Com o aumento de até 10% na produção, previsto para esse ano (clique aqui para ver notícia relacionada), e com o aumento de 12% nas exportações no primeiro semestre, atingindo o recorde de 148.000 toneladas e US$ 337 milhões (acréscimo de 17,5% em base anual), a Argentina já é um participante importante no mercado internacional, com exportações consistentes para EUA, México, Venezuela, Argélia, Brasil e Rússia. Para a totalidade do ano, a expectativa é de uma produção de 10,5 bilhões de kg, com 2,5 bilhões sendo exportados.
Segundo informações da Dairy Australia, com dados da ABS (Australian Bureau of Statistics), em 2004, a Argentina foi responsável por 4% do volume exportado no mundo.
Gráfico 1. Participação dos principais países exportadores de leite em 2004.

Fonte: Dairy Australia e ABS
Para Rodrigo Alvim, presidente da Comissão de Pecuária de Leite da CNA, a redução das taxas não vai afetar os preços internacionais porque a Argentina não exporta uma quantidade tão significativa, em relação aos principais países exportadores. Alvim diz que, mesmo a Nova Zelândia sendo o maior exportador do mundo, quem define os preços do mercado internacional é a União Européia, com todo o subsídio existente no bloco.
Outros argumentos de agentes de mercado correspondentes do Dairy Outlook concordam. Segundo eles, os preços internacionais só se reduziriam se a quantidade exportada aumentasse com a demanda externa permanecendo estável. E a Argentina, por enquanto, não seria capaz de ofertar em quantidade suficiente para mudar o quadro externo.
Os que argumentam que pode haver impacto, o fazem baseado no fato da Argentina contar com muitas fábricas em operação, várias delas somente para leite em pó. Também, a produção atinge seu pico anual em outubro e os preços estão competitivos: cerca de R$ 0,17 a 0,18/litro de leite, abaixo os preços externos. Por outro lado, a inflação de 9% ao ano, com pouco aumento do preço do leite em dólar, diminui a atratividade das exportações. Também, o aumento do consumo doméstico, em especial de produtos de valor agregado, diminui a atratividade das exportações.
Influência no mercado brasileiro
Tendo em foco o mercado brasileiro, Alvim acredita que a redução das taxas torna o país vizinho mais competitivo, o que é preocupante para os produtores. O Brasil está atrás de implementação de políticas públicas e sobretudo de apoio à comercialização interna, que poderia melhorar a competitividade, mas ainda não conseguiu.
Porém, para ele, o país não precisa importar leite, pois o preço que está se pagando pela matéria-prima internamente dá à indústria competitividade suficiente para abastecer o mercado nacional sem ter a necessidade de importar.
Além disso, a situação brasileira de competitividade se complica pelo fato de, além da redução das tarifas à exportação da Argentina, há a desvalorização do dólar no Brasil, preso em cerca de R$ 2,15, na opinião de Alvim.
Em 2006, as importações de origem argentina, de janeiro a agosto, foram as maiores desde 2003, mas ficaram quatro vezes menores que as compras no mesmo período de 2000, em volume.
Gráfico 2. Importações brasileiras da Argentina em volume, de janeiro a agosto.

Fonte: Secex
Elaboração: Equipe MilkPoint
Equipe MilkPoint.