Dúvidas cercam mercado de leite no país
"O fundo do poço tem porão". É com essa frase que Jorge Rubez, presidente da Leite Brasil (que reúne produtores de leite), revela sua expectativa para o começo deste ano no mercado de leite, segmento que está sob pressão por conta da oferta superior à demanda e sobre o qual também pairam incertezas diante da crise financeira internacional. Rubez espera alguma melhora a partir do fim deste mês porque, diz ele, com os atuais preços "os produtores não conseguem produzir" já que os custos são superiores.
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Rubez espera alguma melhora a partir do fim deste mês porque, diz ele, com os atuais preços "os produtores não conseguem produzir" já que os custos são superiores. "Ninguém consegue tirar leite a menos de R$ 0,70", diz. Pelo levantamento da Leite Brasil, a cotação média do leite paga ao produtor em São Paulo em dezembro ficou entre R$ 0,55 e R$ 0,56 por litro.
Gustavo Beduschi, pesquisador do Cepea/USP, afirma que no curtíssimo prazo "não há fôlego" para alta. Em plena safra, diz, vai predominar a estabilidade ou algum reajuste para baixo. Pensando um pouco mais à frente ele não vê, porém, muito espaço para o preço cair. A razão é que o ritmo de crescimento da produção de leite no Brasil vem diminuindo desde o segundo semestre de 2008.
Enquanto no primeiro semestre do ano passado, o Índice de Captação de Leite do Cepea (ICAP-L) aumentou 23,62% sobre o mesmo período de 2007, entre julho e novembro de 2008 a alta foi de apenas 0,59% ante igual intervalo do ano anterior, segundo Beduschi. De janeiro a novembro de 2008, o índice subiu 12% comparado ao mesmo período de 2007.
Preocupado com a oferta excessiva, o governo lançou medidas para apoiar a comercialização de leite. Fará leilões quinzenais, a partir de 13 de janeiro, de Prêmio de Escoamento de Produto (Pep), para escoar a produção de leite. O preço de referência (para efeito de comprovação do escoamento) será de R$ 0,47 por litro de leite nas regiões Sul e Sudeste. No Centro-Oeste, o preço mínimo será R$ 0,45 por litro, exceto Mato Grosso, onde será de R$ 0,41.
O governo também vai disponibilizar uma Linha Especial de Crédito (Lec) para financiar a estocagem de produtos lácteos pela indústria e garantir melhores preços na comercialização. A Lec terá limite de R$ 15 milhões e poderá ser contratada até junho de 2009.
Como as exportações de lácteos, que também perderam fôlego, respondem por só 3% do total produzido no país, o setor está de olho no mercado interno. A grande dúvida, diz Rubez, é o tamanho do impacto da crise na economia brasileira e, por tabela, no consumo no país.
A matéria é de Alda do Amaral Rocha, publicada no jornal Valor Econômico, adaptada e resumida pela Equipe MilkPoint.
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OLARIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 16/01/2009
Para pecuária leiteira, será esta a política agrícola do governo?

PATROCÍNIO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 07/01/2009
Com excesso de estoques mundiais, diminuição do consumo e aumento nos custos de produção, estamos hoje produzindo com prejuízo de R$0,16 por litro. Se no fim do túnel existe um porão, este está cheio de lama. Com a ajuda do governo às indústrias, com certeza esses estoques no futuro serão usados como reguladores de preços que serão prejudiciais ao produtor. Quando houver uma recuperação de preço, que deve acontecer daqui a uns dois anos, por falta de leite - pois muitos produtores estão sendo obrigado a venderem suas matrizes de baixa produção na tentativa de se manterem na atividade, e muitos outros estão usando touros de raças zebuínas de corte em seus rebanhos - existirão menos matrizes produzindo e menor produção.
Não se fala mais em negócios da China, um mercado mais acessível aos países da Oceania. Se o mercado está globalizado, os preços não. Enquanto recebemos R$0,56 por um litro de leite com 3,80% de gordura, nos supermercados de Chicago, Illinois USA, o consumidor paga por um galão "3.780 ml", U$3,99, ou seja, R$2,63 por um litro de leite com 2% de gordura "reduced fat". Ao que me parece, se o mercado é globalizado, a crise e a exploração das multinacionais aos produtores do setor primário também são. Só não sei até quando o produtor brasileiro vai conseguir sobreviver aos equívocos dos donos do mercado e da falta de visão de nossos governantes.
L. Aguiar

CARMO DO RIO CLARO - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
EM 07/01/2009
Só que o produtor pode não querer ir para o porão, o clima no campo está péssimo, não temos mais espaço para economizar, fizemos tudo e estamos no limite; agora, qualquer estratégia vai mexer com final da cadeia dos animais e isto vai refletir daqui alguns meses.
Imagino que o recuo de produção vai ser natural, pois existem vários produtores que estão secando vacas que poderiam ficar em lactação mais 30-40 dias. Apesar que acho que esta alternativa seja para alguns a melhor solução. Vamos ver até onde aguentamos.
Régis José de Carvalho
Med.Veterinário - produtor
CAÇU - GOIÁS
EM 07/01/2009
Há alguns anos a mesma Parmalat atrasou e muito o pagamento aos seus fornecedores. Agora a história volta a se repetir e o produtor mais uma vez paga o pato. Não só o produtor, as empresas que venderam insumos a fornecedores da Parmalat, os técnicos que prestaram serviço a fornecedores da Parmalat, ninguém recebeu.
Trabalhar nesse país é fogo!