Mais de 31% dos leitores que responderam a enquete acreditam que a melhor alternativa seria a abertura de mercados via exportações. As outras duas opções mais votadas, empatadas com cerca de 22% dos votos cada, foi a de que as melhores ações para reverter essa situação seriam políticas de escoamento e estocagem da produção e o marketing institucional. Na opinião de cerca de 8% dos participantes, o abate de vacas visando reduzir produção seria a melhor medida a ser tomada. A redução da suplementação e a implementação de preços mínimos para o leite seriam as outras duas alternativas, com 7% dos votos cada uma.

Abertura de mercados via exportações
Das 234 pessoas que responderam à enquete, 31,62% acreditam que a melhor alternativa para reverter a situação de mercado é a abertura de mercados via exportações. Dentre os que escolheram esta opção, estão Rosangela Zoccal, da Embrapa Gado de Leite, Francisco Carlos Heiden, da Epagri-SC, José Geraldo Alves, da Emater-PR, Rodrigo Calvento de Fávare, dos Laboratórios Pfizer Ltda., e Irinaldo de Lima, da Lider Alimentos do Brasil Ltda.
Para Alfredo Becher Paes, produtor em Cuiabá-MT, pensar em reduzir produção é um retrocesso e reduzir suplementação para produzir menos, também é retrocesso. Na opinião dele, é necessária a abertura de mercado, "pois temos tecnologia, terra e capacitação pra alimentar o mundo, e claro, preço justo". Segundo Daniel de Oliveira Carvalho, produtor do Rio de Janeiro, com a diminuição da margem de lucro, "não tem como pensar em diminuir a produção somente e sim ser mais eficiente em produção. A situação de mercado tem que ser vista principalmente pelo governo e pelas industrias e a abertura de novos mercados, no atual momento, pode ser a melhor alternativa". Para ele, como o próprio nome sugere, produtor tem como principal papel produzir.
Alexandre Negri Leão Coelho, consultor em Minas Gerais, Luiz Carlos Prestes Junior e Fabiano Aparecido Palma, produtores no Paraná, também acreditam que a melhor saída para reverter a situação atual é a abertura de mercados via exportação.
Joaquim Vital, produtor de leite em Goiás, acredita que o Brasil tem condições de se tornar grande exportador de produtos lácteos. No entanto, segundo ele, há necessidade de instituir parcerias entre os elos da cadeia (indústria, distribuição e produção), no sentido de racionalizar a atividade leiteira, com introdução de tecnologias capazes de promover melhor produtividade por área e o aprimoramento da qualidade do leite.
Marketing institucional
Do total de pessoas que participaram da enquete, 22,65% acreditam que o marketing institucional é a melhor maneira para reverter a situação de mercado. Para André Gonçalves Andrade, de Rondônia, falar sobre lácteos e sua qualidade, informando o consumidor dos benefícios que os produtos oferecem a sua saúde e de sua família, é uma boa opção pra aumentar o consumo interno que ainda é muito baixo. Assim, produtos de baixa qualidade que entram no mercado a preços reduzidos e que derrubam as cotações, de um modo geral, tendem a desaparecer e, com isso, o equilíbrio tende a se estabelecer.
Para Elcio Carvalho Rodrigues, produtor no Rio de Janeiro, o problema reside no baixo consumo per capita frente a uma produção cada vez maior. "Neste aspecto, o marketing institucional pode ajudar muito. Uma política de estocagem da produção também seria bem vinda, evitando as fortes oscilações de preços. Não acredito que possamos exportar tanto leite que chegue a reduzir a oferta interna", avalia.
Marcos Amarante, de Minas Gerias, acredita que com um programa de marketing eficiente e profissional, utilizando-se das redes de TV com a incorporação do consumo do leite e derivados nas novelas, propagandas com atores de importância no país nos horários considerados nobres, campanhas nas escolas e campanhas de saúde pública, o consumo interno seria estimulado, aumentando a demanda pelo produto.
Marcelo Pedrosa de Resende, produtor em São Paulo, Helvecio Vaz Oliveira, consultor em Minas Gerais e Paulo Sebastião Paes Leme, produtor em Goiás, também acreditam que a melhor maneira para reverter a situação atual seria através de marketing institucional.
Políticas de escoamento e estocagem da produção
Cerca de 22% do total de participantes julgaram que a adoção de políticas de escoamento e estocagem da produção é a melhor alternativa para a situação do mercado.
Segundo Fernando Cerêsa Neto, produtor no Distrito Federal, com uma sólida política de escoamento da produção, os principais problemas da pecuária leiteira seriam resolvidos, inclusive a estocagem do excedente.
Fernanda Silva Couto, produtor em Minas Gerais, Odival Coelho de Rezende Filho, produtor do Piauí e Evilson Ferreira Magalhaes, consultor em Goiás, são alguns dos participantes que acreditam que políticas de escoamento e estocagem da produção são as melhores alternativas a serem seguidas.
Abate de vacas visando reduzir produção
Somente 8,12% dos participantes da enquete acreditam que o abate de vacas visando reduzir a produção é a melhor alternativa para reverter a situação do mercado.
Segundo Antonio Carlos Modesto, produtor de leite em São Paulo, o abate de vacas é a única opção de resultado rápido e duradouro. Anderson Silva Estefanuto, produtor do Paraná, Alexandre Husemann da Silva, produtor em SP, e Gilnei Rodrigues Corrêa, produtor no Rio Grande do Sul, também concordam que o abate é a alternativa mais viável para reverter a situação atual.
Redução da suplementação
A redução da suplementação foi apontada por 7,69% dos participantes da enquete como a melhor maneira para reverter a situação do mercado.
Para Everton G. Borges, produtor em Minas Gerais, o aumento da produção foi por melhoria na alimentação e manejo, em decorrência do incentivo das empresas pela necessidade de mais leite, vislumbrando o que infelizmente não aconteceu plenamente (grandes e rentáveis exportações e aumento no consumo interno). "De imediato, para diminuir a oferta, o que mais depende do produtor é mudar o manejo e diminuir comida, para não pagar para produzir", opina.
Mauricio de Souza Castro, produtor em MG, Carlos Otávio Mader Fernandes, consultor em Santa Catarina, e Antonio Luis B. de Lima Dias, consultor em SP, estão entre os que acreditam que a redução da suplementação seja a melhor alternativa para mudar a situação de mercado.
Preços mínimos para o leite
Com a mesma porcentagem de votos da alternativa anterior, 7,69%, o estabelecimento de preços mínimos para o leite foi apontado como a melhor alternativa para reverter a situação de mercado.
Na opinião de Selmo Rosa de Araujo, do Paraná, é necessário um preço mínimo para o litro de leite, assim como a volta da cotas de produção, para que os verdadeiros produtores de leite não sofram tanto com esta oscilação dos preços. "Assim, os produtores continuam recebendo os mesmos preços para o leite produzido dentro da cota e um preço mínimo para a produção extra cota", avalia.
Também estão de acordo com essa alternativa Marcos Calicchio, de São Paulo, Sidney Lacerda Marcelino do Carmo, da Emater-MG, José Carlos Seganfredo, produtor no Paraná, e Paulo Carlo Martins Modenesi, consultor em Minas Gerais.