Educampo mostra dados econômicos de fazendas assistidas

Publicado por: MilkPoint

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Na terça-feira da semana passada (23/08), cerca de 120 pessoas participaram de um evento com a participação do engenheiro agrônomo Chris Murphy, gerente dos programas de extensão da Dairy Australia (leia entrevista inédita com Murphy clicando aqui) e do professor Sebastião Teixeira Gomes, da UFV e consultor do programa Educampo, do Sebrae/MG.

Além dos dois palestrantes, participaram da mesa redonda Rodrigo Alvim, presidente da Comissão de Pecuária de Leite da CNA, Airdem Gonçalves, pesquisador da Embrapa Gado de Leite, Celso Moreira, presidente do Silemg e Ricardo Cotta Ferreira, do MAPA.

Na abertura, Gilman Viana Rodrigues, presidente da Faemg, disse que a sociedade do conhecimento é uma realidade e não haverá espaço para quem não se atualizar e não buscar informações relevantes para seu negócio. Gilman apontou ainda a importância de se juntar produtor e indústria para discutir o futuro, visando o crescimento econômico. "Divergências sempre existirão, mas não conflitos", sintetizou.

Sebastião Teixeira Gomes mostrou dados que indicam que o Brasil poderá ser, em breve, o segundo maior produtor de leite (de vaca), ficando atrás apenas dos Estados Unidos. "Dos grandes produtores, o Brasil é o cresce a taxas mais altas", disse. Além disso, a produtividade brasileira por vaca e por área é bastante baixa, o que sugere que existe espaço para o Brasil crescer sem novas áreas e sem incorporação de mais animais. Sebastião mostrou ainda que, apesar de baixa, a produtividade por vaca está crescendo mais no Brasil do que nos demais países líderes na produção de leite: 4% ao ano, contra 1,5% nos EUA, 1,2% na Alemanha e na França e menos de 0,5% na Índia. Apenas a Rússia, com crescimento na casa dos 4% ao ano, se equipara ao crescimento brasileiro.

Utilizando dados da FNP, Sebastião citou que a informalidade não é tão alta quanto se assume que seja. Em função do chamado auto-consumo, o leite informal efetivamente comercializado é pouco superior a 20%.

Ele ainda mostrou que, de 1993 até 2004, a produção de leite inspecionado tem crescido mais na entressafra do que na safra, em valores porcentuais. Enquanto em julho, agosto e setembro o crescimento tem atingido quase 4,5% por ano, nos meses de verão tem sido na casa de 3,5% ao ano. Sebastião mostrou ainda que o consumo per capita (medido a partir da disponibilidade per capita), considerando-se o período de 1995 a 2004, tem se mantido estagnado, embora nos últimos 4 anos tenha crescido 1,1%.

Educampo

Ele mostrou também os dados do Educampo em Minas Gerais. São 630 produtores e 35 técnicos, com média de 18 fazendas por técnico. Em uma pesquisa com 296 produtores do Educampo, foram constatados os seguintes números: 170 ha utilizados para pecuária, 66 vacas em lactação, 70% de vacas em lactação, R$ 598 mil investidos em animais, benfeitorias, maquinário e terra. "Com esses números, é difícil ter alta remuneração do capital investido", diz Sebastião. O produtor médio do Educampo MG produz 653 litros/dia, com média de 9,89 litros/vaca/dia, além de 1.398 litros/ha/ano. A mão-de-obra representa 12% do valor da produção de leite e o concentrado 28,3%.

No período analisado (06/2004 a 05/2005) o preço médio recebido foi de R$ 0,5868/litro e o custo total de R$ 0,5058/litro. O custo operacional total foi de R$ 0,4485/litro e o custo operacional efetivo (desembolso) foi de R$ 0,3807 por litro. Outro dados financeiros estão na tabela abaixo:

Figura 1

A taxa de remuneração do capital incluindo terra foi de 5,36% ao ano e, sem terra, 12,85%. A título de comparação, a remuneração média dos produtores australianos tem sido de 0,7% ao ano, segundo Chris Murphy. Segundo os dados apresentados pelo Prof. Sebastião, é possível atingir 14% ao ano, se forem consideradas as melhores fazendas do sistema. "Para isso, é preciso aumentar a produção por área, para pelo menos 7.600 kg/ha/ano, e manter o capital investido em um nível máximo de R$ 380/litro/dia", exemplifica.

Fonte: Equipe MilkPoint
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