Enquete: gestão é principal limitante à produção

Publicado por: MilkPoint

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A enquete realizada entre os dias 18 e 31 de julho analisou a opinião dos leitores do MilkPoint, sobre o tema: "Analisando 'porteira para dentro', qual é a principal limitação encontrada nas fazendas de leite?". Foram dadas duas opções: aspectos técnicos e gerenciais, sendo que 78% dos leitores responderam que os gerenciais constituem as principais limitações encontradas nas fazendas de leite. Os resultados podem ser vistos na tabela a seguir:

Figura 1

Aspectos Gerenciais

A maioria dos leitores apontou os aspectos gerenciais como a principal limitação encontrada nas fazendas de leite, correspondendo a 78% das respostas. Dentre os que votaram nesta opção, estão Haroldo de Oliveira Costa, produtor em Belo Horizonte (MG), Leandro Kuhl, da Universidade Estadual do Oeste do Paraná, Marcos Ottoni de Almeida, professor da Universidade Federal de Santa Catarina, Odilio Sepucai, da Emater/PR, Alexandre Negri Leão Coelho, da Cooperativa Agropecuária Vale do Rio Doce, Eldo Lauro Berger, da Cooperativa Agropecuária Batavo Ltda., Luiz Becker Karst, da Cooperativa Agropecuária Regional Rio das Almas Ltda., Fernando Campos Mendonça, da Embrapa Pecuária Sudeste e Sérgio Ricardo da Silva, da Frimesa, entre outros.

Para Leandro Kuhl, falta ao produtor entender que a propriedade é como uma empresa, que deve ser rentável para que ele (produtor) desfrute dos ganhos. Gabriel Augusto de Faria Sandoval, médico veterinário em Franca (SP), afirma que sem uma política de gerenciamento bem estruturada, nunca será possível a implantação de técnicas visando o aumento da produtividade e rentabilidade no setor.

Alexandre Husemann da Silva, produtor em Espírito Santo do Pinhal (SP), acredita que o acompanhamento dos custos e da produtividade são os principais aspectos a serem considerados. Roberto Cunha Freire, produtor em Belo Horizonte (MG) diz que o principal a ser observado na produção de leite é a organização e o bom cooperativismo.

Cleber Medeiros Barreto, de Fortaleza (CE), acredita que falta foco empresarial por parte dos proprietários das fazendas de leite. Marcos Scherer, auxiliar administrativo, afirma que, já que a maior parte da produção de leite provém das pequenas propriedades, uma das maiores limitações é a falta de informação por parte dos produtores. "As empresas rurais não procuram se atualizar e ir em busca de soluções que tragam resultados positivos para maximizar os lucros", completa.

Aspectos Técnicos

Apenas 22% dos leitores que responderam à enquete optaram pelos aspectos técnicos como principal fator limitante numa fazenda leiteira. Dentre eles, estão Guilherme Alves de Mello Franco, produtor em Juiz de Fora (MG), Ângela Moloni, da Sani Química, Ronald Dias Troccoli, da Lagoa da Serra, Erwin Kreber, da Havero Hoogwegt, Marcos Dornelas, zootecnista, e Francisco Carlos Ortiz Filho, médico veterinário no Rio Grande do Sul.

Guilherme Alves de Mello Franco acredita que a falta de técnicas de manejo do gado leiteiro atrasa muito o desenvolvimento da propriedade, seja no campo da evolução do rebanho, seja no da produção de leite de qualidade. Ângela Moloni diz que falta preocupação com a sanidade nos plantéis, e que a consciência dessa necessidade precisa ser incorporada pelos trabalhadores rurais.

Marcos Dornelas acredita que o baixo conhecimento técnico-produtivo por parte dos produtores de leite é uma forte limitação, principalmente para a melhoria de sua condição econômica e social. A pouca capacitação técnica, segundo ele, leva ao não uso de ferramentas gerenciais, trazendo conseqüências danosas à atividade.

Evento abordará gestão de fazendas

Entre os dias 24 e 26 de agosto, a AgriPoint, que possui o site MilkPoint, realizará em Uberlândia o evento AgriPoint Gestão Leite 2006, cujo objetivo é trazer conhecimentos de gestão e de mercado para produtores e técnicos envolvidos com o leite. Clique aqui para ver tudo sobre o evento (www.milkpoint.com.br/gestao).

É importante salientar que a enquete MilkPoint não tem o objetivo de quantificar opiniões com rigor estatístico, apenas mostra a opinião dos leitores sobre determinado assunto.

Equipe MilkPoint
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Guilherme Alves de Mello Franco
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/08/2006

Ao receber o resultado da pesquisa sobre qual o maior entrave na produção láctea brasileira, fiquei impressionado com a distância entre os dois pontos considerados. A mim, que fiquei no aspecto técnico (menos votado), pareceu-me óbvia a solução do questionamento, porque de nada valeria uma boa gerência, sem que se aplicasse os aspectos técnicos avançados. É mais ou menos aquela indagação, que ouvimos desde crianças, de quem nasceu primeiro - o ovo ou a galinha? Explico - jamais poderíamos conceber uma boa gerência, sem que ponha em prática as modernas técnicas para a consecução de um gado leiteiro de escol e uma alta produtividade do rebanho.



O que falta ao empresário rural pátrio (se é que podemos nos qualificar assim) é o preparo profissional para o desempenho dos misteres a que se propõe. Basta olharmos a situação do nosso trabalhador campesino: semi-analfabeto, desnutrido, com aspecto geral pouco desenvolvido, sem carteira de trabalho e previdência social anotada, sem direito algum básico, sem qualidade de vida, eternamente assalariado (quando muito).



Por isso a evasão de mão-de-obra no campo. E o que mais impressiona: o patrão acha vantagem manter o indivíduo nestes patamares de submundo. Como implantar novas tecnologias e, até mesmo, algumas poucas já idosas, como a inseminação artificial, o manejo de pré e pós dip, entre outras aptidões modernas da produção de leite de boa procedência sanitária? Médico Veterinário, então, nem pensar, porque pouco se olha o benefício e muito o gasto.



Somos amadores e pouquíssimos queremos deixar de sê-lo. Não possuímos nutricionistas para o gado, não ofertamos às vacas em lactação suplementos alimentares, mesmo quando a qualidade do pasto cai vertiginosamente, na época da estiagem. Depois, nos impressionamos com uma vaca que produz setenta quilos de leite/dia. Mas esquecemos que seu proprietário é profissional, oferece ao animal tudo o que ele necessita para esta produtividade e nós, não.



Somos amadores: falta-nos não gerência, mas aptidão técnica. E isso é muito mais grave, porque gerência a gente arranja, mas capacidade técnica é processo de longos anos de mudanças radicais nos meios de produção. E, nós, humanos, detestamos mudanças, como as velhas cozinheiras e suas receitas milenares.
Flávio Quintão Mateus
FLÁVIO QUINTÃO MATEUS

MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 02/08/2006

No meu entendimento, os aspectos técnicos e gerenciais se completam. Não se pode dissociá-los. Porém, podemos observar que a negligência no gerenciamento é mais acentuada.



O produtor de leite no Brasil não planeja, não sabe administrar ou gerenciar seu negócio, e utiliza tecnologias de forma segmentada (o que estiver na moda ele faz). Por isso, a baixa rentabilidade na atividade é constante ano após ano.



Essa gestão equivocada, baseada no tradicionalismo que impera no segmento, faz com que o produtor deixe de investir na prevenção, planejando a atividade, para ser obrigado a gastar com o trabalho curativo. Fato que se deve, principalmente, ao produtor não contar com o apoio de profissionais capacitados para assessorá-lo na condução de seu negócio.



O que se tem observado em algumas regiões onde são desenvolvidos programas de assessoria técnica, levando informações aos produtores, produzidas nas melhores instituições de ensino e pesquisa do País, é que a realidade tem mudado. E muito. O melhor exemplo disso é o "Programa de Viabilização de Pequenas Propriedades Leiteiras" iniciado em São Paulo pela equipe do pesquisador Arthur Chinelato, e hoje, acontecendo em outras regiões do País.



Programas como este precisam ser difundidos por todo o país. Porque esta não é somente uma questão econômica. É principalmente social. As famílias dos pequenos produtores estão vendo seus filhos saírem para buscar alternativas de sobrevivência nas cidades. Inchando-as cada vez mais. Fazendo crescer os problemas causados pela super população.



O programa está trazendo de volta para o campo aqueles que de lá saíram. Transformando a atividade leiteira em um negócio viável economicamente para o pequeno produtor. Juntos, estão profissionais autônomos, entidades públicas e privadas, estado e município em parceria, levando informação qualificada e atualizada, transformando uma realidade, viabilizando uma atividade e reinserindo o produtor à sociedade.



Exemplos como este têm de ser seguidos em todos os lugares. Cada um, estado, município, entidades de classe, fornecedores de insumos, compradores de matéria prima têm que dar sua parcela de contribuição para o setor se organizar e crescer. Todos têm a ganhar.
Sergio Ricardo da Silva
SERGIO RICARDO DA SILVA

TOLEDO - PARANÁ - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 01/08/2006

Parabéns pela matéria abordando os aspectos gerenciais.



Temos mais de vinte propriedades sendo gerenciadas com o programa da Cooperlac em parceria com uma ONG francesa. E nesses dois anos de parceria, vimos que quando o produtor de leite consegue visualizar pequenos detalhes com planejamento, ele consegue obter ótimos resultados.



Temos também um produtor pequeno no programa, que iniciou com 40 litros diários, e hoje ele já tem uma produção de mais de 150 litros/dia, com uma média de 16,5 litros/vaca, num espaço de 1,5 alqueire.
Qual a sua dúvida hoje?