Com um recorde de participação de 234 leitores, o resultado foi que 63,2%, ou 148 pessoas, acreditam que esse sistema de integração pode funcionar com leite. Cerca de 19% acham que depende de alguns fatores e 17,5% não acreditam nesse sistema.

Um sistema de integração pode funcionar com leite
Segundo a maioria, o sistema poderia trazer maior profissionalização e especialização das fazendas, organização, garantia de fornecimento de tecnologia, redução de custos e melhores preços, entre outras vantagens.
Para o consultor Roberto Trigo Pires de Mesquita, os resultados da integração na avicultura podem ser alcançados na pecuária leiteira, especialmente a profissionalização e especialização das fazendas integradas. Antelmo Teixeira Alves, da Agência Goiana de Desenvolvimento Rural e Fundiário, acredita que a integração pode resolver problemas com a qualidade do leite e atendimento de normas sanitárias.
Alguns participantes acreditam que o sistema poderá trazer maior segurança para o produtor. Carlos Henrique Scarpellini, da Fazenda Santa Rita, no Rio Grande do Sul, diz que a renda seria mais certa, possibilitando melhor planejamento. De acordo com João Marcos Guimarães, de Minas Gerais, a integração seria uma garantia para o produtor em função do fornecimento de tecnologia e subsídios, além de garantir a compra da produção com um preço previamente combinado.
Uma redução de custos (rações, frete etc.) com a integração também seria possível na opinião de José Francisco N. de Mello, produtor em SP e Renato Morbin, da Arantes Alimentos. Valter Mutão Júnior, produtor em Minas Gerais, acredita que a integração traria garantia de venda do leite por um preço justo.
Para Tarso Quedi Palma, consultor no Rio Grande do Sul, o sistema auxiliaria a entrada de produtores na atividade que não têm condições financeiras para a compra de equipamentos e animais.
Segundo Cleber Medeiros Barreto, consultor no Ceará, esse sistema seria possível somente através de uma empresa integradora idônea, com todos os passos bem explicados, além de contratos respaldados na forma da lei. Mas ele afirma que as empresas do ramo não passam muita credibilidade.
O maior fortalecimento da cadeia leiteira é o que aconteceria com a integração na opinião de Leonardo Campos de Carvalho, de Minas Gerais. De acordo com Manoel Luciano B. Filho, consultor no Distrito Federal, a integração é a fórmula para que a exploração passe por um processo de reorganização sustentada para o setor.
Para funcionar, o sistema de integração dependerá de alguns fatores
Do total de respondentes da pesquisa, 19% acreditam que para funcionar, o sistema de integração depende de alguns fatores. A diferença entre as cadeias do leite e de aves e suínos, principalmente a maior complexidade da atividade leiteira em termos de assistência técnica e maiores custos de produção, foram os motivos mais citados.
Segundo Marcello de Moura Campos Filho, presidente da Leite São Paulo, para o produtor, se tiver uma integração que assegure a cobertura dos custos e uma margem de ganho, pode ser interessante. Mas ele diz que o sistema é mais complexo em termos de assistência técnica e custos do que a integração com frangos, pois não está envolvido apenas o concentrado, mas volumoso, que terá que ser produzido pelo produtor. Para ele, depende também da competência e confiabilidade do integrador.
André Gonçalves Andrade, do Laticínios Ouro Minas (RO), acredita que em virtude das diferenças de produção, as adaptações bem elaboradas e executadas serão essenciais para o bom funcionamento do sistema.
Segundo Francisco Pontes Trigueiro Júnior, consultor no Ceará, o sucesso da integração vai depender da forma que será proposta ao produtor, pois na avicultura e suinocultura os investimentos são bem menores que na produção de leite.
De acordo com Paulo César de Camargo, do SETI/RIPA, no Paraná, a produção intensiva com gado confinado tem características que se assemelham à produção integrada de suínos e aves. No entanto, o gado leiteiro alimentado a pasto e o caso da produção leiteira em sistemas de integração lavoura - pecuária parecem ter características que dificilmente serão adequadas para sistemas semelhantes a suínos e aves.
Para o consultor Clemente da Silva, se a indústria de laticínios tiver disposição e fôlego para bancar um investimento de longo prazo, como é a preparação de uma propriedade para produção de leite, poderá ser um bom negócio, pois o produtor poderá trabalhar com mais confiança no futuro.
Um sistema de integração não funcionaria com leite
Dos 234 participantes da enquete, 17% acreditam que um sistema de integração, como existe com aves e suínos, não funcionaria com leite. Os motivos apontados foram a falta de profissionalismo na cadeia leiteira, a diferença no ciclo de produção da vaca e de abate de aves e suínos, a ausência de escolha por melhores opções em assistência técnica e preços do leite, entre outros.
Segundo Elder Marcelo Duarte, da Salute Produção e Comércio de Leite, a grande diferença está no ciclo da vida produtiva de uma vaca comparado aos ciclos da entrada até a saída para abate das aves ou suínos. "Antes das vacas leiteiras, deveriam tentar integração de boi de corte", diz.
Segundo Luiz Miguel Saavedra de Oliveira, produtor no Rio Grande do Sul, não há como controlar este segmento, pois vacas levam de 2 a 3 anos para começar a produzir, a alimentação é algo regionalizado e, em muitos casos, sazonal.
Para Alberto Magno de Assis, da Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, os produtores de leite ainda não chegaram ao profissionalismo dos empresários de aves e suínos.
Para Almir Bergnini Menin, da Estância Sete Lagoas, no Paraná, a integração significaria um bloqueio à livre negociação e à liberdade de tomar as decisões de nossa atividade. A opinião de Martinho Mello de Oliveira, da Fazenda Santa Rita de Cássia (MS), segue a mesma linha. Ele diz que o comprometimento dificultaria a busca por melhores opções de assistência e preços atrativos.
Segundo Osmar Antônio Sassi, da Emater/RS, produzir leite a pasto é mais barato e proporciona maior lucratividade. E as integrações não oferecem assistência técnica ou treinamentos conforme a necessidade.
Equipe MilkPoint.
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