Atualmente, as transformações e os fluxos de novas informações estão cada vez mais rápidas e intensas. Estamos vivendo em um mundo de grandes mudanças que acontecem diariamente. Neste cenário, hoje (08/10), trouxemos essa discussão em nosso primeiro encontro do MilkPoint Experts: Feras da consultoria. Para isso, contamos com palestras ministradas por Marcelo Carvalho, Clovis Correa e João Ricardo Alves.
Em sua palestra sobre o assunto, Marcelo Pereira de Carvalho, CEO da AgriPoint, ressaltou que “o conhecimento disponível cresce exponencialmente.” Por outro lado, ponderou que “a capacidade de aprender não cresce à mesma velocidade.” Este cenário, de acordo com ele, resulta nos chamados nichos de conhecimentos.
Ainda segundo Marcelo, hoje estamos “em um mundo muito menos previsível, e preto no branco do que era no passado.” Por isso, conforme Carvalho, os “melhores empregos hoje estão com pessoas que sabem resolver problemas inesperados.” Nesse contexto, as empresas estão cada vez mais trabalhando com soft kills do que com conhecimentos específicos.
Carvalho trouxe pontos como o novo paradigma do aprendizado, ressaltando que “mais do que estoque de conhecimento, o que importa é fluxo de conhecimento” e que “não adianta ter as respostas, mas sim entender as perguntas.”
Sobre a especialização extrema, Marcelo apontou que isso acaba criando áreas que não se comunicam com as demais, reforçando que é necessária uma visão holística do sistema. “Se formos analisarmos a produção de alimentos, ela precisa de uma visão holística.”
Neste contexto, Clovis Eduardo Sidnei Correa, Diretor na Rehagro, trouxe a palestra: entender muito de uma coisa ou um pouco de tudo? “Estamos em um cenário de mudanças intensas e rápidas. Você vai ter que se transformar várias vezes profissionalmente,” disse Clovis logo no início de sua apresentação.
Ao longo de sua palestra, Clovis traçou um paralelo e expôs dados sobre os pequenos, médios e grandes produtores de leite do Brasil, em termos de itens como o volume de produção de leite e acesso ao conhecimento. Em relação aos menores, Correa questionou: como fomentar o pequeno produtor com baixo recurso disponível?
Para ele, esse desafio “será resolvido por generalistas, por técnicos que entendem da pecuária de leite como um todo, que são capazes de entender o negócio do cliente e transformá-lo a partir de uma atuação sistêmica.”
Olhando para o cenário dos médios e grandes produtores, na sua opinião, a cadeia leiteira ainda demanda muitas evoluções básicas. Deste modo, questionou: essa evolução será promovida por especialistas ou generalistas?
Em sua opinião, essa demanda novamente é por técnicos generalistas. “Acredito que o que vai transformar o sistema de produção brasileiro é o técnico que é capaz de olhar o business do cliente. É capaz de entender a dor e atuar sobre ela de maneira ampla.”
Neste cenário de grandes mudanças, João Ricardo Alves Pereira, Professor Adjunto na Universidade Estadual de Ponta Grossa, abordou o que mudou na consultoria das fazendas de leite nos últimos 20 anos, bem como os desafios e oportunidades existentes.
De acordo com João Ricardo, “o leite cresceu 80% nos últimos 20 anos. Esse crescimento intenso e rápido do leite foi muito positivo.” Neste cenário, surgiram novos problemas que geraram novas demandas no campo, como a migração para os sistemas de produção intensivos.
Para Pereira, a grande revolução se deve as ferramentas de gestão que ficaram “mais acessíveis e amigáveis,” apontou. “Essas ferramentas foram o divisor de águas para as atividades de consultoria melhores e mais eficientes.”
O professor também ressaltou que as informações então mais acessíveis. Contudo, ponderou que o maior acesso a elas também “trouxe uma série de desinformações e informações inúteis.”
Sobre as novas oportunidades, João Ricardo apontou que: teremos menos propriedades, porém maiores e muito mais tecnificadas; gestão de RH dentro da fazenda é fundamental; assistência a grupo de produtores; consultor generalista e especialista, e gestão total da fazenda. Em relação aos desafios, o professor destacou que as universidades precisam urgente se adequar a demanda para formar novos consultores.
Ao final das palestras, tivemos um bate-papo enriquecedor sobre a consultoria na pecuária de leite com a presença de todos os palestrantes e com os convidados Malu Bustamante da Fazenda Açores São Judas Tadeu e Ricardo Godinho da Fazenda Tucaninha, moderado por André Luiz Novo da Embrapa Pecuária Sudeste.
No início do debate, Malu disse que busca sempre a consultoria técnica, destacando ser “altamente relevante.” Contudo, ponderou que o consultor precisa “conhecer o tamanho da propriedade” para propor soluções que vão de encontro com a realidade da fazenda.
Na mesma linha de raciocínio, Ricardo também ressaltou que o consultor deve captar a demanda de cada propriedade. Para esse entendimento, enfatizou que “um bom consultor não é aquele que dá as melhores respostas, mas aquele que faz as melhores perguntas. É o que está faltando hoje.”
Concordando com esse pensamento, Clovis salientou que “a certeza é a maior armadilha. Nós vamos cometer grandes erros quando temos muitas certezas. Saber ouvir é fundamental.” Ou seja, os consultores precisam escutar e entender a necessidade de cada propriedade para ter as “melhores certezas,” não ao contrário.
Para isso, durante o debate foi destacado a importância do contato do consultor com o dia a dia das fazendas, ainda durante a universidade. Neste sentindo, para André Luiz muitos estudantes “não estão tendo essa oportunidade.”
Fomentando o assunto, João ressaltou que é preciso “reinventar as universidades urgente. Entender que elas são prestadoras de serviço. Colocar esse pessoal [os estudantes] no campo.” Dessa forma, segundo ele, é possível “um treinamento de leitura das propriedades.”
Marcelo Carvalho reiterou que é preciso entender como é cada produtor e qual é o jeito de sensibilizá-lo. “Existe a questão de cada produtor é de um jeito, não é uma ciência exata, a meu ver.”
Realmente, o primeiro painel do Feras da Consultoria fomentou um assunto pertinente e que precisa ser pensada para o futuro e presente das realidades das fazendas leiteiras no Brasil e no mundo.
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E vocês, pessoal? O que acreditam ser mais importante: o conhecimento generalista ou o especialista? O que esperam de seus consultores e julgam ser essencial? Deixe sua opinião aqui nos comentários!