A proposta de Jair Bolsonaro (PSL) de fundir os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente pode prejudicar a busca do Brasil pela fatia de 10% do comércio agrícola mundial, afirmou Eumar Novacki, secretário-executivo do Ministério da Agricultura nesta terça-feira (16).
Novacki disse não se opor à ideia da combinação das pastas, mas que a mudança provavelmente seria mal interpretada no exterior como um retrocesso na política de proteção ambiental do país e prejudicaria a visão global da indústria agrícola brasileira. "Uma fusão pode ser mal interpretada do ponto de vista dos mercados e esta é a preocupação que nós temos", disse Novacki em entrevista à agência de notícias Reuters.
Bolsonaro lidera as pesquisas de intenção de voto, à frente do petista Fernando Haddad. O candidato do PSL prometeu uma série de mudanças em políticas e estruturas, nas quais ele vê brechas para a corrupção. Entre mudanças, ele diz que planeja cortar o número de ministérios quase pela metade, para cerca de 15.
O conselheiro do setor agrícola de Bolsonaro, Nabhan Garcia confirmou na semana passada planos do presidenciável de fundir os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente, para reduzir a burocracia enfrentada pelos agricultores e acabar com a "indústria de multas" do setor.
Novacki disse que o país está lutando para aumentar a sua participação no comércio agrícola mundial de todos os produtos para 10%, ante 7% no momento, e a junção das duas pastas pode abalar a mensagem do Brasil. "O país tem leis ambientais rigorosas, quase dois terços da vegetação nativa preservada, e que precisa comunicar aos consumidores internacionais que, quando você compra do Brasil, você está preservando o planeta", completou.
"Ninguém faz o que o Brasil fez nesta área ambiental. Temos uma das legislações mais rigorosas do mundo. Nós não queremos e nem vamos recuar nesta política. Agora queremos que o mundo reconheça isto."
As informações são da agência de notícias Reuters.