Pela norma atual, apenas cidades com decreto de emergência publicados até 9 de abril são contemplados. Demanda antiga dos produtores gaúchos, a resolução deverá ser alterada na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), marcada para a semana que vem, para abranger municípios que decretaram a situação entre 20 de dezembro de 2019 e 31 de maio deste ano.
A informação foi transmitida por integrantes do Ministério da Agricultura a Ivan Bonetti, diretor de Política Agrícola da Secretaria de Agricultura do Rio Grande do Sul, Estado mais prejudicado pela estiagem nesta safra 2019/20. Segundo ele, cerca de 30% dos municípios gaúchos atingidos decretaram a situação de emergência após o dia 9 de abril e estão sem acesso às condições especiais de renegociação das dívidas.
A resolução do CMN permite que os produtores afetados parcelem os financiamentos de custeio por até sete anos e transfere a prestação dos investimentos com vencimento em 2020 para o final do contrato.
Até 9 de abril, 291 municípios gaúchos haviam decretado emergência em função da estiagem. Atualmente, segundo o boletim mais recente da Defesa Civil do Estado, são 407 (405 até o fim de maio; dois decretaram em junho). Desses, 375 já tiveram o documento homologado pelo governo estadual e 366 pela União.
“A alteração é fundamental para que o produtor possa entrar na renegociação e ter acesso ao auxílio emergencial”, lembrou Bonetti ao Valor. A resolução atende municípios afetados pela seca em todas as regiões do Brasil.
Segundo o diretor, o alongamento do prazo de enquadramento tem aval do governo e só não saiu antes por uma questão orçamentária, já que a renegociação depende de recursos do Tesouro Nacional. Os ministérios estariam fazendo um levantamento de quantos locais decretaram emergência até o fim de maio para saber o tamanho do impacto financeiro.
A alteração na resolução também vai possibilitar a inclusão de três municípios gaúchos que decretaram emergência ainda em dezembro de 2019 e que estão fora das renegociação nas atuais regras.
Bonetti também afirmou que entre 20 mil e 30 mil produtores gaúchos já conseguiram fazer as renegociações de dívidas rurais nos bancos. A Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) estima que até 200 mil agricultores têm direito ao parcelamento.
O Rio Grande do Sul é o quinto Estado brasileiro com mais processos de estiagem reconhecidos pela União desde 2012. São 750 ao todo. À frente dos gaúchos estão Estados do Nordeste: Paraíba (2269), Bahia (2144) e Pernambuco (1306). Minas Gerais aparece em quarto lugar no ranking, com 949 ocorrências nos últimos oito anos, segundo dados do governo federal.
As informações são do Valor Econômico.