Demanda derrapa e leite recua no exterior

Os preços do leite no mercado internacional desandaram e voltaram a patamares que analistas do setor acreditavam ser coisa do passado. O produto em pó integral, que chegou a alcançar US$ 5.500 por tonelada em meados de 2007, aguçando o apetite dos exportadores brasileiros, caiu para a casa dos US$ 2.500 no mercado da Europa, sentindo os efeitos da crise financeira internacional e também de uma maior oferta no mundo.

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Os preços do leite no mercado internacional desandaram e voltaram a patamares que analistas do setor acreditavam ser coisa do passado. O produto em pó integral, que chegou a alcançar US$ 5.500 por tonelada em meados de 2007, aguçando o apetite dos exportadores brasileiros, caiu para a casa dos US$ 2.500 no mercado da Europa, sentindo os efeitos da crise financeira internacional e também de uma maior oferta no mundo. O início da queda dos preços, apurados pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), foi na semana 31 do ano, isto é, no mês de agosto passado.

Para Laércio Barbosa, diretor do Laticínios Jussara, a correção dos preços já vinha ocorrendo, resultado de uma maior oferta de leite sobretudo nos EUA e na Austrália. Com a crise financeira, veio a pressão sobre as commodities, o que afeta também o leite, diz.

"Está todo mundo assustado [com a crise] e por isso pára de comprar", afirma Jacques Gontijo, presidente da Itambé, uma das maiores exportadoras de leite em pó do país. Segundo ele, em novembro, a empresa exportou 2 mil toneladas, bem abaixo das 4 mil a 5 mil toneladas que vende ao exterior mensalmente. A principal razão para a redução é que os contratos da cooperativa com o governo da Venezuela, principal cliente do leite em pó brasileiro atualmente, terminaram em outubro. Agora, a Itambé vai negociar novos contratos para o próximo ano com o país, que já sofre os efeitos da queda dos preços internacionais do petróleo.

Gontijo não acredita que a demanda por lácteos será afetada pela crise e espera que oferta e o consumo mundial se reequilibrem no ano que vem. Em 2007, a demanda estava crescendo entre 4% e 5% e a produção, a 2%, afirma, o que acabou gerando a explosão de preços e o aumento da oferta no mundo. Além da oferta maior de leite, outro fator de desequilíbrio atualmente foi a volta da neozelandesa Fonterra ao mercado da América Latina e África, segundo Gontijo.

A gigante neozelandesa, que vinha apostando na Ásia, criou, há cerca de seis meses, um sistema de leilões mensais (lei matéria relacionada) que acabou virando uma referência para os preços futuros do leite. Os importadores acabam aguardando os resultados dos preços nos leilões para negociar a cotação do mês seguinte.

Alfredo de Goeye, presidente da Serlac, avalia que a demanda por lácteos deve continuar, mas ele admite que as exportações da trading podem cair para US$ 200 milhões em 2009 - neste ano deve fechar em US$ 230 milhões. Até novembro, foram US$ 208 milhões, com menor ritmo de vendas em novembro, segundo ele. Uma das incertezas para o Brasil é a Venezuela, especialmente. "Se o governo [da Venezuela] tiver menos recursos para gastar ano que vem, [a compra] vai depender da vontade governamental", reconhece de Goeye.

Se o próximo ano ainda é uma incógnita para as exportações brasileiras de lácteos, como diz Rodrigo Alvim, presidente da Comissão Nacional da Pecuária de Leite da Confederação de Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), 2008 já está garantido. Segundo ele, as vendas externas alcançaram o equivalente a 1 bilhão de litros entre janeiro e outubro, contra 600 milhões em todo o ano passado. O valor exportado até outubro - US$ 459 milhões - é recorde. Em todo o ano de 2007 foram US$ 299 milhões, informa Alvim.

A matéria é de Alda do Amaral Rocha, publicada no jornal Valor Econômico, adaptada e resumida pela Equipe MilkPoint.
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