Evento em São Paulo mostra que setor pode ser competitivo

O I Workshop Leite Competitivo, cujo sob tema era "Como Competir com a Cana-de-açúcar" surpreendeu os organizadores. Eram esperadas cerca de 300 pessoas em São José do Rio Preto, no oeste de SP, mas compareceram quase 450 pessoas, lotando o auditório.

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O I Workshop Leite Competitivo, cujo sob tema era "Como Competir com a Cana-de-açúcar" surpreendeu os organizadores. Eram esperadas cerca de 300 pessoas em São José do Rio Preto, no oeste de SP, mas compareceram quase 450 pessoas, lotando o auditório.

O evento, idealizado e promovido pela AgriPoint, reuniu técnicos ligados ao setor leiteiro, como Christiano Nascif, do Educampo de Minas Gerais, que abriu o evento com a provocação inicial: Cana x Leite: índices de rentabilidade e perspectivas. Christiano mostrou que não se pode comparar atividades exploradas em níveis distintos de tecnologia. "Normalmente, se compara o leite ineficiente com a cana explorada com alta tecnologia. Aí fica difícil competir", constata.

Figura 1

Segundo ele, a questão não é tanto a competição, mas sim a cooperação entre as atividades, que podem se complementar na geração de renda à propriedade. Aliás, essa foi a tônica do evento. Luiz Gustavo Nussio, professor da ESALQ/USP, que abordou o tema "Utilização de cana-de-açúcar em sistemas de produção de leite" disse que "a cana está fazendo a pecuária refletir". Para ele, é preciso repensar os índices de produtividade nas regiões mais sensíveis à competição com a cana.

André Luiz Novo, engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste, mostrou a linha de trabalho do projeto Balde Cheio, uma parceria da Embrapa com a CATI que visa criar propriedades de referência nos vários municípios de SP, PR e RJ, assessoradas pelos técnicos da CATI. André mostrou que, intensificando parte da área com o leite, é possível diversificar a propriedade, arrendando ou plantando cana no restante, por exemplo. "É possível ter as duas atividades na propriedade, ambas com rentabilidade, evitando o risco de atuar com uma única atividade", comentou.

O professor Alexandre Mendonça de Barros, da FGV-SP, mostrou o impacto da movimentação global em direção a energias renováveis, com ênfase para a produção de etanol a partir de milho, nos Estados Unidos, e cana-de-açúcar no Brasil. Alexandre enfatizou que nos próximos dois anos, devido ao direcionamento de parte significativa da produção de milho nos EUA para a produção de etanol, os preços do cereal devem permanecer muito elevados, o que encarece os custos de alimentação.

Ele considera a atividade leiteira de menor risco, quando comparada a culturas anuais. Porém, à medida que se intensifica, os riscos de produtividade e preços de insumos se tornam maiores. "Caso se adube intensamente e não chova, há o risco de perda", exemplifica. Segundo ele, a concentração das usinas de cana em regiões que são grandes bacias leiteiras deverá levar à intensificação da produção de leite.

Além dessas apresentações, o evento contou com a apresentação de 3 casos de sucesso: Andrew Jones, gerente da Fazenda São Pedro, maior projeto de produção de leite a pasto; Mário Rezende, da DPA, sobre o projeto da empresa com os assentados de Andradina; e Carlos Pagani, médico veterinário da CATI-Catanduva, sobre as propriedades assessoradas pelo órgão na região.

Para Marcelo Pereira de Carvalho, da AgriPoint, o evento teve um significado especial. "O Estado de São Paulo é um dos únicos do país que, nos últimos 15 anos, teve redução na produção de leite. Há tempos não recebíamos um evento dessa natureza, que não só reuniu pessoas do Rio Grande do Sul a Rondônia, mas que passou uma mensagem positiva da atividade, a partir de quem está de fato obtendo resultados competitivos", conclui.

O workshop Leite Competitivo teve o patrocínio master da DPA, além do patrocínio da Sulinox, Bunge e Tortuga, e apoio do Sebrae-SP, Láctea Noroeste, Balde Branco e Revista Leite DPA. No dia 09, foram realizadas duas excursões a propriedades da região.

Figura 2

Figura 3

Figura 4
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Juliano Alarcon Fabricio
JULIANO ALARCON FABRICIO

FRANCISCO BELTRÃO - PARANÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 20/02/2007

Tive o prazer de prestigiar o evento, que por sinal foi muito bom e o tema muito oportuno. Mas teve um produtor do meu lado que disse "o que adianta esse monte de palestrate falar que a atividade leiteira pode dar dinheiro e há varios casos de sucesso, mas sozinho eu não sei como fazer, não sei que pasto plantar, qual área devo plantar, quantos animais colocar por hectare, que adubação devo fazer e o que é índice zootécnicos?"

Como levar o conhecimeto aos produtores? Alguém tem que pagar; o governo, acho difícil. Uma saida para os produtores seria eles formarem um grupo e pagar um bom profisional da área.
GILBERTO DE ALMEIDA SILVA LEÃO
GILBERTO DE ALMEIDA SILVA LEÃO

RITÁPOLIS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 15/02/2007

Caros companheiros e bovinocultores,

Concordo em todos os pontos de vista com o colega André, também sou técnico do projeto Educampo em Resende Costa-MG, trabalhando sempre com produtores da COAPRO - RC (Cooperativa Agropecuária dos Produtores de Resende Costa e Região) e sou produtor rural, sempre em busca de um resultado econônico positivo em minha propriedade e nas propriedades a que assisto.

O resultado econômico tem que ser melhor que o resultado zootécnico, entretanto, acho que o equilíbrio entre eles é o que dará mais resultado para o produtor. Não consigo enxergar lucro no processo de produção de leite sem o plantio paralelo da cana-de-açúcar, principalmente para alimentação de animais que não estão em fase de produção de leite.

Quero também louvar a iniciativa de todos os companheiros idealizadores e participantes deste exelente encontro.

Atenciosamente,
Gilberto de Almeida Silva Leão - Zootecnista
Paulo Emilio de Figueiredo Oliveira
PAULO EMILIO DE FIGUEIREDO OLIVEIRA

SÃO JOÃO EVANGELISTA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 13/02/2007

Quando há um evento desta natureza não há palestrante com visão social. Com o aumento da população mundial, o leite é insubstituível.
José Carlos Ramos
JOSÉ CARLOS RAMOS

ANGATUBA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/02/2007

Prezados senhores,

Em nome da classe ruricola angatubense e brasileira, quero expressar nossas homenagens aos idializadores do Encontro. Buscar alternativa viável para o setor do leite torna-se um desafio que merece nossa admiração.

Parabéns.

José Carlos Ramos
Presidente do Sindicato Rural de Angatuba
CORNÉLIO MÁRCIO VAN HERK
CORNÉLIO MÁRCIO VAN HERK

BETIM - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/02/2007

Caros amigos,

Sou médico veterinário e tecnico do Educampo na região de Divinópolis-MG. O tema deste I Workshop cana x leite é de suma importânica na atual conjuntura em que vivemos no campo hoje.

É de extrema importância que o produtor não veja a cana-de-açúcar como uma ameaça ou como uma concorrente e sim, como uma aliada. Um dos pontos que mais observamos quando somos solicitados para reverter o quadro finaceiro de uma propriedade leiteira é a ineficiência do produtor em intensificar a sua produção em áreas cada vez menores, ou seja, uma propriedade grande gera custos desenecessários ao produtor e inviabiliza a atividade leiteira. Com isso, intenssificando a atividade e otimizando custos, ela se torna extremamente rentável.

Digo isso, pois presto consultoria a uma propriedade na região de Divinópolis-MG que até o momento, tinha como atividades: café, milho grão, gado de corte e leite.

Após analise de custos e rentabilidade de todas as atividades, o produtor optou agora por ampliar a produção de leite e arrendar o restante para produção de cana-de-açúcar. A propriedade conta com uma área de 1200 ha. Desta área, se utiliza para o leite 200 ha e o restante será para o plantio de cana.

Começamos em junho de 2006 com uma produção de leite de 750lt/dia. Atualmente estamos com uma produção de 1250lt/dia e pretendemos chegar a 2500lt/dia até o final deste ano.

Enfim, temos que concientizar o produtor que produzir leite exige a mesma eficiência que as usinas de álcool tem para produzir cana-de-açúcar. Não podemos comparar os índices de rentabilidade de uma atividade como a cana, onde os produtores têm o apoio técnico intensso, com a atividade leiteira, onde a maioria dos produtores, geralmente, não tem este apoio.
Seria justo, sim, comparar cana bem sucedida com produção de leite bem sucedida.

Resultados positivos temos nas duas atividades. O que tem que acontecer é o produtor de leite buscar, na mesma intensidade, o apoio técnico que se tem na produção de cana-de-açúcar.

Com isso ele otimiza seus custos e amplia seus ganhos, tornando a atividade cada vez mais rentável.
É comum escutarmos dos produtores que o preço do leite está baixo ou que o custo dos insumos está alto, mas a dificuldade que ele encontra é adequar estes custos ao preço pago pelo leite, e é neste ponto que o produtor precisa de um apoio para que se possa planejar a atividade e ele tenha resultados satisfatórios.

Muitas vezes, o que é bom para a parte zootécnica não é tão interessante para parte financeira.
Neste caso deve-se tomar medidas para adequar o financeiro ao zootécnico pois, ao produtor, o importante é ter é lucro. É como em uma empresa, se a atividade gera retorno, a empresa sobrevive, se não, está fora do mercado. Neste ponto, podemos notar o quanto a atividade leiteira sobrevive às crises mesmo sem eficiência.

A prática de anos gera muito conhecimento, mas se o produtor não se adequar ao que o mercado impõe, está fora dele. Pense nisso.

Cornélio van Herk - MV
Edvalson de Sousa Martins
EDVALSON DE SOUSA MARTINS

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/02/2007

Como ser competitivos se as indústrias se cartelizam, definem o preço do leite em trinta dias após a entrega do produto, ou quando recebemos 50 dias após o fornecimento do leite.

Recebemos com 4 centavos a menos, sem aviso prévio, administrar o que, todos os pequenos e médios produtores estão fadados ao fracasso com essa política autual; a cana irá mesmo tomar conta das áreas produtoras de leite.

Discutir o sexo dos anjos é enganar mais uma vez os produtores.
Qual a sua dúvida hoje?