Enquete: Custo e qualidade determinam investimentos

Publicado por: MilkPoint

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A enquete realizada entre 18/05/06 e 11/06/06 analisou a opinião dos leitores do MilkPoint sobre o tema: "Qual é o principal determinante hoje para a escolha de um local para a instalação de um laticínio?". Foram dadas seis opções, sendo que mais da metade dos leitores acredita que o principal determinante é ou a qualidade do leite ou o custo de produção. Os resultados podem ser vistos na tabela abaixo:

Figura 1

Custo de produção

Dos 195 leitores que responderam a enquete, 29%, ou 57 leitores optaram pelo custo de produção como sendo o principal fator na escolha de um local para instalar um laticínio. Entre eles, Leomar Martinelli, da Líder Alimentos do Brasil Ltda., Erno Subre, da Embrapa Gado de Corte, os produtores Leonardo Diniz, da Fazenda Marília e Isaac Charles de Souza Alencar, da Fazenda Caraíbas, Wesley Braz Santos, da Italac Alimentos, Fausto Luiz Nolasco Araújo, do Laticínio Damatta, Gustavo Francisco de Carvalho, vice-presidente do Instituto Brasil Pecuária, e José Rocha Pires Velloso, da Iogurte Mami, Júlio César Cardoso, da SNV Negócios de Varejo Ltda, e João Fernando dos Santos, da Vigor.

Para Fausto Luiz Nolasco Araújo, deve-se considerar o custo como fonte essencial de competitividade em qualquer segmento de predução. Segundo ele, fatores determinantes também seriam disponibilidade de mão-de-obra e a facilidade de acesso rodoviário.

De acordo com Luis Alberto Chavez Ayala, de Ponta Grossa (PR), o baixo custo de produção pode garantir no início da instalação um fôlego para a indústria conseguir se colocar no mercado, oferecendo seus produtos a preços mais baixos que os da concorrência.

Para Júlio César Cardoso, com um bom custo de produção pode-se exportar, uma vez que os preços finais serão mais competitivos tanto no mercado externo quanto no interno. Ele acredita que incentivos fiscais tendem a desaparecer com a globalização. "Além disso, já que o Brasil luta na OMC contra subsídios na UE e EUA, deveria, portanto, fazer o dever de casa para poder exigir o mesmo dos concorrentes", sugere. Quanto à exportação, ele complementa, o mercado é muito competitivo e o mercado cativo tende a crescer.

Para João Fernando dos Santos, no custo de produção se projeta a quantidade de leite e baixa concorrência, que nem sempre são sinônimos de menor preço. Além disso, ele acredita que a proximidade do mercado reflete no custo do transporte e que os incentivos fiscais nem sempre são definitivos. Porém, merecem atenção. "Esse conjunto resulta no custo de produção, industrialização e comercialização de produtos", diz ele.

Qualidade do leite

Para 28%, ou seja, 54 pessoas, a quantidade de leite disponível na região é um fator essencial para a escolha do local para a instalação de um laticínio. Entre os leitores que optaram por esse item, estão Carlos Cesar Massambari, da Nutriphos, Walter José Pereira, da Central Mineira de Laticínios Ltda. (CEMIL) e Cooperativa Agropecuária Paraisense Ltda. (Coolapa), Agenor Vilela Domingos dos Santos, da Marajoara Alimentos Ltda., Antônio Julião Bezerra Damasio, diretor-presidente da Cooperativa de Laticínios de Sorocaba, Clodeildes Lima Nunes, da Embrapa Acre, Clemente da Silva, gerente de mercado da Weizur do Brasil, Eduardo Costa Borges, gerente da Borges Leite, João Marcos Guimarães, da Laticínios Serrabella Ltda., Leonardo Ornellas Faquini, gerente de produção da Lìder Alimentos do Brasil Ltda., Luciana Viriato Saboya, da Tetra Pak, Leandro de Souza, dos Laticínios Morrinhos, Eliete Ferreira da Silva Palma e Mello, diretora da Ouro Branco Usina de Beneficiamento e Fábrica de Laticínios, o produtor Martinho Mello de Oliveira, da Fazenda Santa Rita de Cássia, Antônio Carlos de Souza Lima Jr., gerente de qualidade da Leitbom,e Luiz Eduardo Morais, da Danone Ltda.

Para Clemente da Silva, todos os fatores são importantes. Porém, a quantidade de leite existente ou o potencial e o perfil regional para a produção se destacam. Ele acredita que não se pode pensar em instalar um laticínio distante de um centro produtor, pois haveria uma incoerência em termos de custos, a menos que se utilize altas tecnologias. Ele cita a Nestlé, como exemplo, com suas antigas fábricas em regiões em que hoje não existe mais leite suficiente.

Para Leandro de Souza, a proximidade do produtor e da indústria são fatores determinantes e indispensáveis para a cadeia, incluindo o fator "qualidade".

O produtor Martinho Mello de Oliveira acredita que, para um laticínio de escala, não adianta ter custo baixo, ser próximo aos grandes mercados, ter facilidade para exportar, incentivos fiscais e baixa concorrência sem, entretanto, ter uma grande quantidade de leite, para ser viável economicamente.

Na opinião de João Marcos Guimarães, a construção de uma indústria de laticínios requer um estudo aprofundado da bacia leiteira da região. Segundo ele, de nada adianta uma boa estrutura se a bacia leiteira não for suficiente para o seu abastecimento. "Comprar leite a longas distências acarreta em aumento de custo com transporte e até problemas de qualidade por causa da ação de enzimas que deterioram o produto", explica.

Incentivos fiscais

Do total dos leitores que responderam a enquete, 18% optaram pelos incentivos fiscais como fator determinante na implantação de um laticínio. Entre eles, Paulo Roberto Pereira, da Emater-MG, Élio Aparecido Teodoro, da CCL, José Antônio Magalhães de Araújo, da Cooperativa Central de Laticínios da Bahia, Marcelo Pereira de Carvalho, sócio-diretor da AgriPoint, José Antônio Bernardes, da Embaré Indústrias Alimentícias S.A, Lairton Clóvis Rakowski, da Laticínios Morrinhos, e Edilmara Oliveira Claires, da Vida Indústria de Laticínios.

Para Frederico Flauzino, da Gvinah, com os incentivos fiscais consideráveis, se consegue tocar o projeto mesmo com os sobressaltos que a atividade impõe.

Segundo Edilmara Oliveira Claires, a questão do incentivo fiscal é a melhor escolha devido a inúmeras conseqüências positivas que a segue. "Com o incentivo nas taxas, o capital rende mais, podendo ser distribuído em outros setores como o incentivo no pagamento de leite por qualidade", argumenta.

O empresário João Carlos Pribessan diz que todos os itens são importantes, porém, como alguns estados vêm dando incentivos fiscais, contrários a outros, o investimento passa a ser mais viável e interessante.

Proximidade com o mercado interno

A proximidade com o mercado interno foi o fator em que 12% dos leitores votaram. Dentre eles, estão Abieser Knaip Horst, da Fundação IBGE, João Vicente Silveira Pedreira, da DeLaval Ltda., Flávio Biasi Torres de Almeida, do Laticínios De Biasi, e o produtor Jairo Braga da Silva, da Fazenda Santa Amélia.

Para o produtor Jairo Braga da Silva, o mercado interno ainda é o maior consumidor, portanto, fca mais competitivo estar próximo a ele, que representa mais de 90% da comercialização de leite e derivados.

Segundo José Iedo Mota Mendonça, produtor de leite, a proximidade do mercado consumidor é vital para a exploração leiteira. Ele ainda diz que as demais opções são bastante questionáveis, pelo fato de serem superadas através de ações, como a compra de leite em outros locais, dada a falta do produto, implantação de tecnologias que possibilitem menor custo de produção, e um bom marketing no caso da concorrência.

De acordo com o gestor Roberto Trigo Pires de Mesquita, um bom estudo de localização geográfica ajuda muito na demonstração da viabilidade para a instalação de um laticínio, mas obviamente em conjunto com a perfeita avaliação de todas as outras variáveis apontadas. "Todos os fatores citados são fragmentos fundamentais que, juntamente com o estudo de mercado, devem compôr o plano de negócio, a peça chave para a garantia de sucesso", explica.

Baixa concorrência

Apenas 7% dos votos dos leitores optaram pelo fator baixa concorrência. Entre eles, Romy Batista, da Cooperativa dos Produtores de Leite de Leopoldina Ltda., Eli Antônio Schiffler, da Embrapa Pecuária Sudeste e o produtor Olavo Uchoa Lima, de João Pessoa (PB).

Facilidade de exportação

Apenas 4% do total dos leitores votaram na facilidade de exportação como fator determinante na instalação de um laticínio. Entre eles, estão Ivandro Vitor Moter, da Epagri, Celso Victor dos Santos, diretor da Mikro Metais Comercial Ltda., e o produtor Sebastião Ailton Rodrigues, de Goiás.

Para Ivandro Vitor Moter, o gradativo crescimento, e a saturação do mercado interno próximo à região Oeste-catarinense, estão relacionados à facilidade de exportar para o mercado internacional.

Júlio Eduardo Ogando Oliveira diz que todas as outras variáveis são importantes, mas, levando em conta a auto-suficiência que o setor chegou, a facilidade de exportação deixaria esse segmento mais competitivo, podendo quebrar as outras variáveis citadas na enquete. Ele acredita que chegou a hora de o setor ser mais ousado e traçar novos planos estratégicos para a cadeia láctea.

É importante salientar que a enquete MilkPoint não tem o objetivo de quantificar opiniões com rigor estatístico, apenas mostra a opinião dos leitores sobre determinado assunto.


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