Desentendimentos adiam negociações da Parmalat

Um desentendimento de última hora com seus credores financeiros impediu mais uma vez o acordo de venda da Parmalat. Após mais de seis horas de discussão, os credores suspenderam ontem a assembléia em que aprovariam ou rejeitariam a venda da Parmalat para o consórcio formado pelo fundo de investimentos Latin America Equity Partners (Laep) e pela Perdigão. A reunião será retomada hoje.

Há dois pontos principais de atrito. Um diz respeito à introdução de uma cláusula no plano de recuperação judicial da Parmalat, assegurando que os bancos, cujos créditos têm garantia da matriz italiana, não perderão o direito de recebê-los após o pagamento das dívidas da subsidiária brasileira.

O outro foco de conflito foram dúvidas sobre o direito de a Batávia usar a marca Parmalat após ser vendida para a Perdigão. Atualmente, a Batávia produz os iogurtes com a marca Parmalat, que utiliza por conta de uma liminar. "O licenciamento da marca para a Batávia é um assunto entre a Perdigão e a Parmalat, mas os credores não vão aprovar o plano sem que isso esteja resolvido. É o dinheiro da venda da Batávia que vai pagá-los", disse o advogado de um banco.
A Perdigão não quis comentar o assunto. O acordo já prevê o uso da marca Parmalat pelo Laep.

O sócio do Laep, Marcus Elias, disse que poderão ser vendidas posteriormente a unidade da Parmalat em Garanhuns, onde são produzidos lácteos e refrigerados, e a área de biscoitos, a preços mínimos de R$ 32 milhões e R$ 30 milhões, respectivamente. A própria Perdigão deverá adquirir os ativos e o dinheiro será usado no capital de giro da Parmalat. Elias disse também que o Laep deverá fazer um aporte adicional na Parmalat, mas o valor ainda não está definido. As informações são de reportagem de Talita Moreira para o jornal Valor.