíça que busca comercializar apenas produtos ecológica e socialmente responsáveis.

De acordo com o projeto, a partir de setembro deste ano, a Campina deve começar a empregar soja responsável na alimentação dos animais. A princípio, devem ser adquiridas 10 mil toneladas de soja responsável, com meta de chegar a 150 mil toneladas em cinco anos.

Segundo Jan Gilhuis, da ONG Solidaridad, isso representa duas coisas para o campo brasileiro. "Primeiro, como a soja tem muitos efeitos sociais negativos na expansão do agronegócio, esta empresa, comprando soja responsável, define-se contra o excesso de problemas sociais. O segundo passo é que a gente também vai trabalhar na inclusão de soja da agricultura familiar no projeto, o que ajuda a evitar o êxodo rural, problemas como os conflitos sociais da ilegalidade da terra. Há pequenos produtores de soja (no Brasil) com projetos muitos bons. Eles já estão oferecendo soja responsável na Holanda e na Europa para ser incluída neste processo e a Campina se dispôs a pesquisar as possibilidades de incluir soja da agricultura familiar".

Os holandeses consomem, por ano, cerca de 200 milhões de litros de leite da empresa. Para tal produção, 600 dos cerca de 6 mil cooperados vão adotar os novos critérios.

De acordo com notícia da Rádio Nederland, para as entidades sociais e ambientais, o acordo firmado com a Campina é o primeiro passo. Para uma mudança maior, segundo elas, é necessário que todas as compradoras de soja façam parte deste processo.