Demanda mundial de lácteos ultrapassa oferta

Os preços mundiais dos produtos lácteos estão aumentando a uma taxa muito rápida e não deverão cair em breve devido à crescente demanda na China e na América Latina, e da menor oferta, informou reportagem do Bloomberg.

Os produtores de leite não têm conseguido manter o ritmo do aumento de 3% no consumo anual de leite, de acordo com o Rabobank. Os subsídios mais baixos eliminaram o excedente de leite na Europa e desaceleraram o crescimento na produção dos Estados Unidos, segundo mostram dados do Governo. Este cenário teve início no ano passado, após a Austrália reduzir suas exportações devido à pior seca do país em um século.

"Durante os próximos vários meses, deveremos ver fortes preços do leite", disse o economista e especialista em lácteos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), Larry Salathe. A produção necessária para reduzir os preços "leva vários meses, normalmente de um a dois anos, para vir".

O leite em pó desnatado, referência para o comércio mundial, aumentou em 60% nos últimos seis meses, para um recorde de US$ 3,48 o quilo em quatro de maio no Chicago Mercantile Exchange (CME), sete vezes mais alto do que a média dos últimos cinco anos. Durante os primeiros cinco meses do ano passado, os preços caíram 14%.

Os futuros de leite fluido na bolsa avançaram para um recorde de US$ 19,15 em 3 de maio e aumentaram 63% no último ano. Empresas como Hershey's e Dean Foods Co. - maior processadora de lácteos do país - disseram que os maiores custos dos lácteos prejudicarão os lucros. Também a empresa Domino's Pizza Inc. disse que gastará mais com queijos, que representa 30% dos custos de cada pizza.

O aumento nos preços deste ano é diferente dos aumentos dos anos anteriores porque os excedentes governamentais não estão mais disponíveis nos países produtores de leite, como os EUA, maior exportador de leite em pó, e UE, maior exportadora de queijos.

Os estoques de manteiga, queijos e leite em pó dos EUA atingiram seu pico de mais de 1,225 bilhão de quilos em 1983. O Governo gastou naquele ano US$ 2,5 bilhões nos produtos lácteos excedentes para dar suporte aos preços e ao rendimento dos produtores. Atualmente, os EUA não têm excedentes após vender 12,247 milhões de quilos que mantinham em 2005, segundo dados do USDA.

Os depósitos europeus, que tinham 220 mil toneladas de leite em pó em 2003, estão vazios, de acordo com o especialista em lácteos da agência ZMP, Erhard Richarts.