Ex-CEO da Disney investe em startup de alternativas a produtos lácteos

Bob Iger, chairman executivo da Walt Disney investiu na companhia de proteínas alternativas Perfect Day, emprestando seu nome a uma pequena startup que está tentando substituir uma série de produtos lácteos, antes mesmo de ela lançar qualquer produto no mercado de massa.

Em sua primeira iniciativa do tipo desde que deixou o cargo de CEO da Disney em fevereiro, Iger também entrará para o conselho de administração da Perfect Day, que levantou US$ 360 milhões junto a investidores que incluem a Temasek de Cingapura e a Horizons Ventures de Li Ka-shing.

Ele não quis informar quanto investiu, mas disse ao “Financial Times” que vê um “potencial enorme” na empresa, que tem 150 funcionários. Sua tecnologia patenteada usa fungos, tanques de fermentação e cópias digitais de DNA de vaca para criar proteínas não-animais que, segundo ela, reproduzem melhor do que as atuais alternativas, a textura e o sabor dos produtos lácteos.

“Certamente estou ciente da reputação que estabeleci e não pretendo fazer nada que manche essa reputação”, disse Iger.

Até agora, a Perfect Day comercializou apenas um produto, um sorvete vegano, lançado no terceiro trimestre. Meio litro custa US$ 5,99. Mas ela está de olho em uma grande variedade de produtos, de leite a queijos.

Os cofundadores Ryan Pandya e Perumal Gandhi disseram ao “Financial Times” que estão em negociações avançadas com várias empresas globais de alimentos e esperam anunciar parcerias com grandes marcas de sorvetes e queijos cremosos nos próximos meses.

Recentemente, investidores injetaram somas recordes em concorrentes que oferecem alternativas a produtos lácteos, ovos e carne. A maior parte dessas alternativas foi lançada através de marcas como Oatly (leite de aveia) e Impossible Burgers.

Iger disse que poderá “abrir portas” para a Perfect Day e entrará com a experiência de construção de marca e “excelência operacional”, que obteve nos períodos em que passou na Disney e na Apple.

Ele prevê que o crescimento de novas empresas mais preocupadas com a sustentabilidade vai “explodir” nos próximos anos. “Estou realmente apostando no potencial que vejo nesse produto e nos fundadores”.

Pandya diz que a companhia ainda não vislumbra o público, mas quer operar com as disciplinas e a lucratividade que os mercados abertos esperam.

“Estamos entrando num estágio potencialmente sensível em que a maior parte das empresas pode cometer grandes erros”, afirma Gandhi, acrescentando que o apoio de Iger “nos dá uma camada de credibilidade”.

A Disney, por sua vez, vem lutando contra a pandemia de covid-19 que fechou salas de cinema e navios de cruzeiro, prejudicou a produção cinematográfica e televisiva e custou 28.000 empregos em seus parques temáticos. Ela está reforçando bastante seu serviço de streaming Disney Plus, que Iger lançou no ano passado e que continua deficitário mas ganhou mais de 60 milhões de assinantes.

Iger diz que gosta da ideia de atuar como mentor para fundadores de empresas “disruptivas” fora da indústria da mídia e do entretenimento, onde ele passou sua carreira até agora. “Quero passar mais tempo promovendo empresas inovadoras como essas.”

As informações são do Valor Econômico.