Debate discute gargalos do leite no Paraná
Publicado por: MilkPoint
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Ronei Volpi, presidente do Conseleite e superintendente do Senar no Paraná, mostrou que a produção vem crescendo mais do que o consumo de leite no estado, gerando superávit. Na verdade, segundo ele, isso vale não apenas para o Paraná, mas para todo o Brasil. Considerando o crescimento do consumo de 0,9% ao ano e 3,8% ao ano para a produção, Volpi mostrou que, em 5 anos, o Brasil poderá ter um superávit de mais de 4 bilhões de litros, que precisariam ser exportados.
Ao apontar os gargalos para o Paraná, ele apontou o parque industrial, que não está totalmente preparado para produzir produtos de exportação em larga escala, especialmente leite condensado, leite em pó e leite evaporado. "Cerca de 72% da produção paranaense é convertida em leites fluidos, contra 35% da média nacional", afirma ele.
José Antônio Fay, diretor geral da Batávia, ponderou que o principal problema hoje reside na falta de informação consolidada sobre o mercado de leite. Segundo Fay, não é a falta de informação que trará vantagem competitiva às empresas, mas sim a habilidade em gerenciar a informação disponível, uma vez que nenhum agente sozinho irá alterar o mercado. "Não temos hoje como dizer qual será o volume de leite produzido em dezembro, por exemplo", afirma. Segundo ele, a demanda é relativamente fácil de ser prevista, porque varia pouco na maior parte das categorias, mas a oferta tem sido imprevisível. Além disso, a demanda tem sido acompanhada por empresas e institutos de pesquisa, como a ACNielsen e o Latin Panel, o que já não ocorre com a oferta.
Sobre previsões de mercado, Fay acredita que até o final do ano o setor passará por dificuldades, mas que não é possível prever com precisão o cenário, dadas as incertezas e a falta de informação. "O mercado de alimentos cresceu 4,5% no primeiro semestre, mas a produção de leite cresceu mais do que isso, cerca de 10%, segundo as informações disponíveis," explicou. Fay ainda apontou como gargalos do mercado interno a questão da qualidade e os custos logísticos.
Wilson Thiesen, presidente do Sindileite-PR, lembrou que um importante gargalo está na qualidade do leite e nas fraudes. "Como competir com quem não opera segundo as regras vigentes?", perguntou. Ele listou também o fato de produtores e indústrias serem muito pulverizados, em contrapartida às redes de varejo, que são concentradas e utilizam muitas vezes de práticas desleais de comércio.
O problema entre estados da federação também foi abordado. "Fala-se muito em guerra fiscal, mas a guerra comercial entre estados é igualmente danosa", lembrou. "Quando é preciso queimar produto com preços baixos, ninguém o faz em seu território, mas sim no mercado do outro, o que contribui para que o mercado como um todo seja prejudicado", explica. Sobre marketing institucional, Thiesen reconhece a importância e diz que há 30 anos se fala no assunto, mas pouco se fez até agora.
Renato Beleze, presidente da Confepar, enfatizou a necessidade de implantação da IN 51. "A qualidade do nosso leite precisa melhorar para que não tenhamos restrições no mercado externo", colocou. Beleze também criticou a existência de produtores não especializados, que entram no mercado quando o preço está bom, obtendo um leite de má qualidade e criando distúrbios para quem trabalha de forma séria. "Se não houvesse esse produtor, teríamos informações mais confiáveis e preços mais estáveis para toda a cadeia", disse. Segundo ele, o pagamento por qualidade é uma ferramenta importante, pois ao criar um diferencial de preços, estimulará os produtores a entrar na formalidade e melhorar a qualidade, criando um círculo positivo de melhoria.
Mauro Farias, do Pool de Compras ABC, que reúne 470 produtores de leite da Castrolanda e Batavo, disse que, no primeiro semestre, a produção do Pool acompanhou a média nacional de crescimento, com aumento de 11% sobre 2004. "Nesse ano, devemos passar de 200 milhões de litros", informou.
Fonte: Equipe MilkPoint
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