A eliminação das barreiras tarifárias, estabelecidas no Tratado Comercial com a América do Norte, a partir de 2003, poderá propiciar o desaparecimento de 50% dos produtores de leite do México, segundo expôs o Conselho para o Fomento da Qualidade do Leite e seus Derivados (Confocalec). O diretor geral da Confocalec, Sergio Soltero Gardea, disse que "aqueles produtores que têm menos de 20 vacas e que ordenham manualmente, têm um risco muito grande de desaparecer".

Gardea considerou que somente 50% dos 15 mil produtores de leite do México têm contratos estabelecidos com a indústria de lácteos, têm melhorado seus processos produtivos e elevado a qualidade de seus produtos, sendo estes os únicos que poderão resistir à competição internacional. Ele disse também que aqueles produtores que têm contratos com grandes companhias de lácteos do país - Lechera Guadalajara, Nestlé, Sello Rojo, 19 Hermanos, Leche más Leche, Sigma Alimentos, Prolassa, La Pureza, Lala Canilec e La Concórdia - serão os mais beneficiados.

Graças aos esforços dos produtores e empresas lácteas, "atualmente 80% do leite produzido no México é comercializado resfriado. Há algum tempo, esta mesma porcentagem era comercializada sem resfriamento, o que representa um menor preço e uma menor vida do produto", disse Gardea.

Gardea disse que a competição com países como os Estados Unidos e a França se tornará bastante difícil para o México. Ele explicou que, para evitar que o número de produtores de leite afetados fosse ainda maior no México, o país vem trabalhando em um programa de venda de excedentes de leite via Liconsa - empresa governamental que distribui leite à população infantil carente -, para estabilizar o preço do produto.

Segundo ele, esse programa começou a operar na região de Los Altos, Jalisco, a fim de absorver esse excedente e estabilizar o preço pago ao produtor de leite mexicano, além de eliminar a participação de intermediários. O objetivo do programa da Liconsa é estabilizar o preço do leite ao produtor, "já que, geralmente, na época da seca, há um aumento da produção e uma redução no consumo, gerando um excedente de 10 a 15%. Esse excedente é o que provoca uma distorção no mercado de leite porque o preço que se paga ao produtor cai muito, embora não haja alteração no preço do produto ao consumidor".

Gardea disse que, a nível nacional, existe um déficit de leite no México, mas, em algumas regiões do país, existem excedentes. Um exemplo disso é a região de Los Altos, Jalisco, onde diariamente são produzidos 4,5 milhões de litros de leite, que têm que ser comercializados. "Os produtores de leite do México somente poderão competir a nível internacional através do melhoramento da higiene das instalações, aumentando a sanidade dos animais, obtendo um produto com padrões internacionais de qualidade".

Fonte: Notimex, adaptado por Equipe MilkPoint